Embora os principais atrativos do parque fiquem mais próximos de Coronel José Dias, o acesso a esse circuito é mais próximo quando se está hospedado em São Raimundo Nonato. Essa segunda cidade é maior e possui mais estrutura para receber o turista, contato inclusive com o aeroporto mais próximo. Como eu iria passar cinco dias na região, escolhi ficar lá, mais especificamente no Real Hotel, por ser um ponto mais central.

Também facilita muito alugar um carro. Eu fiz isso em Petrolina, no estado de Pernambuco, que é considerada uma das portas de entrada para os passeios na região. O veículo foi usado tanto para fazer a viagem entre as cidades, percorrendo trezentos quilômetros de estrada, quanto para os deslocamentos para os diferentes circuitos e dentro do parque em si. No mapa interativo abaixo é possível ver onde se localizam os pontos que eu visitei.
Para todos os passeios dentro da reserva, é necessário contratar um guia, já que não é permitido explorar o parque por conta própria. Cada um deles só pode ficar responsável por um grupo pequeno. Nós estávamos em quatro pessoas e o Edu Coelho ia com a gente no carro. Se você não quiser dirigir ou estiver com mais gente, é preciso negociar isso com quem for te acompanhar ou pagar um motorista.

Gosto sempre de lembrar que é importante usar calçado, roupas e acessórios adequados para esse tipo de passeio, buscando se proteger do sol, e usar repelente para mosquitos. Também recomendo levar lanches leves e pelo menos um litro de água por pessoa. Nesse dia, fizemos o Circuito da Serra Branca no período da manhã e o almoço foi substituído por frutas, biscoitos e sanduíche. Na parte da tarde, seguimos para essa parte do parque, que tem a paisagem mais bonita que eu vi durante toda a minha estadia.

Um passeio mais completo por esse circuito pode incluir o Baixão da Perna, que conta com vários sítios arqueológicos e outra área para piquenique, mas nós fomos direto para os pontos principais. Após passar pela guarita para registrar a entrada e deixar o carro estacionado, fizemos uma leve caminhada de uns 850 metros por uma estrada de terra. Embora não tenha subidas e descidas, é bom prestar atenção aos passos porque é um terreno irregular, com pedras e raízes.

Logo se chega à Variante do Baixão das Andorinhas, que tem uma vista maravilhosa. Aqui dá para perceber bem o caminho aberto, provavelmente, por um antigo e poderoso rio que cortava a região há milhares de anos atrás, serpenteando entre a serra. É preciso tomar cuidado e não chegar próximo às bordas, porque há muitos buracos, mas tem bastante espaço para quem quer explorar mais.

Esse é um dos pontos onde se pode observar um fenômeno que acontece na hora do pôr-do-sol. Por volta das cinco e meia, bandos de andorinhas chegam para se abrigar nas partes baixas do vale, dando voos rasantes. Eu não fiquei nessa área para acompanhar o momento, mas encontrei essa foto que dá uma dimensão do espetáculo.

Depois de voltar andando pelo mesmo caminho e pegar novamente o carro, paramos no ponto principal do Baixão das Andorinhas. O interessante aqui é que construíram uma pequena escada que leva a um nível abaixo da serra, permitindo ter uma experiência ainda mais próxima do voo dos pássaros. Mas esse não é o único motivo de existir essa estrutura por lá.

No paredão abaixo foram encontradas algumas pinturas rupestres. São representações de pessoas e animais em diferentes situações, como caça e rituais. Geralmente essas pinturas eram feitas com tinta vermelha, mas também aparecem algumas em branco. Como o acesso ali é mais difícil, elas foram encontradas depois de muitos anos de pesquisa.

A Toca das Andorinhas me deixou um pouco intrigado por ser um local bem inusitado para ter sido usado como abrigo humano, já que o espaço é bastante limitado. Mas era, de fato, bem protegido das chuvas, como dá para perceber por esse teto formado pelas rochas. E é justamente nesse tipo de caverna que os pássaros passam a noite.