A visita a mercados é dos passeios que eu gosto de fazer porque sempre há muito o que se descobrir sobre os costumes locais, os alimentos específicos daquela região, as marcas das quais nunca ouvi falar. O Central Market não é um mercadão popular, mas sim uma rede de supermercados com unidades espalhadas pelo Texas que, além dos produtos de alta qualidade, também possui restaurantes, aulas de culinária e serviço de buffet para eventos. Em Houston, o estabelecimento encontra-se na 3815 Westheimer Rd, onde eu cheguei usando o transporte público. Os horários de funcionamento, calendário de eventos e outras informações podem ser acessados na página oficial.

A primeira loja foi aberta em 1994 em Austin e, nos anos seguintes, a cadeia, que faz parte da H-E-B Grocery Company, se expandiu pelo estado. Atualmente, são dez estabelecimentos nas cidades de Austin (2x), Dallas (3x), Fort Worth, Houston, Plano, San Antonio e South Lake. Um dos diferenciais do Central Market é que eles limitam o espaço destinado a produtos embalados, dando preferência para alimentos frescos como frutas e vegetais, carnes e frutos do mar, venda a granel e itens preparados pelos chefs.

Para os industrializados, é dada preferência àqueles que não são encontrados em outros supermercados. As outras sessões seguem a mesma lógica, com ênfase na produção local, importados, orgânicos e marcas gourmet. Diferentemente da maioria dos supermercados, o Central Market é organizado em sessões em sequência, então você acaba passando por todos os espaços – embora você possa cortar caminho em determinados pontos para chegar diretamente onde deseja.

O primeiro deles é o hortifruti, que conta com centenas de frutas e vegetais, incluindo cerca de 150 variedades de orgânicos. Os carregamentos chegam diariamente e são selecionados antes de serem colocados à venda, então tudo o que você vê por lá está fresquinho e é de qualidade. Com relação aos preços, achei muitas coisas mais baratas do que em uma feira orgânica de rua que visitei na cidade e até que os outros supermercados onde fiz compras. Seja como for, você mesmo pesa ou coloca a quantidade de itens e imprime a etiqueta dos seus produtos, podendo decidir levar mais ou menos de acordo com o valor.

Eles também vendem sucos preparados no próprio local com mais de 20 variedades que misturam frutas, vegetais e ervas. Eu fiquei com vontade de comprar porque a minha experiência com esses sucos de caixinha, mesmo os naturais, não tem sido a melhor nos Estados Unidos – acho tudo extremamente doce e tenho que misturar com água para dar conta de beber.

Logo depois veio a sessão de utensílios domésticos, que tem uns produtos lindos e de ótima qualidade. Como eu estou montando casa nova, a minha vontade foi comprar tudo. Só não fiz isso porque me falta dinheiro por causa da reforma e porque pensei no peso da mala. Alguns itens que são muito caros no Brasil, como os produtos da Le Creuset, são muito mais em conta quando comprados fora.

A parte de carnes e frutos do mar, onde passei na sequência, me impressionou pela variedade dos produtos, muitos dos quais é difícil encontrar na cidade onde eu moro – e olha que Belo Horizonte é uma das grandes capitais do Brasil. O serviço é personalizado e bem organizado, com os açougueiros preparados para não apenas atender, mas também orientar os clientes.

A parte de vinhos e cervejas também chamou a atenção pelo tamanho. Ali é possível encontrar safras de todo o mundo, incluindo bem ranqueados vinhos provenientes de pequenas produções no Fine Wine Wall. Obviamente que, quanto melhores, mais caros eles serão. E mesmo as garrafas mais baratas, com o real desvalorizado em relação ao dólar, ficam caras. De qualquer maneira, para quem gosta da bebida e de cervejas artesanais, vale a pena dar uma conferida nas opções.

Outra sessão que possui produções próprias é a de chocolate. O cacau é trazido de fazendas de vários lugares do mundo e usados para fabricar barras e outras guloseimas dentro da loja, aos olhos do cliente. Você tem noção do cheiro delicioso que fica nesse lugar? Pois é. E ainda tem toda uma explicação ali do processo desenhado em quadros bonitinhos, eu gostei.

A parte que mais se assemelha a um supermercado tradicional é a mercearia. O destaque ali são os mais de 500 itens importados e difíceis de encontrar em outros estabelecimentos. Se você está procurando por algum item específico ou quer experimentar algo novo, é bom passar por ali com olhos atentos. Me chamou a atenção a quantidade de azeites de oliva, temperos exóticos e molhos. Também há uma parte dedicada a alimentos sem glúten. Obviamente que, estando nos Estados Unidos, não poderia deixar de haver uma sessão generosa de lanches com pretzels, pipocas, chips de batata e outras coisas do tipo.

