Árvore samaúma

Floresta Amazônica – Árvore Samaúma

Durante a minha estadia no Dolphin Lodge, hospedagem de selva que fica às margens do Rio Paraná do Mamori, fiz passeios de barco em que pude ver uma árvore samaúma que se destacava na paisagem. Pelo menos era assim que o guia a chamava, mas ela também é conhecida como sumaúma, mafumeira, árvore-de-lã, paina-lisa, árvore-de-seda, kapok, puni, malpanka, ora, bongo, kumaka, lupuna e poilão.

Árvore mais alta da floresta
Árvore mais alta da floresta

Seja qual for o nome, fato é que ela atinge uma média de 60 a 70 metros de altura, o que equivale a um edifício de 24 andares, ficando bem acima da copa das árvores em volta. Algumas chegam a 90 metros e, por isso, é uma das maiores árvores da flora mundial. Não à toa, é referenciada como escada do céu pelos indígenas, mas também é chamada de árvore da vida. No caso do exemplar que visitamos, os galhos estavam pelados, mas ela não estava morta. Apenas passava pelo momento de troca de folhas, sendo a primeira da mata a iniciar o processo todos os anos.

Frutos felpudos
Frutos felpudos

As árvores adultas produzem um fruto com sementes que podem ser transformadas em adubo de plantas e ração para animais. Delas também se extrai um óleo usado para fabricar sabão, lubrificantes, combustível para iluminação e proteção contra ferrugem. Por fim, são rodeadas por uma fibra que mistura linho e celulose, sendo macia, amarelada, leve, inflamável e resistente à água, servindo como alternativa ao algodão para encher almofadas e colchões, além de isolamento térmico. Hoje em dia, esse material é substituído por versões sintéticas.

Lagarta no tronco
Lagarta no tronco

As sumaúmas podem viver até 120 anos. Na medicina tradicional, a planta é usadas para o tratamento de uma série de condições como: bronquite, diarreia, disenteria, doenças de pele, inflamações e furúnculos, artrite, conjuntivites, dores de cabeça, febre crônica, picada de insetos, retenção de líquidos e disfunções sexuais. Para isso, folhas, caules, raízes e seiva são usadas isoladas ou combinadas para criar chás e emplastros.

Marca d'água no tronco
Marca d’água no tronco

Outra característica marcante são suas raízes tubulares, as sapopemas, que no tupi significa “raiz chata”. Elas ficam acima do nível do solo e são grandes o bastante para criar compartimentos, chegando a atingir dez metros de altura. Muitas vezes, são transformadas em habitação pelos indígenas, caboclos e sertanejos. Quando golpeadas por facões, essas estruturas produzem um som que ecoa por longas distâncias. Por isso, serviam como meio de comunicação entre os povos da floresta através de códigos. Também me chamou a linha escura no tronco, marcando até onde chegou a água na última grande enchente do rio.

Passeio de canoa
Passeio de canoa

Como elas coletam líquido das profundezas do solo, podem fornecer água potável no verão. Inclusive, quando atingem certo nível de umidade, elas eliminam o excesso e irrigam todo seu entorno. Essas árvores não são exclusivas da Amazônia, estando presentes em diversos países, com algumas variações. Elas podem ser encontradas espalhadas pelo nosso continente, mas também são cultivadas para fins comerciais em solos africanos e asiáticos. 

Banho de rio
Banho de rio

Como essa visita foi mais rápida, aproveitamos uma parte da tarde para nadar no rio. Como são águas profundas e pode haver alguma correnteza, eu tomei a precaução de usar uma bóia. Mas isso não me impediu de ser mordido no pé por algum bicho não identificado, provavelmente um peixe que me confundiu com uma lagarta gigante e suculenta. Coisas da floresta selvagem.

Deixe uma resposta