Da parte histórica de La Paz, essa sem dúvida é a região mais charmosa e interessante, já que possui construções do século XVIII bem conservadas. Cinco museus estão concentrados em uma pequena rua: Museo Costrumbrista, Museo del Litoral Boliviano, Museo de Metales Preciosos, Casa de Murillo e Museo de Instrumentos Musicales. Desses, só não fui no último, já que o ingresso não estava incluso no pacote do complexo de museus municipais que adquiri e chega um momento em que o passeio fica cansativo após ver tantos objetos e ler textos e informações históricas. Aliás, já aviso que não tenho registros das exposições já que era proibido tirar fotos.

O ingresso único para visitação pode ser comprado em qualquer um dos quatro museus – fica mais barato adquirir o pacote do que pagar cada museu individualmente. É preciso estar atento ao horário de visitação, que varia entre eles.
Todos esses museus estão concentrados na Calle Jaén, que é histórica por si só. Com calçamento de pedra e casas coloridas, só andar pela sua já é um passeio bem agradável. Além dos museus, estão ali algumas lojas, restaurantes, cafés. A estreita rua fechada para o trânsito de carro era conhecida como Qawra Cancha (Mercado das Lhamas) na época da colônia. Era referência ao comércio de animais praticado no local, principalmente das lhamas, alpacas e vicuñas trazidos de vilarejos próximos pelos indígenas.

O nome atual é uma homenagem a Apolinar Jaén, um patriota nascido em Oruro, em 1776, que trabalhava com o comércio de folhas de coca na região de Yungas. Ali, juntamente com outros moradores da região inconformados com o domínio espanhol, promovia a causa revolucionária e formou um grande exército de rebeldes composto por nativos, escravos e crioulos. Após ser derrotado na batalha de Irupana, foi executado, em 29 de janeiro de 1810.
Localizado na casa onde morou Apolinar Jaén quando estava em La Paz, o Museo de Metales Preciosos contém uma impressionante coleção de objetos pré-colombianos de períodos diversos, incluindo peças com cerca de 3000 anos. Os artigos de ouro, prata e bronze, bem como roupas e cerâmicas pertenceram às culturas Tiwanaku, Aymara, Mollo, Yampara, Wankarani, Urukilla, Inca e Beni. Por motivos de segurança, não é permitido tirar fotos no interior das salas.

Outro mártir da revolução pela independência da Bolívia foi Pedro Domingo Murillo, que residiu nessa rua entre os anos de 1803 e 1809. Construída em estilo colonial no século XVIII, a casa era de José Ramón de Loayza, de quem Murillo foi hóspede e protegido. Ali foi realizada, na noite de 15 de julho de 1809, a última reunião para definir os detalhes da revolta contra a coroa espanhola no dia seguinte.
A propriedade possui um portal de pedra que leva ao pátio interno, em volta do qual estão distribuídos os quartos. Também no pátio está a escada que leva para o segundo andar, onde se tem acesso ao restante dos cômodos.
O museu Casa de Murillo foi inaugurado em 1950 como parte das comemorações do centenário da fundação da cidade de La Paz. Nos anos seguintes, objetos foram acrescentados à coleção, com a preocupação de manter a disposição do período de sua residência no local. Ali estão expostos móveis, tecidos, quadros e objetos que pertenceram à elite da sociedade da época. Os ambientes são divididos por temas, como a sala de estar, quarto de dormir, arte barroca, galeria de arte colonial, oratório, ervas e outros voltados para a história da revolução e independência do país.

O Museo del Litoral Boliviano foi inaugurado no centenário da Guerra do Pacífico, que ocorreu com Peru e Bolívia lutando contra o Chile. Ao final do conflito, o Chile recebeu parte do território dos países derrotados, ricas em recursos naturais e que inclui parte do deserto do Atacama. A Bolívia ficou sem a província de Antogagasta e, consequentemente, perdeu o acesso ao oceano.
A questão do território ainda é muito debatida nos dias de hoje, com muitas pessoas apoiando que o país reconquiste sua faixa de terra no litoral. O tema consta até mesmo na sua atual Constituição, sendo definida como um objetivo nacional boliviano. No museu estão expostos diversos artefatos como mapas antigos, fotografias, armas, bandeiras, uniformes e pinturas.

Já o Museo Constumbrista Juan de Vargas, que fica na esquina das ruas Jaén e Sucre, tem foco nas tradições e antigos artefatos da cidade. Inaugurado em 1979, recebeu o nome do primeiro prefeito de La Paz. Os objetos são divididos em quatro salas contendo máscaras, chola paceña (as vestimentas tradicionais das mulheres que vemos pelas ruas), miniaturas e exposição temporária. Além dos elementos históricos, é interessante observar a arquitetura dos museus.