Temporada: 1ª
Episódios: 8
Ano: 2020
Elenco: Jonathan Pryce, Rebecca Hall, Christin Park, Daniel Kang, Jane Alexander e Paul Schneider.
Com todos os episódios disponibilizados na Amazon Prime Video, essa série explora acontecimentos fantásticos que marcaram as vidas das pessoas que vivem em uma pequena comunidade onde foi construída uma máquina que desafia as leis da física. Com a estrutura que se aproxima de uma antologia, cada um dos oito contos tem duração de quase uma hora e foi inspirado em uma pintura. As histórias, embora de certa forma independentes, estão conectadas umas às outras, devendo ser assistidas na sequência.
A trama se baseia em Tales from the Loop, livro de arte do sueco Simon Stålenhag. Através de imagens que misturam realidade, máquinas estranhas, edifícios modernos e acontecimentos que desafiam nossos conhecimentos científicos, é mostrado um povoado suburbano onde o governo ordenou a construção do maior acelerador de partículas do mundo, concluído em 1969. Após as pinturas digitais fazerem sucesso na internet, o artista plástico, músico e designer reuniu os trabalhos em um livro para formar uma narrativa de atmosfera única, ao mesmo tempo imediatamente reconhecível e estranhamente alienígena.

Com essa descrição, pode-se pensar que se trata de algo parecido a outras séries e filmes de ficção científica, que geralmente tendem para acontecimentos apocalípticos, mas não espere nada tão perturbador e sombrio como Black Mirror, com seu pessimismo com relação ao futuro da humanidade, ou Stranger Things, com o ataque de criaturas de origem sobrenatural, tampouco Westworld, que pega mais pesado nas reflexões sobre o que é ser humano. De fato, embora retrate acontecimentos fantásticos, a série foca no relacionamento entre as pessoas, na busca pelo amor, no luto da perda de alguém querido, na dinâmica familiar, no sentimento de solidão e outros temas universais tratados com delicadeza e, de certa forma, com uma perspectiva esperançosa.

É justamente na capacidade de criar uma identificação do espectador com os personagens, com o local e até mesmo com as máquinas que Tales from the Loop acerta em cheio. Embora tenha como ponto de partida acontecimentos que extrapolam a nossa realidade, nunca nos sentimos transportados para um mundo desconhecido. Pense em um futurismo rural retrô, com aquele universo funcionando como uma distopia muito próxima e íntima, onde nem tudo precisa ser explicado porque já parece fazer parte das nossas vidas.

A história original se passa em Mälaröarna, na Suécia dos anos 1980, mas foi adaptada na série para a ficcional cidade de Mercer, na área rural do estado americano de Ohio. Ali funciona o Mercer Center for Experimental Physics, uma instituição no subsolo mais conhecida como The Loop, onde cientistas e pesquisadores tentam tornar possível o impossível. A tecnologia futurística acabou criando alguns efeitos colaterais no meio ambiente, como pontos em que a neve flutua para cima, buracos que aparecem inexplicavelmente no solo, artefatos com poderes extraordinários e outras esquisitices.

Embora situada nos Estados Unidos, toda a trama foi filmada na região central do Canadá, que oferece incentivos fiscais atrativos para atrair as produções com o objetivo de diversificar a economia local e criar novos postos de trabalho. No estado de Manitoba, a pequena vila de Morden foi escolhida por possuir edifícios históricos bem preservados com fachadas de tijolinhos, como a velha torre do relógio do Pembina Hills Arts Centre. A Marathon Pizza deu vida à taverna da cidade fictícia. Já o restaurante chinês Lam’s Lucky recebeu uma repaginada para servir como um cinema antigo. Como são mostradas cenas que se passam entre as décadas de 1950 e 1980, os nomes dos filmes podem ser usados como referência dos anos.

A cena que se passa em um cemitério foi gravada na histórica St. Clement’s Anglican Church, construída a partir de 1860 em uma maciça estrutura de pedra, com o estilo neogótico evidente nos arcos pontudos das janelas e na porta, além da coroa da torre do sino, incorporada no século seguinte para substituir a antiga estrutura de madeira. Embora simples, a capela tem belos vitrais e o sino é ainda mais antigo que o edifício, tendo sido transportado por um navio inglês em 1820. Nos campos, estão mais de dez mil túmulos, sendo algumas áreas reservadas para a morada final de crianças e bebês.

Também foram feitas gravações nos arredores de Winnipeg, capital do estado de Manitoba. Algumas cenas se passam à beira do lago que leva o nome da cidade, como o píer do povoado de Matlock – embora a ilha tenha sido adicionada por efeitos especiais. A comunidade, que faz parte da vila de Dunnotar, tem poucos residentes permanentes, mas funciona como um centro de resorts, recebendo um grande número de visitantes nos meses de verão.

A sede do Mercer Center for Experimental Physics – MCEP, em um estilo arquitetônico que parece inspirado nas construções soviéticas da metade do século XX, foi construída temporariamente no Birds Hill Provincial Park. O parque é uma área de proteção de faias e carvalhos típicos da região, mas também oferece diversas opções de recreação como eventos esportivos e culturais, recebendo milhares de visitantes por ano.

Outra grande parte da série foi filmada no estado de Saskatchewan, principalmente nos arredores de Regina, onde fica o Buffalo Pound Provincial Park e parece ter sido erguida a Echo Sphere. As áreas rurais traduzem bem o visual elaborado por Simon Stålenhag, que também serviu como um consultor da série para os novos espaços, objetos e artefatos tecnológicos que foram criados e ainda não existiam em suas pinturas com o objetivo de manter tudo no mesmo universo.

Muitas imagens foram filmadas na cidade de Saskatchewan. Assim como no caso de Morden, a locação foi escolhida pela presença de edifícios antigos em ótimas condições, permitindo contar histórias que se passam em décadas anteriores. Embora a parte estética da série seja um grande destaque, alcançando como resultado imagens maravilhosas, o fato de ter maior enfoque nos anos 1980, mostrar robôs e outros aparelhos tecnológicos, misturar o antigo com o futuro em uma distopia e outros elementos não é o mais importante. Tampouco estão preocupados em explicar como e por que fatos extraordinários acontecem no local. O que importa mesmo é o elemento humano.
É possível que os produtores tenham material para muitos outros episódios, seja com ideais originais ou adaptando outras obras do autor, como a continuação Things from the Flood. Para assistir a essa série e a outras produções próprias e de terceiros, basta assinar o serviço Amazon Prime, que também dá acesso ao streaming de jogos e músicas, à leitura de centenas de livros e revistas e a entregas grátis e/ou expressas de produtos comprados no site por um preço em conta.
Nós amamos muito essa série!
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É ótima, já quero a segunda temporada!
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Nossa, nós também!
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