Morro de São Paulo – Igreja Nossa Senhora da Luz

A maioria das pessoas que vão a Morro de São Paulo chegam no Terminal Marítimo, já que a outra opção é ir em aviões com capacidade limitada e preço lá no céu (haha). Logo na entrada da cidade, após subir uma rampa que faz todo mundo pensar duas vezes se não deveria ter contratado um taxi, vulgo carrinho de mão, para o transporte das malas, está a Igreja Nossa Senhora da Luz, em homenagem à padroeira local.

A devoção a Nossa Senhora da Luz teve início em Portugal. Conta a lenda que Pêro Martins, um humilde homem nascido e criado em Carnide, próximo à Lisboa, se encontrava preso na África em 1463, época em que Portugal realizava incursões marítimas em busca do domínio de terras nesse continente. Sem esperanças com seu destino, o homem recorria a orações a Nossa Senhora, que passou a aparecer em seus sonhos, através dos quais lhe teria dito que ele acharia sua luz e imagem quando voltasse a sua cidade natal.

De volta a Portugal, Pêro Martins contou a Inês Anes, sua esposa, e Lopo Simão, seu primo, sobre esses sonhos. Na época, relatos de moradores de Carnide davam conta da existência de clarões ou luzes próximos a uma antiga fonte de mergulho, no meio de um matagal espesso. Ao chegar ao local, os três roçaram o mato, revolveram as pedras e lá encontraram, sob uma laje de mármore, a imagem de Nossa Senhora. Ali foi erguido um altar, junto à Fonte do Machado, e iniciou-se a devoção de Nossa Senhora da Luz. No dia 2 de fevereiro, quarenta dias após o nascimento de Jesus, é realizada a Festa da Luz, também conhecida como Festa de Nossa Senhora da Luz, Festa das Candeias ou Dia do Consagrado.

A Pequena Capela no Alto do Morro, da mesma padroeira, foi construída entre os anos de 1610 e 1612 na região onde atualmente se encontra o Farol de Morro de São Paulo, na Bahia. A construção da igreja no centro da vila teve início em 1628. Sua função seria substituir uma antiga capela, que estava desabando. Em estilo barroco, a igreja só acabou de ser construída em 1845. Sua história conta com vários episódios de depredação e roubos – praticamente todo o acervo histórico foi levado, inclusive peças em ouro e prata e imagens sacras, algumas delas do século XVII. Os objetos foram levados, principalmente, por moradores da vila.

As imagens e o altar, feitos de madeira, também ficaram bastante deteriorados devido a infestações de cupins. Desde 2004, a igreja vem sido restaurada e mantida com o dinheiro doado pela população local e pelos turistas. Atualmente, ela continua a ser usada para a celebração de missas. Assim como outras igrejas antigas, o chão é marcado pela presença de lápides. A data mais antiga é de 1869. Nessa época, poucas pessoas, entre nativos e moradores locais, tiveram o privilégio de serem enterradas dentro da igreja. Acreditava-se que, assim, elas ficariam mais próximas de Deus.

A igreja, embora bastante simples, é bonita e pode ser visitada pelos turistas gratuitamente. A última reforma se deu em 2012, quando o Governo do Estado financiou a restauração do telhado. O altar e as imagens também estão em boas condições – pelo menos o que restou de sua história. Há também ali alguns painéis que contam a história de Morro de São Paulo, destacando fatos importantes como as primeiras ocupações por parte dos portugueses, a construção de monumentos, a visita de Dom Pedro II e a participação na Segunda Guerra Mundial.