Vista do observatório

Dallas – Passeio pelo centro histórico

Confesso que essa visita a Dallas foi feita porque eu encontrei um voo mais barato para lá do que para outras cidades da região. Na época, algumas pessoas chegaram a comentar que não havia nada para fazer na cidade… comecei a pesquisar e descobri que elas não podiam estar mais erradas. Há ótimas opções de passeios, museus, arte, áreas verdes e muita história. Tanto que não deu tempo de fazer tudo o que eu tinha interesse e, se tiver oportunidade, voltarei para conhecer mais. Listo abaixo os locais por onde passei e espero que isso ajude a todos a enxergar seu potencial turístico. Importante dizer que não fiz todos esses passeios em um dia só.

Jardim, fonte e estátua da Dealey Plaza
Jardim, fonte e estátua da Dealey Plaza

O primeiro ponto por onde passei foi a Dealey Plaza, construída na área doada para a cidade pela filantropista Sarah Horton Cockrell. Essa região é importante para a história da cidade porque ali foram erguidas as primeiras estruturas físicas da colônia, como a casa, o tribunal, o correio, lojas e alojamento fraterno. Não é à toa que se faz referência à praça como o local de nascimento de Dallas. Sua construção foi concluída em 1940 e recebeu esse nome em homenagem a George Bannerman Dealey, um líder comunitário e editor dos primórdios do jornal The Dallas Morning News. Ele foi o responsável pela campanha de revitalização da região e está representado na estátua.

Dealey Plaza
Dealey Plaza

A praça em si não é tão interessante quanto os prédios que ficam em volta, contrastando com as estruturas mais modernas e altas ao fundo. Há um grande fluxo de pessoas e carros por ali, pois é o ponto onde três ruas (Main Street, Elm Street e Commerce Street) se encontram para passar por baixo de uma ponte, localmente conhecida como “passagem tripla”. Foi justamente ao se direcionar para essa saída na descida da rampa, ao final de uma carreata pela cidade, que o então presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, foi assassinado com um tiro na cabeça, em 1963.

Prédio de onde foram feitos os disparos
The Sixth Floor Museum at Dealey Plaza

Na rua é possível ver marcações de “x” que mostram onde o carro foi atingido. Também ficam alguns vendedores com reproduções de jornais e fotos do assassinado, incluindo algumas bem explícitas, o que eu achei de extremo mal gosto. Para saber mais sobre o fato, o melhor é visitar o The Sixth Floor Museum, que funciona no sexto andar do prédio que abrigava o Texas Book Depository Building. Dali foram feitos os disparos por um dos trabalhadores do local. O museu conta toda a história da vida política de JFK, o que motivou a visita à cidade, o responsável pelo crime e as controvérsias geradas pelos relatórios de investigação. Afinal de contas, a morte de John Fitzgerald Kennedy foi um incidente isolado ou conspiração política? Nunca saberemos, mas há várias teorias.

Holocaust Museum
Holocaust Museum

No prédio ao lado funciona o Dallas Holocaust Museum – Center for Education & Tolerance que, em breve, irá mudar para uma sede própria e definitiva no próximo quarteirão. A instituição Holocaust Survivors foi criada em 1977 com a união de 125 judeus residentes da região norte do Texas. Anos depois, foi criado o The Dallas Memorial Center for Holocaust Studies. O nome atual foi adotado em 2005, ano em que eles se mudaram para essa localização no centro. Entre o acervo, destaca-se um carro trazido da Bélgica que era usado para transportar os judeus para guetos e campos de concentração.

Old Red Museum
Old Red Museum

Também na praça fica o Old Red Museum, que possui exposições sobre Dallas desde a era pré-histórica até os tempos atuais, contando com fósseis, armas de guerra, objetos ligados a esportes e muito mais. O prédio em si já vale pela visita. Ali funcionava o Dallas County Courthouse, construído em 1892 com arenito vermelho e mármore rústico. Nessa época, a cidade passou por uma grande expansão que triplicou as suas dimensões com a construção de 769 novos prédios, o maior deles sendo o Old Red. É claro que muitas mudanças foram feitas na estrutura ao longo dos anos, mas uma recente restauração buscou evidenciar os elementos originais descobertos.

