Esse passeio é, geralmente, o primeiro a ser feito pelos turistas que se hospedam em San Pedro de Atacama. O principal motivo é que os locais visitados estão praticamente na mesma altitude da cidade, a cerca de 2.500 metros do nível do mar. Como o processo de aclimatação ao ar mais rarefeito é lento, o ideal é pegar leve nos primeiros dias e evitar os também tradicionais tours para os Geysers del Tatio e Lagunas Altiplánicas, que se encontram a mais de 4.000 metros. Além disso, a saída é às 16h, então quem chega à cidade pela manhã ou início da tarde, tem tempo de passar nas agências e fechar o passeio. Ou confirmar a reserva, caso já tenha sido feita com antecedência. Outra razão é que o Vale da Lua fica pertinho de San Pedro de Atacama. A primeira parada fica a menos de 10 minutos da cidade. Eu fiz esse passeio pela Grado 10, mas também é possível fazer a reserva online.
É recomendado levar: roupa de frio (lembre-se que o passeio dura até o pôr-do-sol, quando esfria bastante), calça, sapatos fechados (de preferência um tênis, pois tem caminhada – bem fechado para não entrar areia), protetor solar (um chapeuzinho também não faz mal a ninguém) e 1 litro de água mineral por pessoa.

O ônibus da excursão para bem pertinho do Mirador de Kari, então nem é preciso andar para chegar ao ponto de onde se tem essa vista grandiosa do deserto. A Cordillera de la Sal foi formada a milhões de anos atrás. O antigo lago que havia no local teve seu fundo levantado pelo movimento e choque das placas tectônicas da costa e a erosão da chuva e do vento contribuíram para a origem das esculturas naturais na região. Dali é possível observar a formação do solo em camadas coloridas que evidenciam o passar de muitos anos, bem como a cordilheira ao fundo, com vários vulcões. O nome Cordilheira de Sal foi dado devido à coloração branca dada pelo sulfato de cálcio.

Além da vista do imponente vulcão Licancabur, do Valle de la Muerte e do Salar de Atacama, o local é muito apreciado pelos turistas por causa da Roca del Coyote. Lembra daquele desenho da Tiny Toon Adventures em que o Coiote ficava tentando capturar o Papa-Léguas, que sempre passava correndo fazendo “bibi” como uma buzina de carro? Então, essa pedra parece um dos cenários frequentes no desenho, de onde o coiote ficava para tentar jogar uma pedra em cima do papa-léguas ou algo assim, o que justifica o nome dado ao local. Não precisa ter medo de ir até a ponta da Rocha do Coiote, apesar dela estar rachada e a possível queda ser uma morte garantida – tudo vale a pena por uma boa foto. Quando o guia perguntou quem queria ir, eu fui o primeiro e hoje estou aqui, postando sobre esse passeio, muito vivo.

Dali pegamos novamente o ônibus com direção ao Vale da Lua em si. O valor da entrada não está incluso no pacote e é recolhido pelo guia, que segue para pagamento. Enquanto isso, você pode aproveitar para ir no banheiro – nesses passeios não tem muito lugar para aliviar as necessidades básicas e, como é preciso tomar muita água o dia inteiro para se hidratar por causa do clima – volta e meia dá vontade.

Dali vamos para uma incursão pelas Cuevas de Sal e subida ao Canyon. As cavernas têm passagens bem estreitas, sendo necessário se agachar e usar as mãos para ajudar a passar por alguns trechos. É bom seguir as instruções do guia e deixar as mochilas e outros objetos no veículo porque eles vão atrapalhar. Essa parte também exige um pouco de esforço físico porque tem subidas um pouco íngremes.

Nosso guia tinha uma lanterna dessas que ficam na testa, mas também usamos nossos próprios celulares para iluminar a passagem. Em algumas partes fica um breu completo, o que pode ser um problema para pessoas que tem claustrofobia. Se for o seu caso, melhor pular essa parte do passeio e esperar a volta do grupo do lado de fora. Depois de passar por dentro da caverna, subimos para ver o cânion por cima e descemos por outro caminho, mais tranquilo.

Outro destaque da região é o Anfiteatro, uma grande muralha com cerca de 40 metros de altura formada por rocha e sal. Sua importância está nas camadas coloridas do solo que, em vez de se apresentarem horizontalmente, apresentam variações como ondas, o que evidencia o deslocamento causado durante a formação dos montes devido ao movimento das placas tectônicas. Nesse lugar nós saímos do ônibus e caminhamos a pé, descendo um morro, enquanto o guia explicava sobre a região e tirava as dúvidas.

Outra parada é feita para observar as esculturas naturais chamadas Tres Marias. Na verdade, atualmente, só duas delas estão de pé, já que uma caiu quando um dos turistas subiu para tirar foto. Por que uma pessoa iria querer tirar foto em cima da cabeça de Maria é algo que foge à minha compreensão. Aliás, também é difícil enxergar Maria nas duas formações rochosas que sobraram. A figura ao lado exige bem menos criatividade e imaginação, é claramente a cabeça de um tiranossauro rex saindo de um prato de espaguete.

A última parte do passeio é de uma caminhada mais longa que, embora seja tranquila por não ser muito íngreme, possui uma certa dificuldade pelos trechos em que a areia é mais fofa e dificulta o passo. A dica é tentar andar em cima das pedras, assim seus pés não afundam e você cansa menos. De qualquer maneira, não é nada muito assustador, já que cada pessoa pode fazer o trajeto no seu próprio ritmo. Mas recomendo levar água para matar a sede.

A vista de cima da Duna Mayor ou Gran Duna é de 360° e diferente de cada ângulo. Na foto acima, destaque a parte do Anfiteatro, que realmente se assemelha a uma grande arena ou estádio de futebol aberto quando visto de longe.

Uma vez no topo, o negócio é sentar para descansar, tirar um lanchinho ou chocolate do bolso e fazer um mini piquenique enquanto espera pelo pôr-do-sol – obviamente se lembrando de não deixar lixo no local. Também é mais um daqueles momentos que os turistas adoram para tirar várias fotos! Essa é a última parte do passeio e o horário de volta é combinado com o guia, mas geralmente acontece assim que escurece porque o caminho não é iluminado artificialmente. Para ajudar, tenha um pouco de bateria se quiser usar o flash do celular para iluminar seus passos, já que há muitas pedras soltas e existe o risco de pisar em falso.