Estar no Canadá durante os meses de inverno (metade do ano) e não aproveitar para praticar algum dos esportes no gelo que são tão famosos no país seria inaceitável. A minha oportunidade apareceu quando eu e um grupo de amigos pegamos um carro alugado e fomos para Banff. Um dos programas escolhidos para passar um dia inteiro nessa estação de esqui e snowboard que funciona da metade de novembro até o final de maio.

A Banff Sunshine Village é um dos três grandes ski resorts localizados nas montanhas rochosas que dividem os estados de Alberta e British Columbia, no oeste do Canadá, mas recebe mais neve do que os outros da região. O acesso às mais de cem pistas se dá por uma gôndola de alta velocidade e nove teleféricos espalhados no vale formado por três montanhas: Goat’s Eye Mountain, Lookout Mountain e Mount Standish. Para fazer esse passeio, é preciso um bom planejamento que envolve a compra dos bilhetes, o aluguel de equipamentos e a análise dos mapas.

A primeira providência é comprar um passe para subir e explorar o local e, sinto informar, esse é um passeio muito caro. Como são diversas opções de bilhetes acho interessante facilitar e acessar logo as principais, que estão na pagina dos mobile tickets. Eles são um pouquinho mais baratos do que a versão impressa, permitindo também economizar um tempo na fila das bilheterias. Além dos day tickets, que são usados para quem vai realmente praticar as atividades esportivas, também é possível comprar os sitghseeing tickets, destinados a quem quer apenas dar umas voltas para conhecer a montanha. Nesse último caso, você tem direito a pegar a gôndola e o teleférico das montanhas Standish e Lookout, mas não pode usar nenhum acessório esportivo.

Falando neles, o uso de equipamentos e roupas adequados para as condições do terreno, do clima e das atividades escolhidas é primordial para a segurança e conforto. Como não faria nenhum sentido comprar itens que eu dificilmente usaria novamente e nem teria como levar de volta para casa, a solução foi alugar tudo. Eles oferecem diferentes níveis de performance e, como eu não sou nenhum profissional, peguei os mais básicos segundo orientações do próprio pessoal da loja: esquis, botas, bastões e roupas. Os preços podem ser consultados na página oficial. É importante também usar camisa e calça térmica, luvas impermeáveis, cachecol, gorro e óculos de sol, além de passar protetores solar e labial.

Se você estiver hospedado em Banff, como foi o meu caso, será preciso percorrer a distância de 15 km até o pé do complexo de montanhas que forma esse atrativo. Na base (canto inferior esquerdo do mapa), existem estacionamentos, lojas para compra e aluguel, armários, restaurante, bar e outras facilidades. Depois é só pegar a gôndola para iniciar a subida, que dura cerca de dez minutos até a primeira parada, na Goat’s Eye Mountain. Essa montanha conta com descidas íngremes, profundas e longas, mas também tem uma opção mais tranquila para famílias e pessoas menos experientes que pode ser encontrada pegando o teleférico chamado Wolverine Express Quad.

Como não era meu objetivo me jogar de uma montanha perigosa e nem estava acompanhado de crianças, segui com a gôndola por mais dezoito minutos até o local que eles chamam de vila. Nesses primeiros trechos, o transporte é fechadinho e comporta até oito pessoas. O meu destino era a parte mais central do atrativo, que é a Sunshine Village, onde passei a maior parte do dia. Daí a importância de dar uma estudada prévia nos mapas, já que é necessário saber para onde quer ir e o que dá para fazer em cada lugar. Ali pertinho dos prédios tem uma pista iniciante, ótima para quem nunca esquiou ou fez snowboard fazer os primeiros treinamentos. Mas também serve como ponto de partida dos teleféricos para descidas mais radicais.

Ali tem diferentes opções de restaurantes e bares, mas o que me chamou mais a atenção foi o Sunshine Mountain Lodge. A hospedagem fica aberta tanto no inverno quanto no verão, quando muitas pessoas visitam o local para fazer trilhas e outras atividades. Deve ser bastante interessante ficar hospedado na montanha, curtindo a piscina de água quente na área externa, os serviços do spa, sauna seca e academia, além de eventos como exibição de filmes e passeios guiados que incluem caminhadas e tobogãs.

Depois de ficar brincando de esquiar nessa área central, eu resolvi pegar o teleférico e subir até o topo da Lookout Mountain. O que pude perceber é que o local é bem demarcado, já que existem alternativas para iniciantes, intermediários e profissionais. Como eu não tinha nenhuma experiência e muito menos coragem para arriscar, já que teria que pegar um trecho que fiquei com medo só de olhar, decidi apenas conhecer o topo e ver a paisagem lá de cima.

Eu achei que a Mount Standish tem opções mais tranquilas para principiantes. Mesmo o teleférico pode ser mais divertido, já que muitas vezes o vento sopra neve nos passageiros – no meu caso nem precisava, porque nevou mesmo no dia. As pistas com acesso pela linha Strawberry Express do teleférico são as mais adequadas para começar a praticar o esporte, já que têm descidas suaves que permitem aumentar a confiança para novos desafios. Já os intermediários podem procurar pelas trilhas azuis e os mais avançados, pelas pretas.

Na época eu não tinha me planejado para isso, mas a melhor forma de aprender a esquiar ou fazer snowboard é desembolsar uma graninha a mais e fazer as aulas, que podem ser privadas ou em grupo. Eu peguei algumas dicas com os amigos que já tinham certa intimidade com o esporte e fiquei treinando sozinho. Mas, da próxima vez que eu tiver a oportunidade de visitar a Sunshine Village ou alguma outra estação de esqui, vou investir nisso para poder aproveitar ainda mais o passeio.
Quem quiser conhecer a região de um jeito diferente pode fazer o passeio com raquetes de neve por Sunshine Meadows, um passeio guiado no período da tarde que inclui transporte de ida e volta na hospedagem com micro-ônibus, bilhetes do teleférico, aluguel de raquetes de neve e bastões de caminhada e lanche. A caminhada é feita a 2400 metros, ponto de maior altitude no parque nacional e que proporciona belas vistas do Lake Louise. Nas duas horas de trilha, se aprende sobre o local, reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, e sua vida selvagem.