Os principais atrativos de Congonhas se concentram em uma área facilmente percorrida a pé, o que permite conhecer tudo em um mesmo dia. Por isso, muitas pessoas fazem apenas um bate e volta a partir da capital mineira ou uma das cidades históricas da região, mas eu resolvi me hospedar por lá durante um fim de semana para passear com mais calma. Escolhi ficar no Pousada Circuito dos Inconfidentes, que fica a uma distância tranquila e oferece boa estrutura.

O mais procurado é o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, construído a partir de 1757 por um português que veio para a região no ciclo do ouro. Após ter como graça alcançada a cura de uma grave doença, se dedicou a erguer o templo. O local logo se tornou destino de peregrinação de muitos fiéis, que faziam a viagem principalmente no mês de setembro, quando acontecem os festejos do jubileu. Infelizmente, o imigrante não chegou a ver a igreja totalmente concluída, já que as obras levaram cerca de cem anos.

Embora o maior destaque sejam as esculturas dos doze profetas feitas em pedra sabão por Aleijadinho, distribuídas simetricamente pela escadaria na entrada, o interior também impressiona com a arquitetura e pinturas em estilo rococó mineiro. Os quatro relicários do altar são considerados as últimas obras esculpidas em madeira por Aleijadinho e se destacam pela cor dourada das lâminas de ouro trabalhadas por Mestre Ataíde.

O projeto do conjunto arquitetônico pode ter sido inspirado em um santuário de Braga, em Portugal, com o qual guarda algumas semelhanças. Isso fica evidente nas capelas distribuídas ao longo do jardim à frente da igreja, na subida do morro que dá acesso à entrada principal. A diferença está no número, já que lá são dezessete capelas, enquanto em Congonhas foram erguidas seis. Em seus interiores, são narrados os Passos da Paixão por meio de 64 esculturas de madeira.

Como se encontra no alto, essa área tem alguns mirantes com uma bela vista da cidade e das montanhas ao fundo. Vale a pena passar um tempinho ali curtindo a paisagem e aproveitar o tempo para descansar, fazer um lanche rápido e até mesmo curtir o pôr-do-sol mais tarde.

Falando em comida, o Restaurante Casa da Ladeira funciona em um casarão colonial praticamente ao lado do santuário com sistema de buffet, em que você paga uma taxa e se serve à vontade. Eu achei o preço aceitável e a comida no fogão à lenha é bem gostosa. Vale muito a pena para quem gosta da tradicional gastronomia mineira.

Aqueles que quiserem mais informações sobre a história e as obras presentes no santuário não podem deixar de visitar o Museu de Congonhas, que conta com um belo acervo de objetos, documentos e textos explicativos relativos à vida religiosa, criação artística e detalhes estéticos que passam despercebidos pelos visitantes. Ali também fica o Santíssimo Bistrô, que tem boas opções de cafés, quitandas tipicamente mineiras, cervejas e refeições.

O Centro Cultural da Romaria fica na mesma rua e se destaca como um grande espaço para a realização de eventos culturais, como festas e apresentações artísticas. Mas mesmo sem nada programado para o dia, vale a pena entrar lá para ver as exposições dos museus de mineralogia e memória. Além disso, a construção tem seu valor histórico, já que servia como pousada para os fiéis que visitavam a região.

Falando nisso, aproveitei que tinha algumas horas sobrando por ter me hospedado por uns dias na cidade e andei por ruas aleatórias, tudo ali perto dos pontos turísticos mais procurados. Destaco as diversas construções históricas, algumas bem conservadas e com as fachadas coloridas, outras mais abandonadas e com a pintura descascando, o que também tem sua beleza.

Em muitas delas, por ser uma área muito turística, funcionam lojas que comercializam o artesanato local, incluindo muitas lembrancinhas, decorações de casa, mantas e panos de prato tricotados, peças em ferro, utensílios de pedra sabão e, claro, objetos voltados para a religião.

Embora seja menos procurado, vale a pena conferir a exposição gratuita do Museu da Imagem e Memória, que também funciona em um belo casarão colonial. O foco é na história da cidade, com fotografias, objetos e textos que explicam seu surgimento, nome, emancipação e a vida de alguns moradores que se destacaram na sociedade.

Além disso, aproveitei para passar em outras igrejas já na hora que estava indo embora da cidade, mas estavam todas fechadas e só pude ver pelo lado de fora. A Igreja Matriz de São José Operário fica ali pertinho dos demais atrativos, já a Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos ficam um pouco mais distantes.
“Congonhas, cidade eterna
Singela e pura capital da fé
Floriu no cenário mineiro
e também no estrangeiro,
Onde se glorificou.
A arte é a tua glória,
com os teus profetas apontando o céu
de Minas, conta a história,
és também a glória do Brasil.”
Congonhas – vale a visita…
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Vale muito a visita!
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