Título original: Dumplin’
Ano: 2018
Direção: Anne Fletcher
Elenco: Danielle MacDonald, Jennifer Aniston, Odeya Rush, Maddie Baillio, Bex Taylor-Klaus e Luke Benward.
De uns tempos para cá a Netflix tem soltado vários filmes com temática adolescente, geralmente retratando aquela época de desenvolvimento, autoaceitação, primeiros relacionamentos, conflitos na escola e em casa, esse tipo de coisa. Embora não seja o tipo de obra que me desperte imediato interesse (talvez porque eu já tenha passado dessa fase há tanto tempo), confesso que gosto de assistir quando a intenção é me distrair com uma história leve. Sim, chamei todo esse drama de leve porque ele é tratado dessa maneira. É o tipo de filme que eu e meus amigos classificamos como uma “balinha de coco”, ou seja, algo doce e que desce fácil.
O livro Dumplin’, escrito por Julie Murphy, foi publicado nos Estados Unidos em 2015 e alcançou o primeiro lugar na lista de best-sellers do New York Times. A história gira em torno de Willowdean Dickson, uma adolescente bem acima do peso padrão venerado pela sociedade prestes a viver seu primeiro amor, mas que descobre ser mais insegura com relação ao seu próprio corpo do que gostaria de admitir. Além disso, ela tem problemas com os colegas de escola, com sua única amiga e com a mãe, que a cria sozinha.
Eu ainda não li o livro mas, pelo que pude perceber, a história do filme é bem fiel. Confesso que eu sempre gosto de ler a obra original antes de assistir a adaptação, só que dessa vez eu só fiquei sabendo depois. Seja como for, talvez alguém esteja se perguntando por que eu postaria sobre ele aqui em um blog de viagem. A questão é que a história se passa no Texas, que é justamente onde eu estou nesse exato momento. Além disso, são mostrados vários elementos culturais típicos dos Estados Unidos.

Um desses elementos é a música country, especificamente de Dolly Parton, de quem a personagem principal e a sua tia são fãs. Willowdean acaba passando o costume para a sua melhor amiga de infância, além de usar as letras como incentivo para superar as dificuldades que aparecem em sua trajetória. O legal é que a própria Dolly Parton faz parte da produção, tendo composto músicas novas especialmente para a trilha sonora. Eu confesso que já gostava bastante dela, embora não conheça profundamente sua carreira, então o filme já me ganhou um pouco aí. Em uma dessas canções tem até a participação da Jennifer Aniston.

Ironicamente, a personagem da Jennifer Aniston é o oposto da filha: preocupada com as aparências e organizadora de um evento bastante clássica nos Estados Unidos. O beauty pageant é uma competição que avalia atributos físicos, personalidade, inteligência, talento e respostas às perguntas dos jurados. Nem preciso comentar que a beleza é o parâmetro mais importante, sempre levando em conta o padrão da mulher alta, magra, enfim… não é à toa que seja comum que elas desfilem de roupas de banho.

Isso é especialmente complicado para Willowdean, nossa adolescente gordinha que recebeu como apelido carinhoso da mãe o nome de Dumplin’ (ou jiaozi, em mandarim), que dá título ao livro e ao filme. Para quem não sabe, dumpling é aquele aperitivo chinês que é, basicamente, uma troxinha recheada com carne ou vegetais (muito parecido com o gyosa japonês). Eu imagino que seja essa a referência porque a palavra é usada para se referir a pessoas acima do peso mesmo – alguém me fala se eu estiver errado.

O legal é que a história serve justamente para questionar padrões. Não é surpresa que o livro tenha sido escrito por uma mulher, o filme dirigido por uma mulher e a obra toda tenha personagens do sexo feminino com diferentes perspectivas de vida. Para mim, essa é a grande força do filme: questionar com leveza. Sim, há bastante ingenuidade na solução dos problemas… Mas quem não quer assistir um filme inteiro com um sorrisinho no canto do rosto? E também com algumas surpresas, vou ser justo. Evitei falar dos detalhes para não estragar a experiência, seja ao ler o livro ou ver o filme. Mas acredito que deu para entender: eu adorei.
Muito amor! Balinha de coco pura..,
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Esse é uma balinha mesmo!
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