John Neely Bryan Cabin na Founder's Plaza
John Neely Bryan Cabin na Founder’s Plaza

Dali eu fui para a Founder’s Plaza, que fica na rua de trás. A história de Dallas teve início com a chegada de pessoas que se estabeleceram perto do Trinity River após 1841. Imigrantes de diferentes estados como Arkansas, Illinois, Kentucky, Missouri e Tenessee trouxeram com eles a tradição de construir abrigos com toras de madeira. A posse do terreno era dada aos indivíduos que trabalhassem pelo menos 15 acres de terra e erguessem uma boa e confortável moradia. A John Neely Bryan Cabin é uma réplica da que teria sido construída por ele, que é considerado o fundador de Dallas.

John F. Kennedy Memorial Plaza
John F. Kennedy Memorial Plaza

Basta atravessar a rua para chegar à John F. Kennedy Memorial Plaza, que é uma continuação da praça anterior. O monumento projetado pelo arquiteto Phillip Johnson possui 72 colunas de concreto suportados por 8 pilares e forma um cômodo quadrado sem teto. Dentro das quatro paredes há uma placa em granito preto com o nome do presidente assassinado. A ideia de Johnson foi fazer uma alusão ao espírito de liberdade de JFK. Sinceramente, não achei que ficou muito interessante visualmente. Mas, já que fica próximo, vale a pena a visita.

County Criminal Courts Building
County Criminal Courts Building

Outro prédio importante é o Dallas County Criminal Courts, inaugurado em 1915 com uma cadeia, hospital, sala de operações, tribunal, barbearia e aposentos do carcereiro. Os prisioneiros ficavam em celas a partir do quinto andar, o que se acreditava que faria o prédio ser à prova de fugas. Não era, pois várias pessoas conseguiram escapar. Seja como for, o local abrigou algumas pessoas famosas como Jack Ruby (que matou Lee Harvey Oswald, que, por sua vez, era o assassino de JFK), Binny Binnion (gangster da década de 1930), Clyde Barrow (da dupla Bonnie & Clyde) e Raymond Hamilton (membro da mesma gangue). Depois que Bonnie e Clyde foram mortos, suas mães também ficaram presas ali por um mês por ajudar e acobertar seus filhos.

Bonnie and Clyde
Bonnie and Clyde

Em 1923, o estado do Texas mudou suas leis e as execuções de prisioneiros passaram a acontecer somente em Huntsville com o uso da cadeira elétrica. Antes disso, os condenados à morte no condado de Dallas eram enforcados nessa cadeia. Três salas de execução ainda existem no andar superior, assim como um quarto de batismo contendo uma velha banheira cercada por obras de arte religiosas criadas pelos próprios detentos. Diz a lenda que o local é assombrado.

Terminal Annex Posting Office
Terminal Annex Posting Office

Bem menos chamativo é o prédio onde funcionava o Terminal Annex Post Office, originalmente construído como a mais moderna sede dos correios do país. Com detalhes modestos e cor creme, ele possui elementos de art deco. O elegante lobby é decorado com murais criados por Peter Hurd. A última carta foi postada ali em 1978, mas a estrutura só foi renovada dez anos depois. Atualmente, serve como sede do General Services Administration e de diversos escritórios do governo federal.

Reunion Tower
Reunion Tower

Dali é pertinho de ir para a Reunion Tower. Se erguendo a uma altura de 170 metros sobre o elegante hotel Hyatt Regency Dallas, a torre domina a paisagem da cidade com seu geodésico domo, principalmente à noite, quando recebe a iluminação. A construção teve início em 1976 e foi concluída dois anos depois. Uma renovação interna foi feita em 2008 e as luzes originais foram substituídas por um sistema programável de LED que permite a mudança de cores e animações. As mudanças são feitas de acordo com dias comemorativos, estações do ano ou outros eventos.

Iluminação do Cloud Nine Café a noite
Cloud Nine Café

A subida proporciona uma vista espetacular em 360° da cidade e da região, tanto na parte interna quanto externa. O Geo-Deck tem várias telas interativas que permitem ter detalhes da história da cidade e da própria torre e também telescópios de uso gratuito. Subindo um lance de escada se tem acesso ao Nine Cloud Café. O legal do bar é que você pode sentar em qualquer umas das mesas e ter a vista de todos os ângulos, já que a estrutura gira lentamente.

