Dessa última vez que fui a Lima, não cheguei a fazer um passeio pelo centro histórico, que é um dos lugares percorridos no free tour, desses que no final do passeio você dá de gorjeta o quanto quiser para o guia. Mas lembro da minha outra viagem, há anos atrás, que gostei muito de andar por lá. Como eu estava hospedado em Miraflores, peguei um táxi até a Plaza Mayor – não dá para ir a pé porque são quase 10km. A dica para usar esse transporte no país é sempre combinar o valor antes de entrar no veículo, pois eles não usam taxímetro. Para ter uma noção do valor, pergunte antes na recepção da sua hospedagem quanto se costuma pagar pelo trajeto ou então opte pelo metrô.

O ponto de partida para um rolê na região é a Plaza Mayor, local de fundação da cidade de Lima pelo conquistador Francisco Pizarro, em 18 de janeiro de 1535. Durante a era colonial, a praça serviu como mercado, campo para touradas e defesa da cidade. Também foi palco de eventos importantes: ali foram feitos julgamentos da santa inquisição; em 1821, José de San Martín proclamou a independência do Peru no local, ocasião em que a bandeira da república foi exibida em uma marcha em volta da praça; em 1855, o presidente Ramón Castilla inaugurou na Plaza Mayor o primeiro sistema de iluminação pública a gás; ali também foram inaugurados os primeiros bondes da capital.
Atualmente, a praça está muito bem cuidada, com belo jardins e policiamento constante. A fonte que se encontra no centro da praça data de 1651. Boa parte dos prédios em volta da praça possuem essa cor amarela, incluindo a prefeitura, chamada Municipalidad Metropolitana de Lima.

Como era de se esperar, a praça é rodeada por importantes prédios históricos. O Palacio de Gobierno del Perú, também conhecido como Casa de Gobierno ou Casa de Pizarro, ocupa uma lateral inteira da Plaza Mayor. Ao longo de sua história, o edifício sofreu seis terremotos, quatro ataques e três incêndios que destruíram parcial ou totalmente o edifício. Entretanto, manteve a disposição e planta semelhantes às definidas na época da fundação da cidade. Não cheguei a visitar a parte interna, mas acompanhei a troca de guarda que acontece diariamente pouco antes do meio dia. O local é residência oficial do presidente peruano e ali trabalham centenas de pessoas.

Outro destaque é a Basílica Catedral de Lima y Primada del Peru, ou simplesmente Catedral de Lima. A igreja foi construída no local onde se realizava cultos incas. Ao fundar a cidade, Francisco Pizarro destinou o espaço para a igreja e Sinchi Puma, príncipe cusqueño descendente dos incas, teve que renunciar a posse de seus bens. Pizarro colocou ali a pedra fundamental, em 1535, e a construção da igreja dedicada à Nuestra Señora de la Asunción foi inaugurada cinco anos depois. A estrutura atual data do século XVII, mas foi bastante modificada pelas readequações e constantes reformas, necessárias devido aos terremotos frequentes da região. Da fachada, em estilo renascentista, se destacam altas torres. Como na maioria das catedrais, existem três portas: a principal, no centro, se chama Puerta del Perdón; à direita, Puerta de la Epístola; à esquerda, Puerta del Evangelio.

O interior da catedral mostra vários estilos, como o gótico, o barroco e o renascentista. Os restos mortais do fundador da cidade estão em uma das capelas internas. Também se destacam os bancos esculpidos pelo espanhol Pedro Nogueira e os altares folheados a ouro. Ao lado da Catedral estão a Parroquia del Sagrario e a residência do arcebispo e sede administrativa da arquidiocese da cidade, o Palacio Arzobispal de Lima.
Você pode conhecer todos esses atrativos no free tour, cuja reserva é gratuita e você dá uma gorjeta para o guia ao final do passeio de acordo com a sua satisfação e condições financeitas. Como há uma grande área a ser percorrida, eu decidi fazer o aluguel de bicicleta em Lima, já que a capital é bem servida de ciclovias e amplos parques. Outros pontos de interesse bem próximo à Plaza Mayor são a Casa de Aliaga, uma propriedade particular da época colonial construída com material resistente a terremotos e, por isso, a mais antiga do continente; a Casa de la Gastronomía Peruana, que conta com um museu onde é mostrada um pouco da história da culinária no país; e o Convento de Santo Domingo. Não entrei em nenhum desses prédios.

Também bem próximo à praça está a Basílica y Convento de San Francisco de Lima. Concluída em 1774, após sobreviver intacta a alguns terremotos, sofreu muitos danos com o abalo sísmico de 1970. A igreja se destaca pela sua arquitetura, um exemplo do barroco espanhol. Ali fiz uma visita guiada, disponível em espanhol e inglês, que detalha a história do local. Um dos pontos altos é a visita à biblioteca, que conta com cerca de 25.000 textos, alguns precedendo a época da colônia. Há também uma importante coleção de pinturas, incluindo uma Santa Ceia em versão peruana, que inclui iguarias típicas da região, como porquinhos-da-índia, batatas e pimentas.

O grande destaque fica para as catacumbas, descobertas em 1943. Estima-se que 25.000 corpos foram depositados ali, estando atualmente expostos em valas que parecem piscinões de ossos.
Depois desse passeio um tanto sombrio, passei pela Casa O’Higgins, uma casa colonial, e segui a pé até a Plaza San Martín. Inaugurada em 1921, em celebração ao centenário da independência do país, essa praça está rodeada de prédios erguidos no início do século XX, principalmente em estilo Barroco. Quando eu fui estava rolando ali uma manifestação, então as fotos não ficaram boas, mas vale a pena esticar o passeio até lá e observar os grandes casarões brancos.
Que legal! Fui em agosto do ano passado e a viagem ainda tá fresquinha na minha mente.
Parabéns pelo blog, muito bem escrito e fotos lindas. Bjs
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Obrigadooo! Eu fui ano passado… semana que vem começo a postar sobre a viagem desse ano (Suíça).
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