Como não está entre os atrativos mais famosos, pode ser que esse museu acabe sendo deixado de lado por parte dos turistas. Mas o fato é que, com acesso gratuito e um bom acervo, vale a pena passar por lá. O antigo casarão fica na descida da ladeira em frente ao santuário, a cerca de 250 metros da igreja. Mesmo com o calçamento um pouco irregular de pedra sabão, eu achei a caminhada bem tranquila e dá para ver outras construções típicas do período colonial pelo trajeto.

Um dos focos da exposição é a história da cidade. A região começou a ser ocupada por portugueses por volta de 1700 e, com a busca por ouro, pequenos povoados surgiram ao longo das margens do Rio Maranhão. Há diferentes versões sobre data de criação da Freguesia de Congonhas, sendo a mais confiável por registros documentais de 1734. O nome faz referência à planta congonha, uma variedade da erva mate que possui diversas propriedades medicinais e é abundante no estado de Minas Gerais.

Entre os itens do andar térreo da casa, destacam-se antiguidades como objetos que retratam os aparelhos usados na comunicação, trechos de reportagens, documentos, mapas e textos explicativos. É um estilo de exposição um pouco datado, com layout tradicional e sem nenhuma interatividade. Isso acaba prejudicando a experiência mas, como o conteúdo não é extenso, não chega a ficar cansativo.

Outro aspecto importante para o desenvolvimento da cidade foi a religiosidade, com a ida sazonal de muitos fieis, que faziam peregrinações para fazer pedidos, agradecer pelas graças concedidas e pagar promessas, principalmente no mês de setembro, período dos festejos do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. O tema aparece em diversos registros fotográficos.

Descendo as escadas, há mais duas salas. A primeira delas é dedicada a Zé Arigó, que se tornou famoso a partir da década de 1950 por usar seus poderes mediúnicos para atender milhares de pacientes e até mesmo realizar cirurgias, incorporando o espírito de um médico alemão. Em contrapartida, essa polêmica prática despertou grande repúdio da comunidade médica tradicional e ele também sofreu perseguição religiosa.

A segunda sala é sobre Victória Fischer Parcus, uma dama da alta sociedade que se mudou para a cidade acompanhando o marido. Após a morte precoce de seu companheiro, achou um novo propósito na vida: organizar as festas religiosas de Congonhas, incluindo a ampliação da encenação de passagens bíblicas, que se tornou um dos maiores eventos do tipo no país. Com experiência em dança e balé, também foi responsável pela formação de toda uma geração de artistas.

O conteúdo pode mudar ao longo do tempo, inclusive com a realização de exposições temporárias, voltadas para um tema específico. Infelizmente, não encontrei uma página oficial com informações atualizadas. Mas dá para passar lá e conferir, além de fazer a visita pela arquitetura do casarão, que se encontra muito bem conservado e com diversas outras moradas coloniais no entorno.
Parabéns pela matéria. Aborda com riqueza de detalhes o Museu da Imagem e Memória de Congonhas além de lindas fotos.
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Muito obrigado! Adorei a visita.
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