Título original: Murder on the Orient Express
Ano: 1934
Autora: Agatha Christie
O meu gosto pelos livros de mistério surgiu quando ainda era novinho. Eram casos de detetive que pareciam impossíveis de serem solucionados, prendendo a atenção a ponto de não conseguir parar até chegar ao fim da leitura, quando descobria, finalmente, quem era o assassino. Destacavam-se os livros da autora que ficou conhecida como a dama do crime – uma das mais premiadas e bem sucedidas escritoras de ficção do mundo, mantendo até hoje diversos recordes mundiais, com bilhões de cópias vendidas.

Nascida em uma abastada família britânica, Agatha Christie teve alguns trabalhos rejeitados até conseguir publicar o primeiro livro, em 1920. Nessa época, estava casada com seu primeiro marido. Durante as duas primeiras guerras mundiais, trabalhou em hospitais, adquirindo um conhecimento sobre drogas e venenos que usaria em muitas de suas histórias. Depois do divórcio, aumentou a sua vontade de explorar o mundo, incluindo fazer a viagem no lendário Expresso do Oriente. O serviço de trem de longa distância, no seu ápice, ligava Paris à Istambul (chamado Constantinopla à época) e era considerado um dos mais luxuosos do mundo. Desde a inauguração, em 1883, a rota foi alterada diversas vezes por questões políticas e de logísticas.

Decidida a embarcar em uma aventura, ela viajou sozinha no então chamado Simplon-Orient Express, fazendo o trajeto Paris (França) → Istambul (Turquia) → Damasco (Síria) → Bagdá (Iraque). Poucos meses depois, uma tempestade fez com que a locomotiva ficasse parada por seis dias, evento que foi noticiado pela impressa e deve ter chegado ao conhecimento da autora. Em uma segunda viagem, ela foi ao encontro de seu futuro marido num sítio arqueológico na Síria, que trabalhava nas escavações. No trajeto de volta, uma enchente danificou partes dos trilhos, fazendo com que ela mesma ficasse parada por mais de vinte e quatro horas, tempo suficiente para que observasse bem os demais passageiros e vislumbrasse um possível enredo. Uma carta destinada ao marido descreve vários dos companheiros de viagem que serviriam de inspiração para a obra.
Mas não foram apenas os eventos na vida da autora que inspiraram a obra. Em 1932, foi sequestrado e assassinado o filho do aviador americano Charles Lindbergh, que ficou famoso por fazer sozinho a travessia transatlântica entre Nova York e Paris em um monomotor. A repercussão do crime foi grande e Agatha Christie usou diversos de seus elementos na história, citando o sumiço do primogênito no berço, a suspeita sobre uma das empregadas da casa, o pagamento do resgate e o fim trágico da história.
O Assassinato no Expresso Oriente conta a história de um crime que acontece durante a noite. Com a viagem interrompida por um deslizamento de neve na Croácia, entre as cidades de Vinkovci e Brod (então parte do território do antigo país iugoslavo), os planos de fuga do assassino são frustrados. A bordo do trem, o famoso detetive belga Hercule Poirot precisa desvendar o caso antes que a viagem seja retomada e todos desembarquem. Como o crime acontece em um espaço isolado, todos os passageiros, entre os quais encontram-se milionários, aristocratas e empregados, são potenciais suspeitos.

O intrigante enredo foi várias vezes adaptado para outras mídias, incluindo versões para rádio, televisão, teatro, cinema e até mesmo jogos eletrônicos e de tabuleiro, além de uma história em quadrinhos. O filme mais recente foi lançado em 2017, com grande elenco e algumas mudanças na história, chegando a um resultado satisfatório. Embora eu acredite que a leitura seja mais interessante, vale a pena assistir para ver ganhar vida os interessantes personagens e toda aquela situação absurda. Outra opção é embarcar no Venice Simplon-Orient-Express, que faz a viagem Londres → Veneza nos luxuosos vagões originais da linha. O serviço não é voltado para o mero deslocamento, mas como um atrativo turístico com bilhetes a preços elevados, incluindo um jantar refinado.

Agatha Christie era hóspede frequente do Pera Palace Hotel, que fica no destino final da linha de trem da época da escrita do livro – Istambul, na Turquia. Ela sempre dormia no quarto 411 e alega-se que Assassinato no Expresso Oriente tenha sido escrito no local. Ali foram mantidos os antigos móveis originais e um memorial em sua homenagem. No amplo espaço, é possível ver uma biblioteca com seus livros e a réplica da máquina de escrever usada por ela. O restaurante do hotel, especializado na gastronomia turca contemporânea, também leva seu nome, atraindo fãs da autora até os dias atuais.
Sensacional a sua resenha. Trouxe muitas informações legais sobre a autora e escreveu muito bem sobre o livro.
Parabéns.
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Obrigado! Eu adoro esses livros de mistérios, fico empolgado para falar sobre o assunto.
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