Título original: Bonnie and Clyde
Ano: 1967
Direção: Arthur Penn
Elenco: Warren Beatty, Faye Dunaway, Michael J. Pollard, Gene Hackman e Estelle Parsons.
Bonnie e Clyde talvez tenham formado o casal de criminosos mais famoso do mundo (não consigo pensar em outro no momento). Eles se conheceram e se tornaram parceiros na vida bandida no início da década de 1930, durante a Grande Depressão dos Estados Unidos. Apesar de praticar, na maior parte das vezes, roubos em pequenas lojas e postos de gasolina, foram os assaltos a bancos que se destacaram em suas carreiras e ficaram no imaginário popular.

Falando nisso, é interessante perceber como eles eram retratados pela impressa da época, algo que o filme mostra bem. Essa desconexão das notícias com a realidade é uma evidência de que as notícias sensacionalistas não são uma exclusividade dos dias atuais. A vida na estrada parece ter sido bastante diferente, principalmente para Bonnie, que aparecia nos jornais como uma assassina armada de metralhadoras e que fumava charuto. Essa visão da moça surgiu e foi difundida devido a fotos encontradas em um dos esconderijos por qual a dupla passou e o longa-metragem dá uma ideia de como elas podem ter sido feitas. Mas quem eram Bonnie e Clyde de fato, afinal?

Bonnie Elizabeth Parker, interpretada no filme por Faye Dunaway, nasceu na cidade de Rowena, no Texas. Segunda de três filhos, perdeu o pai aos quatro anos de idade e foi levada pela mãe para a casa dos avós em Cement City, um subúrbio industrial hoje conhecido como West Dallas. Ali se casou aos dezesseis anos, abandonando a escola. O relacionamento não foi bem-sucedido e ela voltou a morar com a mãe enquanto trabalhava como garçonete. A solidão, a insatisfação com o trabalho e sua vida particular, além da impaciência com o cotidiano pacato da província de Dallas, parecem ter sido determinantes para seu envolvimento com Clyde.

Clyde Chestnut Barrow, papel de Warren Beatty, foi o quinto de sete filhos em uma família pobre de Ellis County, também próxima de Dallas, para onde foram no início da década de 1920. Praticando pequenos crimes, foi preso em diversas ocasiões. Em um dos períodos de reclusão, usou um cano de ferro para matar o prisioneiro que vinha abusando sexualmente dele. Foi seu primeiro assassinato, embora uma pessoa com pena de prisão perpétua tenha levado a culpa. Ali também convenceu um colega a decepar dois de seus dedos do pé com um machado, o que o livraria do trabalho na prisão-fazenda e o deixaria mancando para o resto da vida. John Neal Phillips, editor das memórias de Blanche Caldwell Barrow, que fazia parte da gangue, afirmou que o objetivo de vida de Clyde não era obter fama e fortuna com roubos de bancos, mas sim se vingar do sistema prisional do Texas pelos abusos que sofreu enquanto estava preso.

Aliás, a vida dos criminosos inspirou obras diversas. Uma opção interessante que eu achei disponível em português foi escrita por Paul Schneider, é intitulada simplesmente Bonnie & Clyde e propõe contar a verdadeira história por trás da lenda. John Neal Phillips publicou dois livros: Running with Bonnie and Clyde e My life with Bonnie and Clyde; o jornalista investigativo Jeff Guinn escreveu Go down together; e, mais recentemente, saíram as obras Becoming Bonnie e Side by side, da autora Jenni L. Walsh. Também há algumas músicas, programas de televisão, peças de teatro e outros filmes sobre o casal e sua gangue.

Essa versão de 1967 continua, entretanto, sendo a mais famosa fonte de informações sobre os criminosos. Obviamente que, como toda adaptação de uma história real, há algumas limitações e escolhas que acabam simplificando a vida dos personagens retratados. Apesar disso, a obra chegou a ser criticada no momento de seu lançamento pelo conteúdo, que teria aberto as portas para um conteúdo cada vez mais violento nas telas dos cinemas americanos. Ela foi, por exemplo, uma das primeiras a usar pequenas cargas explosivas com sacos de sangue dentro da roupa dos atores para simular os buracos de balas. Outra questão abordada foi a glorificação do crime.

A gangue da vida real tinha mais membros e houveram prisões, outros assassinatos e um horrível acidente de carro que deixou Bonnie queimada e muito machucada, mas nada disso entrou no roteiro. Já um tema polêmico que é bastante retratado é a sexualidade do protagonista. O assunto foi amenizado desde a primeira versão da história, que descrevia Clyde como um homem bissexual em uma relação a três com Bonnie e o motorista da gangue. Em vez disso, essa parte fica mais para a interpretação e quem assiste e ele parece ser heterossexual, mas impotente.

Durante a minha viagem pelo Texas, passei por dois lugares que faziam referência aos criminosos. O primeiro foi o Dallas County Criminal Courts, onde Clyde passou um período preso. Já em San Antonio, o Texas Ranger Museum conta com uma réplica do carro usado pela dupla para fuga e algumas peças em exposição. Isso despertou meu interesse por rever o filme, que possui avaliações bastante positivas dos críticos e de público, inclusive tendo concorrido a dez Oscars e levado dois. Hoje em dia, é considerado um clássico.
A gente fez o ensaio fotográfico, mas nunca assistimos ao filme. Está na super na nossa lista agora…
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Num acreditooo!
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Kkkkk… pois é 😅
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