Essa igreja fica pertinho do Hotel Tijuco, onde eu estava hospedado, no centro histórico de Diamantina. Com isso, eu passei várias vezes pela sua frente nos dias que fiquei na cidade e acabei encontrando-a aberta em alguns momentos. A construção começou em 1766, mas só foi totalmente concluída em 1830. Contando com doações de devotos, as obras foram comandadas pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis. Considerada um dos marcos da arquitetura mineira da época, apresenta estilo barroco com elementos decorativos em rococó e foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.
A Igreja de São Francisco de Assis, elevada em relação ao nível da rua e acessada por uma pequena escadaria, possui fachada composta por linhas sóbrias, bem marcadas pelas cores vermelha, azul e dourada nas paredes brancas. Chama a atenção a torre lateral do sino, que tem um relógio. Entre as varandinhas, encontra-se um óculo, nome dado à abertura na fachada localizada acima da porta. Ali também aparece o brasão da ordem composto por duas cartelas arrematadas pela coroa de espinho e dois braços com chagas, circundado por ornamentações em madeira.
A planta foi elaborada de acordo com o que era tradição nas capelas luso-brasileiras dos séculos XVII e XVIII. Começa com a nave que vai em direção à capela-mor, ladeada pela sacristia e pelo consistório. O coro fica acima da porta de entrada. A simetria só foi quebrada posteriormente com adição de novas salas, bem como da torre com o relógio. Acompanhando o desnível do terreno, a parte interna possui degraus que vão elevando os ambientes de acordo com seu nível de importância, chegando ao trono na parte mais alta. O mesmo efeito é alcançado com a iluminação.
A pintura no forro da sacristia, datada de 1795, representa São Francisco de Assis e o Cristo Crucificado circundados por uma rica trama de rocalhas, motivos florais e anjos, sendo atribuída a Silvestre de Almeida Lopes. A capela-mor ainda conta com um rico retábulo cuja pintura e douramento podem ser de José Soares de Araújo. As imagens incluem São Francisco acima, além de Santa Margarida e São Domingos nas laterais. Ao centro, encontra-se a Virgem da Conceição cercada por conchas, guirlandas e outros ornamentos, inaugurando a influência do rococó em seus trabalhos.
Apesar dos retábulos muito bem trabalhados, o restante da igreja parece simples. Documentos datados de 1793 e 1798 informam que foram feitas pinturas no corpo da igreja, que devem ter se perdido nos trabalhos de modernização realizados a partir de 1917. O douramento dos altares laterais em estilo neoclássico foram executados por Agostinho Luiz de Miranda no século XIX, sendo ele também o responsável pela pintura da fachada principal, em 1894.
Achei interessante disporem pequenos textos com informações históricas sobre os santos representados, incluindo: São Luiz, que tornou-se rei francês aos doze anos de idade e organizou cruzadas para resgatar lugares santos durante o século XIII; Santa Izabel, uma princesa húngara da mesma época; Santa Margarida, italiana penitente e recolhida do mundo externo após perder seu amante e se converter à religião;e São Domingos, de família castelhana e pregador contra os hereges, fundando vários conventos.
Nos dias atuais, a igreja mantém sua função principal, sendo realizadas ali missas. Mas também desperta a curiosidade dos visitantes por guardar os restos mortais da Chica da Silva, que ficam na parte externa. Enfim, um espaço que, embora não seja tão grandioso, vale a pena ser visitado no centro histórico da cidade.
Viajento 