Union Station
Union Station

Originalmente chamado Dallas Union Terminal, esse prédio em estilo Beaux-Arts integrou cinco estações de trem em uma, fazendo com que a cidade se tornasse o maior centro de transporte do sudoeste dos Estados Unidos. Eu não fiz nenhuma viagem de trem para lá, mas passei pela Union Station para apreciar sua bela fachada. O segundo andar da sala de espera possui um belo teto abobadado e três grandes janelas, sendo atualmente usado para eventos especiais e recepções. Em um dos dias parecia estar rolando um casamento lá. Já o primeiro andar continua com as suas funções originais, servindo passageiros das empresas Amtrak (trem) e DART (metrô de superfície).

Ferris Plaza
Ferris Plaza

Após a conclusão das obras da Union Station em 1916, líderes civis e filantrópicos endossaram a ideia de um parque público que servisse como uma entrada luxuosa para a cidade. Assim surgiu a Ferris Plaza, cujo nome é uma homenagem ao banqueiro que financiou a fonte central, Royal A. Ferris. A inauguração do parque se deu em 1925 como parte do plano geral da cidade preparado pelo famoso arquiteto e urbanista George Kessler. O projeto foi elaborado após os danos causados por uma grande enchente em 1908 e previa melhorias imediatas e a longo prazo.

The Dallas Morning News
The Dallas Morning News

Também em volta da praça está o Dallas Morning News Building, projetado para abrigar a sede do mais antigo jornal da cidade. Na estrutura imponente ficavam prensas de 650 toneladas e cerca de três andares de altura. George Dahl projetou um prédio que expressava perfeitamente as ideias progressistas do líder comunitário e então editor do jornal George Bannerman Dealey – o mesmo da primeira praça que eu falei lá em cima. Na fachada de granito e arenito está escrita a sua famosa frase direcionada aos profissionais da área: “Construa a notícia sobre a rocha da verdade e da justiça. Conduza-a sempre nas linhas da justiça e da integridade. Reconheça o direito das pessoas de obter do jornal ambos os lados de todas as questões importantes.”

WFAA Building
WFAA Building

Também projetado por Dahl foi o WFAA Building, aberto em 1961, quando a televisão e o rádio eram parte da mesma companhia que comandava o Dallas Morning News. Com seis mil metros quadrados, o prédio foi a maior rede de transmissão construída sob encomenda do país para uma única estação. Ali ficavam abrigados equipamentos de última geração e a estrutura tinha um inovador telhado de placas dobradas de concreto.

Lubben Plaza Park
Lubben Plaza Park

Depois aproveitei e passei por mais uma praça, essa chamada Lubben Plaza Park. Achei essa área a mais agradável do centro para sentar, descansar, ler um livro e comer um lanchinho levado na mochila. Não tinha quase ninguém por lá e era possível relaxar em um dos muitos bancos sob a sombra das árvores, que estava com as folhas bem coloridas no outono, depois de tanto bater perna para cima e para baixo. O espaço foi criado no final da década de 1980 e não tem nenhuma referência a tragédias locais ou à colonização da área que se tornaria a cidade, sendo apenas uma área tranquila que te faz sentir como se tivesse saído do centro. Os jardins também servem como casa para obras de arte públicas. Há três modernas esculturas no parque.

Harrow, no Lubben Plaza Park
Harrow, no Lubben Plaza Park

A que mais me chamou a atenção foi um grande cone de aço chamada Harrow. Eu estava tirando fotos e, de tempos em tempos, o negócio fazia um barulho metálico que me deixou intrigado – confesso que achei que tinha alguém lá dentro, mas não encontrava nenhuma abertura. Na verdade, a obra criada por Linnea Glatt faz um movimento lento automaticamente. Cheguei a essa conclusão ao observar as marcas na areia e não ter muito sucesso em empurrar aquela coisa gigante (vai que rolava). De qualquer maneira, não dá para perceber o deslocamento em pouco tempo porque ela só completa uma volta completa no período de 24 horas. As outras obras são Journey to Sirius, criada por George Smith, e o portal Stele Gateway, de Jesus Bautista Morales.

