A monumental kathedrale da cidade teve suas origens com a chegada do monge Gallus ao local. O eremita construiu ali sua casa, onde depois foi enterrado, por volta de 640 d.C. A partir de então, os novos edifícios erguidos ali incluíram seu túmulo. Próximo ao ano de fundação do mosteiro, em 720 d.C., foi construída a primeira igreja de pedra da congregação. No século seguinte, ela atingiria seu comprimento atual. Já no século XV, um novo coro foi construído em estilo gótico.

A estrutura atual, entretanto, foi construída no século XVIII. Isso aconteceu porque a estrutura original estava muito deteriorada, o que levou à demolição a partir de 1755. A igreja, cuja arquitetura é considerada um dos últimos exemplares do barroco tardio, possui um plano de piso alongado e retangular, com a rotunda inserida como um transepto. Para quem visita o local, é interessante ir para a parte de trás da igreja, voltada para o jardim, onde fica a fachada oriental. Ali é possível observar as duas torres, finalizadas em 1577, que se destacam da construção com seus 68 metros de altura. Nove sinos, datados dos anos de 1616 a 1768, estão distribuídos nas duas torres. Na parte central da fachada, entre os dois relógios, fica a imagem da coroação de Maria pela Santíssima Trindade. Logo abaixo aparecem as esculturas de São Maurício e Desiderius.

A entrada gratuita se dá pela fachada oposta, bem mais simples do que a oriental. As obras em estuque, uma mistura de gesso, água e cal usadas como revestimento decorativo, foram criadas por Johann Georg e Matthias Gigl em tons esverdeados que contrastam bem com a cor branca das paredes e pilastras e o escuro das pinturas do teto. É incrível a abundância de formas das plantas, que contam com milhares de combinações e arranjos. A mesma técnica é usada em outros detalhes da decoração nas cores salmão, amarelo, ocre e violeta, além do verde, espalhados por toda a igreja.

O altar-mor só foi construído após a abolição da abadia. O escultor Josef Simon Moosbrugger moldou-o no estilo clássico e equipou-o com uma pintura já existente de Giovanni Francesco Romanelli, de 1644/45, que mostra a Assunção de Nossa Senhora. Também chama a atenção no santuário os bancos de ouro, criado sob a direção geral do escultor Josef Anton Feuchmayer. Os relevos sobre o coro retratam cenas da vida de São Bento. Ali há uma grade turquesa-dourada que, originalmente, servia como subdivisão entre o quarto dos monges e a área dos visitantes. Essa grade marca o centro da igreja.

Próximo ao coro, que aparece à esquerda na foto acima com seus dois órgãos em lados opostos, está a descida para as criptas, onde estão os restos mortais de três príncipes de St. Gallen. Quando eu visitei a igreja essa área não estava acessível, mas li que em um nicho na parede leste, há um fragmento de crânio em exibição que acredita-se ser uma relíquia do monge Gallus, já que estudos científicos apontaram ser do período compreendido entre 601 e 807 anos d.C.

Da pintura do teto, destaca-se o trabalho da cúpula da rotunda feito por Josef Wannenmacher, que mostra o paraíso com 60 santos organizados em nuvens espirais. Eu achei super diferente essa catedral toda branquinha, de visual clean, com as pinturas bem escuras. Você percebe a sua particularidade principalmente em comparação com a Kirche St. Laurenzen, que também possui um visual único com as suas paredes decoradas por formas geométricas em cores sóbrias. Por essas e outras eu acho interessante entrar em tudo quanto é lugar permitido, pois uma experiência acaba por enriquecer a seguinte.

Outro destaque da Stiftskirche é que a catedral possui três órgãos, cuja história remontam à Idade Média. No tempo da reconstrução barroca da igreja, havia apenas os dois órgãos do coro, que foram construídos em 1768 e 1770 por Victor Ferdinand Bossard. Somente entre 1808-1810 é que a kathedrale recebeu a grande galeria ocidental (nos fundos da igreja) e foi construído um novo e grande órgão principal por Franz e Josef Frosch, de Munique. Este instrumento foi substituído nos trabalhos de restauração geral da igreja, entre 1961 e 1967, mantendo apenas as duas torres laterais do pedal da versão anterior.