Assim como nas Islas Uros, fiz esse passeio com a agência Titicaca Tour. O tour é feito no período da tarde, iniciando com a busca no hotel – nesse passeio tinha uma quantidade maior de pessoas, então era um ônibus grande. Outra possibilidade é fazer a reserva online já com os preços em reais. Sillustani fica a 34km de distância do centro de Puno, o que representa uma viagem de uns 50 minutos.

Chegando ao local, o ônibus para no estacionamento e percorremos o restante do caminho à pé. Ali se concentra um número considerável de barraquinhas com artesanato local bem característico da região, principalmente com roupas de frio, toalhas e mantas bordadas, bolsas e souvenirs temáticos. Essa é também a oportunidade de ir ao banheiro, pelo uso do qual se paga um valor irrelevante. Obviamente não é o ambiente mais limpo ou cheiroso do mundo, longe disso. Mas dá para aliviar as necessidades.

O caminho é curtinho e quase plano, feito pela estrada asfaltada. Quando chegamos ao destino, é preciso subir umas escadarias de pedra. O guia alerta para que se mantenha um ritmo lento, pois estamos a uns 3.800 metros de altitude do nível do mar e um dos efeitos do ar mais rarefeito é o cansaço físico. Eu já estava totalmente aclimatado, já que tinha estava viajando há vários dias. Mas quem chegou há pouco tempo do Brasil pode sentir tonturas, dor de cabeça e outros sintomas.

Ainda na escadaria, paramos para descansar ouvir a explicação sobre um entalhe em formato espiral que se encontra em uma grande pedra. O desenho teria sido feito no período do Império Inca, entre 1450 e 1532 d.C. e representa uma serpente. A presença dessa marca faz sentido pelas crenças incas. A civilização acreditava que três animais estariam associados aos planos espirituais: o condor possui a visão do mundo de superior, representando a elevação espiritual; o puma está ligado ao mundo dos homens, sua coragem e força ligada ao trabalho; já a serpente é a guardiã do mundo dos mortos e possui relação com a sabedoria e o amor.
Sillustani está diretamente ligada ao mundo dos mortos, já que se trata de uma das maiores necrópoles do mundo. A palavra é associada a campos santos anexos a centros de grandes civilizações e provém do grego necros (cadáver) e polys (cidade). Ou seja, estamos visitando um grande cemitério.

Sillustani foi povoada em épocas anteriores, mas as evidências mais consistentes apontam para a ocupação sob a influência Pukara (800 a.C. – 500 d.C), Qolla (1100 d.C. – 1450 d.C.) e Inca (1450 d.C. – 1532 d.C.). Destacam-se na paisagem as Chullpas e Estruturas Cerimoniais erguidas por essas duas últimas civilizações.
As Chullpas são as sepulturas altas compostas de pedras e barro, muitas vezes mais imponentes e decoradas do que as moradas utilizadas durante a vida dos indígenas, tamanha era a importância que davam para essa passagem para o mundo dos mortos.

A Chullpa Hatunwasi Chambilla é a mais famosa, pois é imponente e bem conservada. Pertencente ao período Inca, foi construída com enormes pedras esculpidas, ficando mais larga em direção ao topo. A estrutura possui 5,5 metros de diâmetro e 8,60 de altura. Sobre a sexta camada de pedra, há uma borda elevada com efeito ornamental. As juntas, na união das pedras, são bem finas e quase uniformes, ajustadas com precisão. Apesar disso, permitem uma certa flexibilidade, provavelmente devido à possibilidade de terremotos.
Antes de ser colocado na tumba, o cadáver era mumificado em posição fetal. Juntamente com a múmia, eram dispostos seus pertences como ornamentos de ouro e prata, utensílios de cerâmica e alimentos. Tanto os objetos quanto a posição do corpo retratam a crença de que aquelas pessoas ressuscitariam em outra parte, onde haveriam de comer e beber.

As estruturas possuíam uma pequena porta, sempre voltada para o lado leste, que servia para permitir a comunicação do espírito com o Deus Sol. Podem ter sido utilizadas também para colocar mais alimentos no local. A entrada era muito pequena para que fossem introduzidos os corpos, então acredita-se que as tumbas eram fechadas depois que tudo já estava preparado.
Apesar de estar ligado à morte, o local não deve ser visto como triste ou pesado. As civilizações antigas consideravam os cemitérios lugares de descanso e renascimento, elegendo regiões bonitas para construir seus cemitérios, espaços que consideravam sagrados. O ponto elevado à margem da Laguna Umayo e rodeado de montanhas é cheio de encanto, passando a sensação de paz e harmonia.

Ficamos lá por cerca de uma hora e partimos de volta a Puno. Quem viaja no mesmo dia a partir do aeroporto tem a opção de seguir por outro caminho, já que Sillustani está mais próximo de Juliaca do que Puno. Para quem volta para a cidade, passamos ainda por uma pequena comunidade onde é feita uma rápida visita, mas eu nem quis descer porque já estava cansado e não achei interessante. Espera-se uma propina (gorjeta) para os moradores locais.
Pensei em fazer esse Tour quando estive em Puno, mas não deu tempo. Parece ser bem interessante.
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Eu gostei bastante. Mas teve vários outros tours que não tive tempo de fazer no Peru, esse país é incrível!
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Oi, tudo bem? Você gostou dessa Agência? Vou para o Peru em outubro e vi na página deles alguns tours interessantes…
Abraço e parabéns pelo post
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Eu gostei, fiz dois passeios com eles no mesmo dia. Esse e o das ilhas flutuantes. Deu tudo certo!
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Olá,
Será que da pra fazer essa passeio por conta própria? Como por ônibus.
Obrigada,
Bruna
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Eu vi carros e ônibus de turismo lá, já ônibus de viagem não sei. Pode ser que dê… mas, nesses casos de lugares históricos, acho que as explicações de um guia enriquecem bastante a visita.
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