Pontal da Barra Grande

Barra Grande – Senta que lá vem história

O litoral do Piauí tem algumas particularidades bastante interessantes. Dos estados brasileiros banhados pelo mar, ele é o de menor faixa costeira, com apenas 66 km de extensão. Além disso, a capital encontra-se no interior, a cerca de 300 km de distância. Apesar de pequena, a área tem grande potencial turístico e vem crescendo o número de pessoas que visitam suas praias, dunas, rios e lagoas. Uma das minhas paradas foi em Barra Grande, pequeno vilarejo com boa estrutura e muitas opções de hospedagem.

Barco abandonado
Barco abandonado

A localidade é distrito de Cajueiro da Praia, que fica a uns oito quilômetros de distância e é uma das poucas cidades do estado banhadas pelo oceano. Originalmente, a região era ocupada pelos índios tremembés. Com o passar do tempo, vendo que os povos indígenas haviam deixado o local, pescadores que costumavam passar de barco resolveram descer em terra firme e iniciar uma comunidade, que foi crescendo com a chegada de novos imigrantes.

Extensão do Cajueiro Rei
Praia do Cajueiro

A região esteve sob a jurisdição do estado de Ceará, mas no ano de 1880, voltou a pertencer ao Piauí após o governo, durante a Guerra dos Balaios, reivindicar de volta seu território e oferecer em troca dois importantes municípios piauienses que ficavam na divisa entre os estados, no interior. Independência e Príncipe Imperial correspondem, hoje, à região de Crateús e Novo Oriente.

Cajueiro Rei
Cajueiro Rei

O nome da cidade faz referência ao enorme Cajueiro Rei, que eles afirmam ser o maior do mundo e estima-se que tenha mais de duzentos anos. A árvore vem todo de uma semente única, que se ramificou por meio de uma reprodução chamada alporquia de solo. Isso acontece naturalmente quando os galhos tocam o chão, adentram a terra úmida e ganham raízes próprias. O interessante é que ele tem uma boa área para crescer ainda mais.

Praia do Sardim
Praia do Sardim

O desenvolvimento da lavoura, pecuária e pesca; o aumento no número de construções residenciais e comerciais; o grande número de alunos matriculados na escola; e a visita crescente de turistas, entre outros motivos, aumentaram a necessidade de criação de um município. Cajueiro da Praia acabou sendo escolhida como sede na região, com fundação em 1995. Hoje em dia, ainda conta com menos de dez mil habitantes.

Cajueiro da Praia, história igreja
Igreja Sagrado Coração de Jesus

Na parte cultural, destaca-se o artesanato indígena deixado de herança pelos povos originários e produzido até os dias atuais. Também tem grande importância o bumba-meu-boi e o reisado, bem como as práticas religiosas do candomblé. Mas a religião predominante é a católica, com destaque para o festejo na Igreja Sagrado Coração de Jesus, construída pela população local em 1934. Também vem crescendo a preocupação com o meio ambiente e existe ali o Projeto Peixe-Boi Marinho, que conta com um pequeno museu e é um dos maiores santuários desses animais em todo o país.

Lagoa do Mangue
Lagoa do Mangue

Fazem parte da cidade diversos distritos, incluindo Barra Grande. Há poucas décadas atrás, o acesso ao local era bastante precário, sendo necessário chegar de canoa ou gastar muitas horas de carro devido à precariedade das estradas. A diversidade de fauna fazia com que fosse uma boa comunidade de pescadores artesanais, além da agricultura de subsistência. O pequeno fluxo de pessoas nas praias permitia que tartarugas marinhas usassem o território para desovar. Destaca-se também a presença dos cavalos-marinhos, cuja particularidade é que os machos são os responsáveis por carregar os filhotes na barriga e cuidar deles depois de nascidos.

Prática de kitesurfe
Prática de kitesurfe

A construção da estrada e a chegada da energia elétrica mudaram a dinâmica, que passou a ser voltada para o turismo com a chegada de praticantes do kitesurfe. Embora já fosse frequentada por moradores do estado desde a década de 1970, a comunidade só experimentou um maior crescimento a partir de 2005, ano em que foi criada a Pousada BGK, voltada para a prática do esporte. Para se ter uma ideia, nessa época havia por ali cerca de cinco pousadas e, atualmente, o número de hospedagens já passa de cem, entre diversos tipos de estabelecimentos.

Ruas de areia e becos
Ruas de areia e becos

O grande desafio agora é fazer planejar um crescimento sustentável, sendo necessário aprimorar a distribuição de água, o fornecimento de energia e o acesso à saúde, além de integrar melhor a cadeia e produção, comércio e serviços. Quando eu estive por lá, estavam testando o fechamento de algumas ruas para a circulação de carros, por exemplo. Eu fiquei bastante satisfeito já que, além das incontestáveis belezas naturais, Barra Grande oferece conforto e variadas opções gastronômicas.

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