O espaço onde funciona esse centro cultural servia de abrigo para pessoas e famílias humildes de romeiros e fiéis que visitavam a cidade de Congonhas. O maior fluxo de pessoas se concentrava no período dos festejos do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Inicialmente, as comemorações se davam em maio e setembro, mas as constantes chuvas do primeiro semestre, que comprometiam o trânsito pelas estradas de Minas Gerais, acabaram limitando o evento para os dias 7 a 14 de setembro. Esse turismo religioso já acontecia desde os anos 1770, mas foi na década de 1930 que se deu início à construção desse conjunto de pequenas casas geminadas para dar conta da grande quantidade de visitantes.

Para se hospedar na Romaria, como era chamada a pousada, cada família de peregrinos e pagadores de promessas pagava cinco mil réis pelo tempo do jubileu. Essa quantia era considerada, à época, bastante acessível. Cerca de trinta anos depois, o espaço seria desativado e vendido a um grupo empresarial carioca, que pretendia erguer ali um hotel. Os planos não seguiram adiante, mas a estrutura original foi quase toda demolida em 1968, restando apenas as duas torres ligadas por um arco que compõem o pórtico de entrada.

Foi somente em 1993 que a prefeitura municipal recuperou o terreno e o pouco que restava da construção. A restauração do pórtico teve início no ano seguinte e procedeu-se à reconstrução das casas, mantendo as mesmas características arquitetônicas da antiga pousada, inspirada nas capelas dos Passos da Paixão, que fazem parte do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. A partir de 2018, o espaço passou por novo processo de revitalização e readequações.

Atualmente, o Centro Cultural da Romaria abriga uma grande estrutura destinada à preservação da histórica e incentivo à arte. O seu extenso pátio circular interno é o principal local de eventos da cidade, sendo palco de apresentações artísticas e lazer para a população local e turistas. Na minha última visita a Congonhas, não havia nada programado devido às limitações impostas pela pandemia. Ainda assim, a entrada estava liberada e pude explorar o espaço gratuitamente.

As áreas internas contam com o gabinete do prefeito, que podia ser visto pelas janelas; um salão para oficinas de arte; espaço para exposições; auditório com sessenta lugares e cineclube; salas de estudos e pesquisas; museu voltado para a mineralogia; a rádio e o canal de TV educativo da cidade; loja de lembrancinhas; lanchonete e outros atrativos, além de setores técnicos e administrativos. Já nas torres originais, logo na entrada, funcionam um posto de informações turísticas e o memorial da cidade. Ao lado do centro cultural, também pode ser visitado o Parque Natural da Romaria e, futuramente, o Teatro Municipal.
Outra bela matéria acerca do patrimônio material congonhense. A Romaria foi um belo exemplo do investimento das melhorias proporcionadas pelos padres da Congregação Redentorista que administraram o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas entre os anos de 1923 a 1971.
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O espaço ficou perfeito, gostei muito!
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