Título Original: Adrift
Ano: 2018
Direção: Baltasar Kormákur
Elenco: Shailene Woodley e Sam Claflin.
Todos os anos o cinema recebe alguns filmes de sobrevivência. Eu mesmo já falei aqui sobre Na Selva, que foi lançado em 2017 e se passa nas inóspitas matas bolivianas. Há outras semelhanças, já que ele também recontava a experiência real de um grupo de viajantes ao ficar perdido e se baseava no livro escrito por um dos sobreviventes. Mas vamos ao filme em questão.

O roteiro é livremente baseado no livro Vidas à deriva, originalmente Red sky in mourning: a true story of love, loss and survival at sea, que conta a história de Tami Oldham Ashcraft e Richard Sharp, dois velejadores.
Em setembro de 1983, depois de velejar por seis meses, os então noivos decidiram dar uma pausa nas viagens de lazer e aceitar o trabalho de levar uma embarcação do Taiti, na Polinésia Francesa, até San Diego, nos Estados Unidos. Com três semanas no mar, o casal foi surpreendido pelo Raymond, por um dos mais devastadores furacões da história. Eles tentaram fugir da tempestade, mas o furacão mudou de direção e finalmente os alcançou, destruindo o barco.

A partir de então o filme segue a desesperada tentativa de sobrevivência em alto-mar em uma embarcação em situação precária, falta de água e alimentos, pressão psicológica intensa e todos os outros problemas que podem surgir em tal situação.
Devo destacar que a parte visual do filme é muito boa, com planos bonitos e bem filmados. Isso já era esperado se levamos em conta a filmografia do diretor, responsável inclusive por outros filmes com a mesma temática, como Sobrevivente (2012), Evereste (2015) e a série Trapped.

Mas, na verdade, nem foi essa parte da sobrevivência que mais me agradou no filme. Apesar da história ser emocionante, trata-se de uma narrativa familiar, já vista em tantos outros filmes. O que me prendeu mesmo foram as cenas em flashback que mostram o casal desde o momento em que se conheceram, explicando por que foram levados a se aventurar sozinhos e depois juntos em viagens pelo mundo, quais eram as suas expectativas e medos… tudo isso é mostrado de uma forma bem orgânica, com diálogos que soam naturais. O resultado é fruto de um roteiro bem escrito, filme bem dirigido e a atuação dos ótimos atores.

Obviamente também não posso deixar de comentar sobre as locações. Apesar de se passar no Taiti, as filmagens aconteceram nas ilhas Fiji e na Nova Zelândia, na Oceania, ao sul do Pacífico. A escolha por Fiji se deu pelas paisagens do arquipélago, com ilhas desertas semelhantes às encontradas no local onde se passa a história e pela proximidade com a Nova Zelândia, o que facilitou o trabalho da produção. Além disso, há um programa de incentivo generoso para as filmagens no local, representando uma economia de 41% no orçamento. Já o Taiti fica muito distante de tudo, o que dificulta a logística de transporte de equipamento e pessoal para um trabalho tão grande.

Se, assim como eu, você ficou com vontade de conhecer os destinos paradisíacos mostrados no filme (mas sem se arriscar sozinho em alto-mar), vale a pena dar uma pesquisada nas opções de hospedagem tanto do Taiti quanto das ilhas Fiji.