Pegasus Red Flying Horse
Pegasus Red Flying Horse

Já fora do parque, em frente ao luxuoso Omni Dallas Hotel, é possível ver um dos maiores ícones da cidade: a escultura Pegasus Red Flying Horse. Originalmente, a figura ficava no alto do Magnolia Building, também no centro da cidade. O desgaste da estrutura fez com que ela fosse retirada e substituída por uma mais nova. Após 15 anos perdida, a estrutura foi encontrada, restaurada e colocada em frente ao hotel. Já no local original, atualmente o Mangnolia Hotel Downtown, o irmão mais novo fica no alto do prédio. A praça ao lado se chama Pegasus Plaza e o símbolo aparece em vários elementos da cidade.

Pioneer Plaza
Pioneer Plaza

A Pioneer Plaza é um parque criado em 1994 onde se destaca uma grande instalação de esculturas que representam o velho oeste americano. A obra relembra as manadas de gado do século XIX ao longo da Shawnee Trail, uma antiga rota percorrida para levar os animais até as ferrovias do norte. As 49 figuras em bronze e 3 esculturas de cavaleiros foram criadas pelo artista texano Robert Summers. Juntos, forma-se o maior monumento em bronze desse gênero no mundo. O efeito dramático é aumentado pela paisagem artificial composta por um morro de calcário, uma cachoeira e um riacho. Já na parte de cima fica o Pioneer Park Cementery.

Giant Eyeball
Giant Eyeball

Uma escultura totalmente diferente da anterior, mas que também chama bastante atenção no centro da cidade, é a Giant Eye Ball. Criada pelo artista americano Tony Tasset, a obra tem o nome de Eye, mas é chamada popularmente por “olho gigante” devido às suas dimensões, já que tem a altura de um prédio de três andares. Assim como o pegasus, essa escultura também fica em frente a um hotel, no caso o The Joule. A hospedagem é conhecida por adquirir e expor obras de arte contemporâneas, mas nenhuma delas tem o apelo visual dessa, que foi modelada com base no olho do próprio artista. Weird.

Expanding Universe Hall
Perot Museum of Nature and Science

Falando em arte, teve alguns atrativos do centro da cidade que eu, infelizmente, não tive tempo de visitar, como o Dallas Museum of Art e o Nasher Sculpture Center. Eu fui, entretanto, em um outro tipo de museu. O Perot Museum of Nature and Science possui exposições interativas sobre animais pré-históricos e atuais, a dinâmica da Terra, a produção de energia, o funcionamento do corpo humano, o sistema solar e as galáxias, a mecânica e a robótica e outros. Foi um dos passeios que eu achei mais interessante porque permite que crianças e adultos adquiram conhecimento de forma divertida e intuitiva.

World Aquarium
World Aquarium

Outra atração que eu só passei na porta e não entrei foi o Dallas World Aquarium. Aberto em 1992 em um antigo depósito que teve sua área interna esvaziada e reconstruída, esse aquário e zoológico possui exposições temáticas que reproduzem florestas, oceanos e tanques de vida aquática separadas por locais como Japão, Indonésia, Sri Lanka, Bahamas, Ilhas Fiji e outros.

Eu confesso que tenho ficado na dúvida sobre visitar esses espaços com animais. Por um lado, eles estão tirando bichos de seu habitat natural e os expondo para a curiosidade e prazer dos seres humanos. Por outro, existe um trabalho de conservação e educação ao abrigar espécies ameaçadas de extinção, garantindo a reprodução segura e proporcionando a conscientização da população. Ainda é um assunto sobre o qual eu tenho muito o que pensar.

Também há alguns lugares que ficam mais afastados do centro e que eu também visitei, como o George W. Bush Presidential Library & Museum, ou que eu gostaria de ter ido, como o Arboretum and Botanical Gardens e o Dallas Zoo (mais uma vez com a dúvida sobre os animais).

Falando nisso, eu também me hospedei fora do centro histórico para economizar. O hotel escolhido foi o Best Western Market Center. Até dava para ir à pé até os atrativos, mas, dependendo do horário e do cansaço, eu preferia pegar um transporte – principalmente no fim do dia. No mapa interativo acima é possível ver todos os locais que eu conheci ou citei nas minhas postagens. Aproxime para ver mais detalhes ou afaste para englobar os pontos mais distantes.

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