A parte de saúde é dedicada a itens de higiene pessoal, bem-estar, prática de exercícios físicos, terapias alternativas e algumas coisas de casa. Fiquei um bom tempo ali cheirando os sabonetes artesanais, sais de banho, incensos, velas e produtos para a pele. O legal é que alguns itens são vendidos a granel, uma prática comum nas mercearias antigas que tem voltado devido à preocupação ecológica de usar menos embalagens.

Isso me agradou bastante pois ainda é raro ver nos grandes supermercados brasileiros. No Central Market tem vários alimentos a granel, principalmente cafés em grão, chás diversos, castanhas e itens não perecíveis. O bom é que você pode pegar exatamente a quantidade que quiser e tudo é cobrado no peso. Depois passei por um corredor bem grande de freezers com comidas congeladas. Pode dar a sensação de que o mercado fugiu um pouco de seu propósito, mas o fato é que ali estão disponíveis vários produtos artesanais, vegetais congelados e alimentos sem glúten. Entre os laticínios se destacam as opções diferenciadas, incluindo os leites de soja, coco ou castanhas.

Como eu comentei acima, visitei o local na semana em que acontecia um festival de pães, então esses itens estavam em destaque na padaria e patisserie. Os produtos são preparados lá mesmo, em uma cozinha aberta onde os clientes podem acompanhar o serviço. Nem preciso dizer que o cheiro é insuportavelmente apetitoso. Outra coisa que eu adorei nesse mercado é que tem vários pontos de degustação, tanto do tipo que você mesmo se serve quanto daqueles em que ficam funcionários apresentando uma marca específica de determinado produto. Entre os alimentos que experimentei estão frutas, vinhos, queijos, geleias, cafés, pães, sushis… sinceramente, dá para chegar lá com fome e sair com a barriga cheia.

Na parte de queijos estão a venda centenas de produtos de vários lugares do mundo, além da mozzarella da casa. Ali também é possível pedir para que seja cortado exatamente o tamanho que você quer levar, o que representa economia na compra. A sessão de delicatessen vende frios, carnes e peixes defumados, presuntos, salames e outros itens que seria difícil encontrar em outros locais. Assim como o açougue, essa parte tem funcionários atrás de um balcão para servir e orientar os clientes.

Já chegando ao final, há uma grande área chamada chef prepared. Ali são vendidos os pratos preparados pelos funcionários, incluindo refeições completas, acompanhamentos, entradas, saladas e outros itens prontos para serem consumidos. Você pode tanto fazer a sua seleção quanto escolher alguma das sugestões do dia. Uma das coisas que eu achei mais interessantes foi o dinner for two, que consiste em um jantar para duas pessoas já pronto e com um preço acessível. O cardápio pode ser acessado na página oficial.

Nesse espaço também funciona o coffee, tea, & smoothie bar, onde são vendidas bebidas quentes e frias para consumo imediato. Por último, o serviço de buffet de eventos conta com entradas, pratos principais e sobremesas diversas e uma equipe para ajudar a criar o menu perfeito. Também é possível comprar flores e arranjos, que podem ser entregues posteriormente.

Além disso, o mercado realiza Passport Festival há alguns anos. Por duas semanas as lojas celebram a cultura, os chefs, as comidas e bebidas de um país. Esse ano o escolhido foi o United Kingdom, que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Ou seja: salmões escoceses, vinhos britânicos, tortas artesanais de carne, fish and chips, sobremesas e queijos, pub crawl, gaita de fole e muito mais. Também são realizadas aulas de culinária e degustações. Eu aproveitei para comprar um pão e uma sobremesa deliciosos. A torta chamava Banoffee Pie e era composta por uma massa de biscoito, bananas caramelizadas, chantilly e chocolate em pó.

Nos dias desse festival, todos os produtos relacionados ao tema escolhido ficam marcados com uma bandeirinha. A loja também recebe uma decoração específica, eu achei bem bacana. Algumas unidades, como é o caso da de Houston, também permitem que você faça compras pela internet e vá buscar tudo pronto e embalado para levar. Também há a possibilidade de mandar entregar em casa, sendo que nas primeiras vezes não será cobrado nada por esse serviço. Deu para perceber que eu fiquei simplesmente apaixonado pelo Central Market, né? Já quero um igual aqui na minha cidade.
Hahahaha… que diferença do Mercado Central aqui de BH. Amei também! Quando viajamos, sempre gostamos de visitar esses tipos de mercado…
CurtirCurtido por 1 pessoa
Apesar do nome, esse é uma loja mesmo. Mais gourmet, né?
CurtirCurtido por 1 pessoa