Quando eu fiz esse passeio para conhecer Rheinfall, como as quedas são chamadas em alemão, a previsão de tempo era de chuva. Geralmente eu reservo esses dias para visitas a museus ou outros atrativos internos, mas na ocasião não tinha como escapar: o único dia que eu tinha disponível seria esse. Por sorte que eu ainda consegui um tempo bom pela manhã, então fiz o passeio de barco, que sai da outra margem do rio, sem me molhar. Na hora de visitar o Castelo Laufen, já estava chovendo bastante.

O primeiro passo é comprar o ingresso. Se você veio de barco do outro lado do rio, isso pode ser feito no píer. Se você chegou até o local de trem, parando na estação Neuhausen, Schloss Laufen am Rheinfall, você tem que caminhar até a entrada. Como eu estava de carro, parei no estacionamento e passei pela bilheteria principal. O importante aqui é salientar que é preciso manter o ticket consigo durante todo o passeio, já que é necessário passar o código de barra em algumas catracas para ter acesso a todos os espaços.
A parte histórica é retratada em uma breve exposição interna que conta com objetos e textos sobre o castelo e as Cataratas do Reno. O legal dessa parte é que há alguns elementos animados: você passa por uma sala que tem uma mesa de jantar redonda e ela começa a girar, retratos na parede narram fatos, imagens de paisagem possuem elementos animados e outras coisas do tipo. Também há bastante informação nos textos.

A primeira referência ao castelo data do ano de 858, quando servia de residência dos Barões de Laufen. Depois de passar por vários proprietários ao longo dos séculos, foi adquirido pela cidade de Zurique. Os primeiros turistas apareceram na região a partir do século XVI, sendo principalmente imperadores, reis, escritores e pintores que queriam ver com os próprios olhos as belezas naturais das quais tinham ouvido falar. Décadas depois, um grupo de holandeses que visitou a área não estava nem um pouco interessado nas cachoeiras, mas sim no transporte de madeira para construção. A proposta era acabar com as cataratas com explosões controladas, plano que não foi levado adiante devido ao posicionamento contrário da população local, principalmente os pescadores e barqueiros que tiravam dali o seu sustento. Já o século XIX foi marcado pelo desenvolvimento da malha ferroviária e da rede hoteleira. Nessa época, funcionou ali a escola de pintura Bleuler.

Atualmente, o castelo serve como atração turística, restaurante e espaços para eventos. As reformas mais recentes se deram entre 2009 e 2010, quando um projeto para restaurar e expandir as instalações, inclusive com a criação do centro de visitantes e adaptações para garantir a acessibilidade. Ali também funciona o Dachsen am Rheinfall Youth Hostel, um albergue da juventude em pleno castelo medieval. Eu gostaria muito de ter tido tempo para me hospedar nesse hostel e poder explorar mais a região, que possui diversas trilhas. São 92 camas em quartos simples e funcionais, com móveis de madeira que preservam a atmosfera histórica e de estilo rústico do castelo.

Mas o grande atrativo do local é mesmo o Adventure Trail, que é esse caminho visto na foto acima descendo a encosta do morro com vários pontos de vista privilegiados das cachoeiras. O caminho é um pouco limitado para quem tem mobilidade reduzida, já que é composto por diversas escadas de pedra. No mais, não é nada muito cansativo. Principalmente porque a subida pode ser feita pelo elevador panorâmico que leva até o pátio interno do castelo. Mas se você quiser ficar até o fim da tarde por lá, saiba que o elevador para de funcionar em determinado horário.

Durante a descida, é possível parar em diferentes mirantes. Recomendo passar por todos, já que cada um oferece uma visão diferente das Cataratas do Reno. Do que fica logo no começo da trilha, por exemplo, é possível ver a parte de cima das quedas e da Rheinfall-Felsen, a pedra que fica no meio da água e só pode ser acessado através do barco que sai do Schlössi Wörth, na margem oposta.

O melhor, entretanto, é o que fica na parte mais de baixo e adentra um pouco na água. Ali você consegue sentir toda a força da cachoeira de águas claras e agitadas, ouvindo o estrondoso barulho que fazem. Além disso, o espaço é relativamente espaçoso, o que possibilita arrumar um cantinho para tirar suas fotos com tranquilidade. À noite, as cataratas recebem uma iluminação especial. Como estava chovendo e eu ainda queria dar uma passada por Schaffhausen para conhecer o Forte Munot, acabei não ficando até o anoitecer – mais uma vantagem em ter pernoitado no Dachsen Youth Hostel. Fica para a próxima.
Se você estiver hospedado em Zurique, uma boa opção é pegar a excursão às cataratas do rio Reno e não precisar se preocupar com horários de trem e outros detalhes da visita que exigem planejamento prévio.