A tradução de Promenade Plantée seria algo como “caminho arborizado”, mas o nome oficial agora é Coulée Verte René-Dumont. Coulée verte pode ser traduzido como “corredor verde”. De qualquer maneira, os dois nomes dão uma boa ideia do local: um longo parque linear com árvores, trepadeiras, roseiras e outras plantas diversas. A atração foi criada por Philippe Mathieux e Jacques Vergely no final da década de 1980 como readequação do espaço anteriormente usado por uma linha de trem.

Você pode ir até o local de metrô pelas linhas 1, 5 ou 8 e descendo na estação Bastille. A entrada do parque fica atrás da Opéra Bastille – é só descer a Rue de Lyon em direção à Avenue Daumesnil. Ali você encontra uma escada que dá acesso ao caminho que segue, em sua maior parte, na altura do segundo andar dos prédios, o que garante uma boa vista da paisagem. A entrada é gratuita, mas o parque não fica aberto durante a noite. Para conferir o horário de funcionamento, que varia de acordo com a estação do ano, entre nesta página. Ao todo o caminho tem mais de 4 km de extensão, então dá também para começar o passeio na outra ponta, entrando pela Rue Edouard-Lartet (mas eu prefiro começando pela Bastille mesmo).

Na foto acima dá para ter uma noção da altura em que se encontra a maior parte do parque. Como a cidade é quase toda plana e sem prédios muito altos, dá para ter uma boa vista e observar a movimentação na rua, a arquitetura dos prédios ou até cuspir em quem está passando lá embaixo. O caminho suspenso foi criado em 1859 para a linha de trem Vincennes, que ligava a estação Bastille a Verneuil-Étang, passando por Vicennes. As operações se encerraram dez anos depois, com parte da estrutura sendo integrada ao RER. A parte entre Paris e Vicennes, entretanto, ficou abandonada. A partir de 1980, a área passou por um processo de renovação. Em 1984, a estação Bastille foi demolida e deu lugar à Opéra Bastille. O parque foi criado na mesma época para aproveitar a área restante da linha de trem abandonada, tendo sido inaugurado em 1993. Os arcos do Viaduc des Arts foram renovados nesse processo, em 1989. Por alguns anos, esse foi o único parque elevado do mundo (era uma linha de trens suspensa em relação à rua), até que a primeira fase de um parque similar foi concluída em Nova York, em 2009, originando o High Line.

A parte elevada do parque, além de passar pelo Viaduc des Arts, onde estão instaladas algumas lojas de artesanato e souvenirs, também corta prédios modernos. Literalmente, no caso acima. Além disso, a caminhada te leva a espaços mais abertos e diferentes jardins, então eu acho que vale muito a pena fazer o passeio completo – desde que você tenha bastante tempo na cidade e isso não comprometa a visitação de pontos turísticos que você considere mais importantes.

Como eu fui no inverno, as árvores estavam bem secas, mas eu acho bonito e até mais agradável de andar com temperaturas amenas, então para mim estava ótimo. De qualquer maneira, o clima em Paris não é tão rigoroso, então várias plantas ainda estavam com folhas. Pelo caminho tem bancos onde se pode ler um livro ou fazer um lanchinho. Na verdade, tem até uma parte com um pátio maior, com mesinhas sob as árvores, onde dá para fazer um piquenique básico e repor as energias. Bem agradável. Além da caminhada, há uma parte do Promenade Plantée que permite o uso de bicicletas.

Mais ou menos na metade do passeio, chega-se ao Jardin de Reuilly-Paul Pernin, um parque projetado por Pierre Colboc e Thierry Louf. Esse é o maior dos quatro parques por onde passa o corredor verde – os outros são Hector Malot, Reuilly Station e Charles Peguy. O projeto de readequação do lugar começou em 1998, sendo seguido pela construção do Promenade Plantée em si, ao qual está conectado. A maior parte esse jardim é formado por grandes gramados conectados a áreas temáticas, mas há também uma caverna, esculturas, fonte de água e outras amenidades.

Depois do Jardim de Reuilly-Paul Pernin, o caminho segue no nível da rua mesmo, passando por entre lojas e prédios. Pode parecer que o passeio perde um pouco a graça, afinal de contas passa de uma coisa original a uma caminhada normal pela cidade, mas eu acho que essa mudança de cenário é interessante para não ficar muito repetitivo.

A partir dessa parte no nível da rua, a paisagem muda um pouco, com o caminho te levando a passar por áreas com vegetação mais natural e túneis – sem a intenção de disfarçar a utilização original do caminho. No finalzinho, o Coulée Verte apresenta uma bifurcação, sendo possível seguir em frente por mais um pequeno trecho ou ir para a direita em direção ao último parque. Para mim, essa última é a melhor opção, pois fica mais fácil seguir até a estação Michel Bizot e pegar a linha 8 do metrô de volta para a parte turística da cidade. No mapa abaixo, a linha verde marca o percurso do Promenade Plantée.