A minha viagem para Monte Verde teve como objetivo principal realizar uma reunião de família, já que uma parte mora em Minas Gerais e, outra, em São Paulo. O vilarejo, que é distrito da cidade de Camanducaia, fica justamente na divisa entre os dois estados. Como a ideia não era exatamente fazer turismo, acabei não pesquisando nada sobre os atrativos locais. Chegando lá eu descobri a existência do Aeroporto de Monte Verde, que fica pertinho da maioria das pousadas e hotéis e é considerado o de maior altitude no Brasil, a 1555 metros acima do nível do mar. Como não é usado comercialmente, o grande atrativo dele é a vista que proporciona da região.

Para chegar até o mirante, segui pela Rua do Aeroporto, que corre paralela à Avenida Sol Nascente, onde fiquei hospedado no Áustria Hotel. A caminhada pela estrada de terra é bem tranquila, mas, embora durante a noite tenha feito bastante frio, nesse momento o sol estava castigando bastante. Depois de olhar a vista de pontos privilegiados, resolvemos seguir pela mata na Trilha do Pinheiro Velho, que tem entradas diversas, incluindo duas bem próximas ao aeroporto.

Cada entrada tem uma placa com esse mapa, indicando onde você está e a distância de pontos importantes na trilha – basicamente o pinheiro velho e uma fonte. O caminho pode ser percorrido a pé ou de bicicleta, sendo proibidos o uso de veículos motorizados e cavalos. Na verdade, eu só vi pessoas caminhando mesmo. Eu peguei a entrada de número quatro com o objetivo de sair no número um. Ao todo, são cinco opções:
1 – Avenida Monte Verde;
2 – Alameda dos Pinheirais;
3 – Avenida do Aeroporto;
4 – Avenida do Aeroporto;
5 – Avenida Sol Nascente.

Começando na de número quatro, eu dei uma volta bem grande pelas trilhas, já que a intenção era realmente fazer um passeio pela mata. A vantagem de começar o passeio pelo aeroporto é que você irá descer e, como todos sabemos, para baixo todo santo ajuda. O caminho a ser percorrido é bem demarcado pelo uso constante e você acaba seguindo sem problemas. Esse comecinho é a parte com mais inclinações, mas, no geral, é uma trilha bastante plana e tranquila. Ainda assim, é recomendado o uso de calçados adequados e antiderrapantes, principalmente porque as partes de barro molhado ficam escorregadias. Para quem quer fazer o trecho mais curto, o ideal é ir do três ou um ou vice-versa.

Para meu alívio, que não queria ficar tomando sol, todo o trajeto é feito sob a sombra da mata atlântica nativa, com destaque para a araucária ou pinheiro do Paraná. Trata-se de uma árvore de relevo alto e clima frio, cujas sementes, ricas em amigo e aminoácidos, servem como alimento para esquilos, aves e outros animais. Com uma expectativa de vida entre 200 e 300 anos, mas que pode chegar até a 500 anos, essa é foi uma vegetação bastante comum no Brasil. Para se ter uma ideia, foram encontrados fósseis de araucárias de mais de 200 milhões de anos no nordeste do país. Infelizmente, hoje elas correm risco de extinção.

Falando nisso, também é importante que você esteja com as pernas protegidas, já que alguns trechos possuem vegetação bem próxima do caminho, o que pode causar incomodo e arranhões. Eu estava de calça jeans, o que não é o tecido ideal para uma caminhada, mas serviu bem a esse propósito. Seja como for, é recomendado que você nunca saia dos trechos demarcados, já que isso comprometeria o trabalho de preservação da mata. Também não pode retirar nenhuma planta e deixar lixo no local.

É importante destacar que, embora seja uma trilha considerada fácil, há alguns trechos que apresentam pequenos obstáculos. Em determinado momento, por exemplo, eu tive que passar por cima ou por baixo de troncos de árvores caídas. Nada muito dramático, mas que pode comprometer a passagem de pessoas com mais dificuldade de locomoção. Nesse caso, recomendo que fiquem mais no sul da mata, próximo à parte turística da cidade.

Todas as bifurcações são assinaladas com placas que mostram as saídas e atrativos com suas respectivas distâncias. Esse foi o resultado de um trabalho voluntário dos Amigos da Trilha, que também fizeram pequenas pontes, degraus e corrimões que ajudam nas passagens de trechos mais difíceis. Vi algumas pessoas reclamando sobre as condições do local, mas há que se entender que se trata de um espaço selvagem mesmo. É normal que se tenha alguma dificuldade de acesso porque as interferências devem ser mínimas.

Uma boa parte da trilha acompanha o Córrego do Cadete, o mesmo que, cerca de 3 km adiante, forma as corredeiras de Itapuá, outro atrativo da região de Monte Verde. Nesse trecho também se encontra a Fonte do Pinheiro Velho, uma nascente de água potável bem simples e que pode passar desapercebida por algumas pessoas. Falando nisso, eu recomendo levar pelo menos uma garrafinha de água mineral para consumir durante a caminhada, que pode durar cerca de uma hora, variando de acordo com o trajeto escolhido e o ritmo de cada pessoa.

O ponto mais procurado é aquele que dá nome à trilha, o pinheiro velho. Destacando-se entre as outras árvores centenárias, ele tem mais de 500 anos de idade e um diâmetro de 1,64 metros, sendo necessárias várias pessoas para dar um abraço em seu tronco. Ele é tão alto que fica difícil fazer com que sai completo na foto e, ainda assim, a imagem não passa a real dimensão a árvore, que realmente impressiona.

Dali já estávamos bem próximos da entrada/saída que dá na Avenida Monte Verde. O detalhe é que é preciso fazer a travessia do córrego em uma pinguela ou tronco de madeira que serve de ponte. A água é bem rasa embaixo, mas, uma queda ali nos deixaria molhados e possivelmente machucados devido à presença de pedras. Depois de fazer algum drama, todos atravessamos sem nenhum problema. Para quem tem vertigem ou falta de equilíbrio, entretanto, talvez a melhor opção seja usar outro acesso. Embora bem simples, o passeio valeu a pena e pode ser feito facilmente sem nenhum guia.
Deu até palpitação de novo vendo essa pinguela aí, rsrs.
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Você deixa de ser dramática, heim!
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