Fachada oeste da Notre-Dame

Paris – Arquitetura, história e arte da Notre-Dame

A Notre-Dame é uma hiper catedral, lindíssima, poderosíssima, famosérrima e trilionária. E tem razão para isso tudo, afinal de contas, é um dos mais belos exemplares da arquitetura gótica francesa e está repleta de história e arte. A fachada principal, cuja construção começou em 1200, possui 41 metros de largura e 63 de altura até o topo das torres. Mas é observando os detalhes que se entende melhor o por quê de ser uma construção tão admirada. Do ponto de vista simbólico, o quadrado representa o que foi criado, o espaço limitado. Já o círculo, em destaque no centro da fachada, é a perfeita figura do que não tem fim ou começo, a imagem de Deus. As cabeças da Virgem e de Jesus se posicionam exatamente no centro desse círculo, demonstrando a aceitação de Deus por Maria na forma da criança, que entra no mundo mortal e é apresentada à cidade. Além disso, a forma redonda cria uma auréola em volta da cabeça de Maria. Se dá para acreditar que o projeto foi definido buscando essa interpretação… tenha fé.

Portais da Notre-Dame | Foto: Behn Lieu Song
Portais da Notre-Dame | Foto: Behn Lieu Song

A fachada é cortada por uma faixa com 28 estátuas que representam os reis de Judah, descendentes de Jesse e ancestrais de Maria e Jesus. Adicionadas à catedral no século XIII, essas estátuas acabaram associadas aos reis da França. Por isso, durante a Revolução Francesa, as obras foram atacadas e mutiladas como símbolos do despotismo real. Logo abaixo delas estão três portais: o da direita é conhecido como o portal de Santa Ana; à esquerda está o portal da Virgem; e, na parte central, o portal do Último Julgamento. O portal de Santa Ana, o primeiro a ser instalado, mostra a Virgem com Jesus no colo e o Livro das Leis. O portal da Virgem foi construído entre 1210 e 1220 e mostra a morte de Maria, sua subida aos céus e coroação como Rainha do Paraíso. Já o portal do Último Julgamento, feito entre 1220 a 1230, mostra os mortos sendo ressuscitados de suas tumbas e o arcanjo Miguel pesando suas almas de acordo com o que viveram na terra e o amor que demonstraram a Deus – os escolhidos são conduzidos por Cristo para o paraíso, enquanto os condenados vão para o inferno com o capeta.

Rose nord | Foto: Oliver Mitchell
Rose nord | Foto: Oliver Mitchell

Outro grande destaque da Catedral de Notre-Dame de Paris são os vitrais, com destaque para as rosas. O termo rosa é usado para descrever uma janela circular, principalmente as divididas em vários segmentos e encontradas em igrejas de estilo gótico. Ambas foram construídas em 1270 e possuem 12,90 metros de diâmetro, chegando a quase 19 metros se forem somados os arcos perfurados sobre os quais se encontram. O tema da rose nord, sem muitas alterações do original, é o Antigo Testamento, com predomínio da cor violeta que mostra a longa noite de Israel esperando o messias. São oitenta medalhões representando juízes, profetas, reis e sacerdotes que rodeiam, em três círculos, a imagem da Virgem com o Menino Jesus, ao centro. Já a rose sud foca no Novo Testamento, com a figura central de Cristo sentado em um trono, os apóstolos distribuídos nos dois primeiros círculos, o livro dos sete selos e o Cordeiro do Apocalipse na parte inferior, anjos e profetas. Essa rosa apresenta muitas mudanças da restauração realizada nos séculos XVIII e XIX. Já a rose ouest, disposta na fachada principal da catedral, é a mais antiga de todas e possui 9,60 metros de diâmetro. No primeiro círculo, os doze profetas aparecem em volta da Virgem com Jesus, anunciando a encarnação. Na parte superior foram colocadas as doze virtudes e seus opostos, enquanto a parte inferior mostra os doze signos do zodíaco. Além das rosas, vários outros vitrais encontram-se na catedral.

Tesouro | Foto: Mossot
Tesouro | Foto: Mossot

O Trésor é formado principalmente por artefatos religiosos da igreja católica, como cálices sagrados, vestimentas, livros usados na celebração das missas e outros. Por muito tempo, essa coleção funcionou como uma reserva para os reis, tendo seus metais preciosos derretidos e pedras preciosas vendidas em tempos de crise. Os objetos mais antigos foram destruídos ou perdidos no período da Revolução Francesa, em 1789. A coleção foi retomada em 1804, mas novamente interrompida com as revoltas que marcaram o início da década de 1830. As reformas da catedral e a reconstrução da sacristia em 1849 pelo arquiteto Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc levaram, também, à reestruturação do Tesouro.

Emmanuel | Foto: Freedom Wizard
Emmanuel | Foto: Freedom Wizard

A visita às torres garantem uma bela vista de Paris, além de vários detalhes da arquitetura da catedral. É preciso subir os 387 degraus até o topo da torre sul, pois não há elevadores. Um dos destaques da visita são os sinos – um total de dez na Notre-Dame. O maior deles, Emmanuel, data de 1681, tem 261 cm de diâmetro e pesa 13.271 kg. Ele sempre é o primeiro a ser tocado, cerca de cinco segundos antes dos demais sinos. Na noite de 24 de agosto de 1944, quando as tropas francesas e aliadas entravam em Île de la Cité, o sino foi tocado para anunciar a libertação da cidade durante a Segunda Guerra Mundial. Os outros nove sinos são bem recentes, datando de 2013, e foram projetados com o objetivo de replicar a qualidade e o tom dos sinos originais da catedral.

Cripta | Foto: Jean-Pierre Dalbéra
Cripta | Foto: Jean-Pierre Dalbéra

A parte da cripta está do lado de fora da catedral, no lado oposto do átrio à frente da fachada principal. O sítio arqueológico foi descoberto durante escavações realizadas entre 1965 e 1972 e mostram a evolução da arquitetura da cidade, com elementos com mais de 2000 anos, medievais e dos séculos XVIII e XIX. As partes mais antigas são da cidade de Lutécia, que cresceu à margem esquerda do rio Sena durante o reino do imperador Augustus, no século I antes de Cristo. A partir daí, vários elementos como paredes e pilastras marcam a passagem dos anos. Ao todo, são 118 metros de comprimento e 29 de largura nas criptas, totalizando uma área de 2.200 m2.

Atenção: apesar da visitação à catedral ser gratuita, os passeios do tesouro, das torres e da cripta são pagos à parte. Informações sobre horários e preços podem ser encontradas na página oficial.

Reserva de passeio ou atração

Já no Free tour por Paris você faz um passeio guiado em espanhol e inglês com cerca de duas horas e meia e paga, ao final, o quanto quiser como gorjeta. São visitados a Catedral de Notre Dame, o Museu do Louvre, o Museu d’Orsay, o Palácio Real e o boêmio Quartier Latin, além de outros atrativos famosos. O legal é que você tem todo o panorâmica histórico de Paris, desde quando a cidade ainda era uma vila medieval, passando pela época em que foi capital do império de Napoleão, o centro da Revolução Francesa, a Belle Époque e a ocupação nazista em meados do século XX.

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