Nas minhas viagens, eu faço praticamente tudo por conta própria. Prefiro me informar sobre o destino, pesquisar e comprar minhas passagens, fazer a reserva de hotéis e, quando já estou no lugar, evito os tours guiados. É o meu estilo de viagem: eu gosto de ficar livre para passar o tanto de tempo que eu desejar em determinado local, fazer passeios que estejam fora do circuito mais tradicional, acordar na hora que eu quiser. Enfim, ter mais liberdade para curtir o lugar. Mas existem alguns lugares ou atrativos específicos em que a contratação de uma agência é a melhor opção e, acredito, esse é o caso de San Pedro de Atacama. É possível alugar um carro e ir até os destinos por conta própria, mas, para quem não conhece a região, é complicado (alguns chamarão de aventura). Há vários relatos de pessoas que passaram por dificuldades, principalmente com carros atolados na areia ou com qualquer outro tipo de problema em locais inóspitos, sem qualquer meio de comunicação viável. Fora que os locais não tem indicações claras, já que não a ideia não é mesmo fazer nada sozinho. Durante essa viagem, conheci um casal que passou problemas e acabaram ficando horas presos até, por sorte, passar alguém que pudesse ajudar.
Também há muitas reclamações com determinadas agências de turismo. O ideal é dar uma pesquisada na reputação da empresa na internet ou seguir a recomendação de amigos que já usaram seus serviços antes de fechar o negócio. Uma boa opção é fazer a pesquisa e reserva online, mas uma parte dos turistas deixa para fechar os pacotes na cidade, já que é possível negociar um preço mais bacana. O risco disso é que você pode não encontrar vagas para os tours mais procurados. Como eu fui em uma época considerada de alta temporada (maio), eu preferi me organizar com antecedência.

Para as reservas feitas pela internet, a página tem que inspirar confiança. As informações são bem completas no site da Grado 10, com descrição dos passeios, o que está incluso, o preço das entradas que devem ser pagas a parte, regras claras para cancelamento da reserva, o que deve ser levado, etc. Mas, ainda mais importante, eles já disponibilizam os preços. E eu até mandei e-mail para outras empresas perguntando o preço – algumas estavam mais caras e outras sequer responderam. Ganhou a Grado 10, que me respondeu o e-mail de reserva com rapidez e fez a sugestão das datas de acordo com as minhas necessidades.

A vulcano expediciones, assim mesmo, com letras minúsculas e sem link, eu não recomendo nem para o meu pior inimigo. Não contratem essa agência. Pagamos caro por uma subida a um dos vulcões perto de San Pedro de Atacama mas, como no dia estava nevando muito, o guia (que não era da empresa, mas sim terceirizado), nos disse que não seria possível fazer a subida. Quando voltamos para o escritório da empresa na cidade, o dono nos disse que não devolveria o dinheiro porque nós optamos por não subir e que, além disso, não estávamos com roupa adequada. Detalhe, estávamos levando tudo o que era recomendado pela própria agência, roupas que já usamos em climas muito mais intensos no Canadá. Roupas, meias e calçados térmicos, com corta-vento e à prova de água. Extremamente grosseiro, ele disse que o guia falou que nós desistimos. Eu disse que eu poderia mostrar as fotos e vídeos que fiz da estrada, com carros atolados, mas ele sequer quis ver. Não quis devolver o dinheiro e praticamente ligou o foda-se para os clientes. Fizemos a reclamação formal no centro de atendimento ao turista da cidade.

Já com a Cordillera Traveller deu tudo certo. Esse foi o passeio que eu mais fiz questão de reservar com antecedência pois tinha uma data bem definida de quando deveria acontecer, já que envolve deixar a hospedagem em San Pedro de Atacama e passar três dias atravessando o deserto com o fim do passeio em Uyuni, na Bolívia, onde também já tínhamos data definida para entrar no hotel. Além disso, por ser um trajeto mais isolado e com vários dias de duração, passando pela imigração dos países e levando todos os pertences (no meu caso, que não voltaria para o Chile depois do tour), é importante ir com uma agência de confiança.

Chegando em San Pedro de Atacama, a primeira providência depois de deixar as malas no hostel foi passar nas agências para confirmar as reservas e realizar o pagamento do que faltava. É normal dar com a cara nas portas fechadas. Eles não funcionam exatamente no horário comercial a que estamos habituados e fecham nos horários de almoço, o que pode parecer estranho para uma cidade turística. Mas não se desespere: geralmente tem uma plaquinha na porta informando a hora de abertura ou, na pior das hipóteses, vá tomar um sorvete e volte mais tarde.
Tem várias outras agências na cidade, voltadas para o bolso dos mochileiros ou um serviço mais luxuoso. Vá com a que for mais a sua cara, mas não se esqueça das pesquisas, boas escolhas e não contratem aquela que vai terceirizar um serviço meia boca e depois roubar seu dinheiro.