Embora a arte contemporânea não seja a minha preferida, costumo ir a algumas exposições e muitas vezes sou surpreendido pela qualidade das obras, a postura crítica dos artistas para questões atuais e o uso inusitado de materiais. Esse foi o caso do Contemporary Arts Museum Houston, que funciona no endereço 5216 Montrose Blvd. E o melhor é que a visita é gratuita. Para conferir os dias e horários de funcionamento, recomendo entrar na página oficial.
O museu conta com um amplo espaço, funcionando em um edifício com fachada de aço inoxidável que chama bastante a atenção no coração do Museum District. A estrutura de dois andares foi projetada pelo premiado arquiteto Gunnar Birkerts e inaugurado em 1972. Eu gosto bastante também da parte interna, com pegada industrial. A instituição se dedica a apresentar o que há de melhor e mais excitante na arte regional, nacional e internacional dos tempos atuais. Fundado em 1948, o museu não possui acervo próprio, se dedicando a exposições temporárias, palestras, publicações originais e uma variedade de programas educacionais e eventos.
O foco maior, entretanto, está mesmo nas exposições temporárias – de seis a oito durante o ano. A entrada é pela galeria superior, chamada The Brown Foundation Gallery. Ali são apresentados trabalhos de artistas internacionalmente reconhecidos que trabalham na vanguarda da arte contemporânea, bem como exposições temáticas organizadas em torno de questões centrais à natureza da arte e da vida atual. Na minha visita, todas as obras desse andar confrontavam o sistema da justiça criminal americano, o encarceramento em massa e as prisões, levantando e discutindo questões sociais.
O uso de pinturas, vídeos, áudios, textos, fotografias, instalações e outros recursos mostra que o museu é bastante moderno e capaz de criar mostras diversificadas, tornando esse assunto denso bastante dinâmico e interessante. Como o tema é complexo, a tendência é tratar de um componente de cada vez: preconceito racial, situação de pobreza, quem está mais suscetível a ser preso, julgamentos, encarceramentos, pena de morte e a possibilidade de ser reinserido na sociedade, etc. Ao juntar o trabalho de vários artistas, cria-se uma visão geral da justiça no país, mas também do papel político e crítico da sociedade. Eu achei muito interessante.
O piso inferior abriga a Galeria Nina and Michael Zilkha, cujas exposições focam tanto em artistas estabelecidos quanto daqueles que estão no início de suas carreiras. Ali fui surpreendido pelo trabalho de Nicolas Moufarrege, cuja carreira durou pouco mais de uma década, do começo dos anos 1970 até 1985. Achei interessante como as tapeçarias se mesclam com pintura de personagens de histórias em quadrinho, elementos clássicos de azulejos islâmicos, pop art, obras de arte de artistas diversos e caligrafia árabe, com várias apropriações e releituras.
O mais legal da visita ao Contemporary Arts Museum Houston foi justamente conhecer a obra de artistas dos quais eu nunca tinha ouvido falar, o que dá espaço para ser surpreendido (positivamente, nesse caso). O museu também tem um extenso calendário dos eventos que pode ser acessado na página oficial. Ali são realizadas apresentações de música, dança e outras performances, leituras de poesia e prosa, oficinas para crianças, adolescentes e adultos, além de outros atrativos.
Como não podia faltar, também temos a Museum Shop, que oferece uma seleção de livros e catálogos e exibições relacionadas à arte contemporânea, além de uma grande variedade de decorações, jogos educativos, presentes e objetos criados por artistas. Vale a pena dar uma conferida porque tem muita coisa legal.
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