A história dessa catedral reflete os desenvolvimentos políticos e as condições econômicas de Berna, fundada em 1191 pelos condes de Zähringen. No século XII, já havia ali uma capela do mosteiro agostiniano de Könis. Em 1276, o rápido crescimento da cidade refletiu em sua separação dessa paróquia, dando origem à construção de uma igreja muito maior. Enquanto isso, os franciscanos e dominicanos já haviam fundado mosteiros em Berna.

Já no século XIV, Berna começou a conquistar territórios próximos e se desenvolver. Em 1405, um incêndio devastador destruiu grande parte da cidade, dando início a um trabalho de restauração que resultou em um boom na indústria da construção e trouxe muitos trabalhadores estrangeiros para a região. Com a dominação do Aargau, em 1415, e o aumento dos privilégios reais, a cidade foi capaz de aumentar a sua independência e poder. Para mostrar sua superioridade, foi iniciada a construção da atual igreja, em 1421. O Estado era, ao mesmo tempo, o cliente e o principal patrocinador da catedral. Para comandar os trabalhos, trouxeram o mestre de obras Matthäus Ensinger de Strasbourg. A catedral, o hoje impressionante prédio do centro histórico da capital da Suíça, foi erguida em volta da igreja anterior, que só foi demolida quando foi possível realizar as missas no coro do novo edifício.

Sobre o portal principal está uma das mais completas coleções de esculturas europeias do estilo neogótico, provavelmente criada entre 1460 a 1480. Ali está representado o Juízo Final, momento que os cristãos acreditam que os pecadores (sem roupa, à direita) serão separados dos fiéis (com trajes brancos, à esquerda). A figura central que segura uma espada é o Arcanjo Miguel. As 47 estátuas maiores são réplicas, já que os originais estão no Bernisches Historisches Museum. Já as 170 figuras menores são originais. O último julgamento foi todo feito pelo escultor Erhard Küng, o que dá à obra um caráter de unidade. A única peça assinada por outra pessoa é a da justiça, feita por Daniel Heintz após 1571.
Desde o início, houve a possibilidade de promover fundações privadas na catedral. Especialmente a partir da década de 1440, várias famílias ricas tiveram suas capelas laterais privadas criadas, como evidenciado por numerosas pedras abobadadas e vitrais. Depois da metade do século, as pessoas comuns passaram a impulsionar a construção.

Já em 1528, o processo de reforma protestante trouxe consequências para a estética da catedral. Sob a influência de Huldrych Zwingli, a maior parte das decorações foi retirada e destruída, incluindo os vários altares financiados pelas famílias abastadas da sociedade. Algumas das esculturas foram usadas como material de preenchimento do terraço, sendo sido redescobertas em 1986. Atualmente, essas obras de arte encontram-se em exposição no Bernisches Historisches Museum.
Como consequência, temos um ambiente interno sem pinturas e figuras. As únicas estátuas que restaram foram as do portal principal que representam o Juízo Final.

A catedral é o maior e o mais importante edifício neogótico da Suíça. Seus vitrais são considerados os mais valiosos de todo o país, sendo que algumas datam de 1441 a 1450, na era medieval. É possível observar brasões e escudos ao lado de imagens religiosas. A abóbada e as bancas do coro e o portal principal com sua rica decoração também são de grande destaque, já que pouco sobrou em termos decorativos após a reforma da igreja católica.

A grande janela do coro foi feita em Ulm em 1441, tendo sido transportada para Berna. A abóbada no teto data do período imediatamente anterior à reforma protestante. É decorada com 87 santos representando o paraíso. A pintura ornamental foi feita por Niklaus Manuel, o mais notável artista bernense da época.

O ambiente também é marcado pelos bancos em estilo renascentista feitos com madeira de carvalho. O trabalho foi realizado por Jacob Ruess e Heine Seewagen entre 1522 e 1525. Cenas bíblicas são mostradas nas partes externas dos bancos, enquanto as figuras que decoram os assentos retratam as pessoas da vida cotidiana.

Extensas pesquisas realizadas nos últimos anos revelaram que a igreja era equipada com dois grandes órgãos, um na parede norte da nave e outro no coro. Durante a reforma, eles foram removidos: a música era arte e nada tinha a acrescentar nos cultos. Huldrych Zwingli atacou sobretudo a música de órgão, a qual considerava “a gaita de foles do diabo”. Apenas 200 anos depois voltou-se a ter música na catedral. Em 1729, o instrumento principal foi construído e deu início do período barroco na cidade. Já em 1829, um segundo órgão foi instalado junto ao coro, no mesmo local daquele de 1450. Atualmente, há ainda um terceiro, mais moderno.

O topo da torre só foi adicionado entre 1889 e 1893. Atualmente, ela chega a 101 metros de altura, sendo a torre mais alta da Suíça. É possível fazer o passeio de subida da torre pagando uma pequena taxa. Dali, é possível observar toda a cidade e também ver os sinos da catedral. Já a entrada na igreja é gratuita. As medidas da catedral são de cerca de 87 metros de comprimento, 38 de largura e 21 de altura, se destacando na paisagem da cidade.