Acho que uma boa parte dos turistas não pesquisa sobre gastronomia antes de fazer uma viagem – geralmente o foco é nos passeios e na hospedagem. Eu, pelo menos, por muito tempo fui assim. Hoje em dia eu costumo dar uma olhada no preço geral da alimentação e às preciosas dicas de onde comer bem, pagando menos, já que todo orçamento de viagem é limitado. Também vejo um ou dois que eu quero ir para experimentar a culinária local ou algo que se destaque.
San Pedro de Atacama, apesar de ser uma cidade bem pequena, tem uma estrutura muito boa para receber os turistas. A quantidade de agências de turismo, hospedagem e restaurantes nesse lugar é muito grande – o que pode ser ótimo por você ter várias opções, mas também difícil se você for do signo de virgem para escolher.
A boa notícia, no caso da gastronomia, é que você não precisa fechar um pacote para desconto, como nas agências de turismo, ou escolher um lugar definitivo e com antecedência, como nas reservas de hospedagem. Dá para comer cada dia em um lugar! A má notícia é que não achei as opções da cidade muito baratas. Encontrei um grupo de meninas brasileiras que disse estar comprando frango assado com batata todos os dias porque ficava mais em conta. Todos. Os. Dias. Bom, cada um sabe de seu estômago (e de seu orçamento).
San Pedro de Atacama é uma dessas cidades em que os funcionários ficam na porta dos restaurantes chamando os turistas para conhecer o cardápio, principalmente a noite, quando todo mundo voltou dos passeios e precisa mesmo sair para comer. Mas não vá entrando na primeira opção que você encontrar – a não ser que você esteja morrendo de fome e não consiga dar mais dez passos sem cair chão em movimentos agonizantes.
Uma estratégia adotada por quase todos os restaurantes da cidade é o Menu del Día, que conta com combos pré-definidos. Esse esquema é bom para os restaurantes porque eles podem agilizar a produção e vender mais pratos com determinados ingredientes disponíveis no momento. Mas também é ótimo para o turista, já que fica mais barato do que escolher um dos itens do cardápio ou pedir entrada, prato principal, bebida e sobremesa separados. Mas tem algumas dicas importantes de se levar em consideração.
O menu do dia é sempre colocado na porta dos restaurantes. A primeira coisa que chama a atenção é, obviamente, o preço. Mas é importante estar atento ao que está incluso. A maioria restaurantes têm promoções para entrada e prato principal – quando não tem uma entrada específica, eles servem pelo menos um pãozinho com um tipo de vinagrete ou patê. Outros incluem a sobremesa, sendo que alguns especificam qual será e outros você só vai descobrir se perguntar ou na hora de comer. O que mais varia, entretanto, é a bebida. Em muitos casos você precisa pedir à parte, enquanto outros restaurantes oferecem suco natural ou até uma taça de vinho. É bom ler todas as informações porque, às vezes, a opção é mais barata porque não tem sobremesa e bebida, por exemplo.
Outro detalhe importante é entender o que será servido. A gente chega todo bonitão nesses países achando que vai arrasar no portunhol, mas tem umas palavras que realmente não dá para entender. Acontece de, mesmo perguntando, o funcionário não saber explicar exatamente o que é e o negócio vira um jogo de imagem e ação com mix de portunhol. Em uma das ocasiões, perguntei para a moça do que era o crema de zanahoria e ela me explicou que era um vegetal grande e verde. Era cenoura.
Então vamos ao básico. A entrada é, obviamente, a entrada. Mas tem aí um detalhe: mesmo tendo uma entrada específica no menu do dia, saiba que vai vir antes um couvert que, na prática, é uma pré-entrada. Em todos os lugares que eu comi na cidade, eles serviram um pãozinho (pão de sal, francês, árabe, artesanal, torrada) com vinagrete ou patê. Isso está incluso, não é cobrado na conta. Depois é que vem a entrada em si. Algumas das palavras que eu não sabia ou fiquei na dúvida foram: zanahoria (cenoura), lentejas (lentilhas), choclo (milho), palta (abacate).
O fondo é o prato principal e, para esse, eles dão mais de uma opção. E aí que está o maior truque para escolher um restaurante. Como a cidade é pequena, é tranquilo dar uma volta por três ou quatro ruas para conferir os cardápios e decidir o que você está mais afim de comer no dia. Para citar algumas das opções mais comuns que pode ser difícil identificar com o portunhol: pollo (frango), papas (batatas), lomo (lombo), albondiga (almôndega), chuleta (costeleta).
O postre é a sobremesa. Alguns restaurantes especificam qual é e outros não, só fala que tem. Geralmente são coisas simples, mas doce a gente nunca recusa, não é mesmo? Uma palavra que eu quebrei a cabeça tentando identificar e não conseguia de jeito nenhum foi albahaca (manjericão).
Uma das coisas que eu gostei bastante nos restaurantes da cidade é que o jugo é sempre natural. E a gente aqui no Brasil com tanta fruta e, na maioria dos lugares, só tem laranja ou limão. Ou aqueles sucos de caixinha…
Resumindo, San Pedro de Atacama possui vários bons restaurantes. Não deixe de dar uma volta pela cidade lendo as opções do menu do dia e prestando atenção ao preço, ao que está incluso e ao que te agradaria naquele momento. Não fique com vergonha de perguntar o que é determinado ingrediente que você não consegue traduzir – eles tentam explicar em espanhol, português ou inglês. E lembre-se que também será cobrada a propina (gorjeta) de 10% em cima do valor anunciado. Também é bom prestar atenção porque tem alguns estabelecimentos que só aceitam dinheiro.
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