Quando eu passei algumas semanas de inverno na capital francesa, aproveitei para visitar mais de uma das famosas feirinhas natalinas de fim de ano. Como estava bastante frio, com a temperatura sempre por volta de zero graus, uma boa alternativa para se aquecer foi tomar o famoso vin chaud, uma tradicional bebida quente de origem europeia preparada com vinho e especiarias.

A mistura remonta dos antigos gregos, que adicionavam ervas ao vinho que estava prestes a vencer, evitando o desperdício. Lá era chamada hippocras, em homenagem a Hipócrates, considerado por muitos como o pai da medicina. Já os romanos tinham algo similar e chamado conditum paradoxum, com o diferencial de adicionar mel. Mas o vinho com especiarias ganhou mesmo popularidade na Europa durante a Idade Média, inclusive com saquinhos prontos vendidos no mercado para facilitar o preparo. Para os ingleses, a bebida é chamada mulled wine; os alemães a conhecem como glühein; e, para a versão nórdica, fala-se gløgg.

Aqui no Brasil, é comum que a bebida seja servida nas quermesses, ou festas juninas e julinas, coincidindo com os meses mais frios do ano, e também é chamada de quentão. Dependendo da região, ela pode levar cachaça, já que a produção de vinho é mais comum no sul do país. Em outros casos, podem ser feitas em alternativas não alcoólicas. De fato, são diversas possibilidades mesmo nas variantes europeias, mudando não apenas a bebida, mas também as especiarias e as frutas. Aqui vai um bom ponto de partida:
• Vinho tinto 1x
• Laranja pêra-rio 1x
• Limão-taiti 1x
• Maçã 1x
• Morango 10x
• Cravo-da-índia 5x
• Anis estrelado 1x
• Canela em pau 3x
• Açúcar a gosto

Como de costume, eu começo a fazer a receita com os preparativos, sempre buscando meios de facilitar um pouco o processo. Gosto de usar um extrator de sucos para tirar o caldo de uma laranja pêra-rio e um limão-taiti. Algumas pessoas também usam as cascas, mas eu acho que corre o risco de ficar um pouco amargo e prefiro evitar. Nesse caso, o segredo é ficar de olho para não deixar ferver.

Além disso, eu adiciono algumas frutas. Nesse caso, usei metade de uma maça verde e cerca de dez morangos, mas você pode usar outras a seu gosto, dependendo do que tiver disponível em casa. Algumas opções possíveis são abacaxi, pera e uvas sem caroço, por exemplo. Com uma faca média, cortei as minhas escolhidas em cubos pequenos.

Obviamente, não dá para esquecer das especiarias – o elemento que vai fazer mais diferença no preparo. Eu coloquei três paus de canela, uns cinco cravos e um anis-estrelado. Outras sugestões incluem adicionar cardamomo, gengibre e outros. Se você estiver viajando por outros países, vale a pena experimentar as particularidades da receita de cada local e ver o que mais te agrada.

O preparo é extremamente fácil, bastando juntar todos os ingredientes e uma garrafa de vinho tinto, que pode ser suave ou seco, em uma panela. Você pode adicionar a quantidade desejada de açúcar, experimentando para deixar a seu gosto. Eu uso logo o vinho doce, porque acho que funciona bem, e não adoço mais. Daí é só aquecer e desligar pouco antes de começar a ferver, evitando que o álcool evapore. Depois, deixe por cerca de uma hora descansando para pegar bem o sabor das especiarias.

Na hora de beber, você deve aquecer novamente a bebida. Com a ajuda de uma concha e uma peneira, o vinho pode ser servido puro, deixando somente o líquido. Para decorar, pode usar uma fatia de limão ou um pau de canela. Particularmente, eu gosto de deixar com as frutinhas, que ficam bonitas em uma taça de vinho e dá para aproveitar e comer no final, já que ficam com um gostinho ótimo. Nessa receita eu usei:
Conjunto de taças Bohemia
Extrator de sucos Mondial
Panela de Brinox Ceramic Life 4.5 mm
Tábua de bambu
Faca média Silvermark
Conjunto de colheres Kitchenaid
Conjunto de peneiras