Localizado ao sul da Serra do Espinhaço, o Parque Nacional da Serra do Cipó engloba áreas dos municípios de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro. Mas é na pequena comunidade que leva o mesmo nome e fica próximo à entrada principal do parque que a maioria dos turistas encontram uma boa estrutura de alimentação e hospedagem. A cerca de 100 km da capital mineira, o destino é bastante procurado para um bate e volta, mas eu acho que se gasta muito tempo na estrada e o passeio acaba ficando cansativo. A melhor opção é se hospedar na vila por, pelo menos, uma noite.
Na década de 1950, o famoso paisagista Burle Marx classificou a Serra do Cipó como o jardim do nosso país. São mais de 30.000 hectares de extensão dividindo as bacias hidrográficas do Rio Doce e do Rio São Francisco. Com topografia bastante acidentada, o terreno é repleto de nascentes que formam rios, cachoeiras, cânions e cavernas, atrativos muito procurados pelos amantes do ecoturismo. De fato, é preciso dedicar muitos dias para explorar o local e ainda há muitos pontos ali que eu pretendo visitar.
O parque foi criado em 1984 para preservar a biodiversidade local. As rochas arenosas dessa área foram formadas por depósitos marinhos há mais de 1,7 bilhões de anos. A diversidade vegetal também impressiona em áreas que variam entre mata atlântica (pau-pombo, copaíba, limãozinho, quaresmeiras, crótons e samambaiaçus), cerrado (murici, pau-terra, quaresmeiras e ipês) e campos rupestres (canelas-de-ema, sempre-vivas, bromélias, cactos e orquídeas), entre muitas espécies exclusivas dessa região.
Os campos, montes e cursos d’água abrigam vários animais, como lobo-guará, tamanduá-bandeira, cachorro-vinagre, veado-campeiro, onça-parda, gato-maracujá, sagui, jaguatirica, sanhaço, sapo-de-pijama e rã-diurna, incluindo aí algumas espécies ameaçadas de extinção. Em alguns pontos do parque, é possível ver câmeras que ficam no nível do chão e servem para monitorar os animais selvagens e o impacto da presença humana.
Uma das principais recomendações para quem está planejando conhecer o parque é conferir a previsão do tempo, já que a ocorrência de chuvas fortes na próximas ou nas nascentes dos rios pode causar uma cheia repentina e tornar perigoso o banho de cachoeira e a travessia dos rios. Por isso, é importante ficar atento ao nível da água. Além disso, as trilhas são mais agradáveis e a paisagem mais bonita em dias de sol. Os meses de verão são quentes e chuvosos, enquanto os de invernos são mais secos e frios.
O passeio pode ser feito durante todo o ano, mas o ideal é ir durante a estação seca, que costuma se estender entre os meses de abril e setembro. A preferência é o começo dela, já que a vegetação estará mais exuberante por conta do período de chuvas dos meses anteriores. As temperaturas também ainda estarão agradáveis. Porém, da última vez, eu fui no final de setembro e mesmo estando bem quente, o nível da água mais baixo e as folhagens secas, o parque continuava muito bonito e deu para aproveitar bem.
No mapa interativo acima é possível ver as trilhas e outros atrativos que eu visitei na Serra do Cipó. Para mais detalhes, basta aproximar com um zoom. O parque fica aberto durante o dia o ano inteiro (com exceção de poucos feriados) e estava com entrada e uso do estacionamento liberado da última vez que fiz o passeio.
Viajento 