Quando eu fiz meu intercâmbio para o Canadá, eu sabia que eu ia finalmente conhecer a neve e passar muitos meses com temperaturas negativas, mas não esperava ter a chance de ver uma cachoeira congelada. Na verdade, eu sequer tinha na minha cabeça que tal coisa existia. A oportunidade veio com uma visita ao Banff National Park no inverno.

Eu passei alguns dias na pequena vila de Banff, que possui toda a estrutura de hospedagens, restaurantes e lojas para atender ao turista. A partir de lá, fiz todos os meus passeios pela região, incluindo conhecer o Lake Louise, o Moraine Lake e passar um dia esquiando na Sunshine Village. Quem preferir ficar em uma área mais selvagem para explorar com bastante tempo os cânions, pode optar pelo Johnston Canyon Lodge & Bungalows ou até mesmo usar a área de acampamento nos meses mais quentes do ano.
Uma alternativa é ficar hospedado na vila, como eu fiz, e pegar a excursão às cascatas congeladas do Johnston Canyon, o que torna a experiência mais interessante pelas informações passadas pelo guia sobre as formações rochosas e detalhes que passariam despercebidos pelo visitante. Além disso, no pacote estão inclusos o transfer da hospedagem até o local, bastões de caminhada para maior segurança e um lanche com chocolate quente.

Eu estava em um grupo de amigos com um carro alugado e aproveitamos para fazer uma parada por lá para conhecer as quedas d’água por conta própria. Como esse passeio foi feito no inverno, não encontramos muitas pessoas pelo caminho, o que é interessante para uma maior imersão na natureza, mas pode representar riscos no caso de estar sozinho e precisar de algum tipo de ajuda.

Estava fazendo bastante frio no dia e, felizmente, eu fui muito bem agasalhado. É muito importante consultar previamente as condições do clima porque o passeio pode ser inviabilizado no caso de tempestades e se você não estiver com as roupas adequadas. Mesmo nos dias de verão, é recomendado levar uma camisa de manga comprida porque há muita sombra no trajeto e fica fresquinho junto das quedas. O que a gente não tinha eram equipamentos de segurança, como os bastões que ajudam a se equilibrar durante a caminhada. Houveram alguns escorregões, mas nada grave.

Todo o trajeto é demarcado por passarelas. Isso serve tanto para conduzir os turistas com mais segurança quanto para preservar o local, já que evita que se suba nas pedras. É importante se manter no caminho demarcado durante todo o tempo e ficar de olho nas crianças. Muitos acidentes já aconteceram ao longo dos anos com pessoas que, por exemplo, pularam as cercas para tirar fotos melhores.

A trilha segue riacho acima, acompanhando as quedas e as piscinas naturais de águas azuis e verdes. A nossa intenção era fazer um passeio mais rápido, mesmo porque passamos por lá em um trajeto para outro destino. Por esse motivo, caminhamos somente até as quedas inferiores, com um tempo de caminhada que exige cerca de trinta minutos, variando dependendo do ritmo de cada pessoa. No verão, o atrativo costuma ficar bastante cheio. Para evitar a multidão, é necessário chegar muito cedo ou optar por um passeio noturno.

Após pouco mais de 1 km de caminhada, chega-se às Lower Falls. Ali, uma ponte que atravessa o riacho serve como ponto de vista privilegiado para as cataratas. É muito interessante ver como a água vai congelando e forma estacas de gelo azuladas. Para sentir ainda mais a força da água, que passa por trás de camadas grossas de gelo, basta pegar um caminho que leva para a parte inferior. É preciso passar por uma pequena caverna para chegar aos pés da cachoeira. Vale muito à pena descer, mesmo que esse mirante possa estar um pouquinho molhado.

Retomando o caminho superior, você continua na trilha por mais 1 km e pouco até chegar na Upper Falls – como a inclinação é pequena, muitas pessoas animam de continuar e não é tão cansativo. Quem tem mais tempo e condicionamento físico, pode seguir por mais 3 km até as sete nascentes de água mineral conhecidas como Ink Pots. Embora sejam um atrativo único, com constante temperatura de 4°C e bacias compostas de areia movediça, muitos consideram que o esforço extra para chegar até lá não vale tanto à pena.

Não acredito que haja nenhum risco de se perder, mas recomendo tirar uma foto do mapa no começo da trilha para usar como referência das distâncias e diferentes acessos às cachoeiras. Isso ajuda a planejar o dia, lembrando que é preciso fazer todo o caminho de volta. Eu tenho vontade de conhecer as cachoeiras no verão, além dos pontos que não visitei, em uma próxima oportunidade. Assim que tiver oportunidade, eu volto para contar sobre a minha experiência.