A religião católica tem uma importância e abrangência tão grande que todas as cidades de todos os países que eu visitei até agora tem alguma igreja como um dos seus pontos turísticos mais famosos. Em Arequipa não é diferente, já que a Catedral Basílica de Santa María se destaca no centro histórico da cidade como um monumento grandioso da arquitetura e história local.
O local da construção da Iglesia Mayor foi determinado no mesmo dia da fundação da cidade, em 15 de agosto de 1540. Infelizmente esse primeiro edifício foi destruído por um terremoto em 1583. O mesmo fenômeno, dessa vez combinado com a violenta erupção do vulcão Huaynaputina e chuvas de granizo, frustraram os esforços da reconstrução nos anos seguintes. Parece que Deus estava bravo com alguém.

A catedral finalizada em 1656 possuía cerca de 84 metros de largura e 25 de altura, contando com 8 pilares, 5 capelas, 22 arcos e 15 abóbadas. Assim como a original, foi erguida com as pedras esbranquiçadas de origem vulcânica que marcam a paisagem da cidade, as ingnimbritas. Ao longo dos séculos seguintes, passou por diversas reformas, principalmente para reparar os danos causados por novos tremores de terras, além de um grande incêndio ocorrido em 1844, que também destruiu muitas pinturas, esculturas e móveis.

Nos anos seguintes, esforços foram feitos para produzir peças e joias, projetadas pelo espanhol Francisco Moratilla, então joalheiro da monarquia espanhola, para adornar o local. Também foi feito o altar principal sob o comando do arquiteto italiano Guido. Na mesma época, o relógio da torre encomendado da Inglaterra. O órgão e 12 esculturas em madeira representando os apóstolos foram trazidos da Bélgica. Da história mais recente, destacam-se os estragos causados por um forte terremoto ocorrido em 2001, que destruiu a torre esquerda e danificou a direita. A restauração se deu no ano seguinte.

A visitação à parte interna da igreja é livre, com a entrada sendo feita pelas portas laterais. Pode ser observado o estilo neoclássico trazido pelas reformas após o ano de 1844, o órgão belga que é um dos maiores da América do Sul, um grande abajur de origem espanhola, o púlpito neogótico francês feito pelo artista Buisine Rigot em Lille, os mármores de Carrara do altar principal e móveis e adornos entalhados em madeira europeia. Para uma visita mais completa, entretanto, é preciso fazer o tour guiado oferecido pelo Museo de la Catedral de Arequipa. Além do ingresso, é preciso pagar uma propina para o guia, ou seja, dar uma gorjeta ao final do passeio.
Além de conhecer melhor a história da basílica a partir das explicações oferecidas pelo guia, essa visita mais completa permite o acesso à parte superior, dando uma nova perspectiva da arquitetura. É permitido tirar fotos, inclusive em algumas das salas de exposição, como as vestimentas e acessórios luxuosos utilizados pelos padres.

O ponto mais alto (hue hue) da visita é a subida até o terraço. Além de ver as torres e os sinos em todos os seus detalhes, é possível ter uma vista de 360° da cidade, incluindo os vulcões. É estranho pensar como as pessoas se sujeitam a morar em locais tão propensos a catástrofes naturais e climas intensos com tanto lugar que tem no mundo. Mas vendo por outro lado, acho que não temos assim tanta escolha já que nos sujeitamos a viver em cidades grandes marcadas pela violência e outros tantos problemas. Enfim, dali de cima também se tem uma bela visão geral da Plaza de Armas.
O museu funciona de segunda a sábado, das 10 às 17h. A entrada é feita pela lateral esquerda da basílica.

Como eu fiquei hospedado no Hostal Maison Plaza, acabei passando pela praça em vários momentos do dia. Essa foto eu tirei de manhã logo cedo, mas também recomendo passar pelo local a noite, quando a catedral recebe uma iluminação especial.
Para quem preferir ter mais informações sobre a história local, uma boa opção é reservar o Free Tour por Arequipa, que passa pelos mais importantes pontos do centro histórico. Ao final do passeio, você pode dar como gorjeta para o guia o valor que achar mais justo. Entre os pontos visitados durante o trajeto, que é feito à pé, estão o Complejo San Francisco, a Plaza de Armas, a Catedral Basílica de Santa María e outros.