Para os poucos dias que eu fiquei em La Paz, resolvi me hospedar na parte mais central da cidade, já que ali pelos arredores estavam os principais pontos que eu queria visitar: as praças e a igreja que fazem parte da história local, os museus, etc. É uma região bem baixo centro de cidade grande mesmo, com muita movimentação, sujeira e camelôs nas ruas. Um dos lugares recomendados para se conhecer é o Mercado Lanza, parte de um projeto de revitalização urbana do município. Desde os tempos mais remotos, a troca de produtos e comércio era realizada ali, na fronteira entre os bairros dos indígenas e os bairros dominados pela cultura ocidental e europeia – os dois povos eram divididos pelo rio, hoje encoberto por avenidas.
Com o objetivo de modernizar a cidade, priorizando os serviços públicos e a funcionalidade dos edifícios, foram feitas a canalização do Rio Choqueyapu e a abertura da Avenida Mariscal Santa Cruz no começo do século XX. Os comerciantes locais fizeram vários protestos para não serem retirados do local, resultando na construção do Mercado Lanza Central, inaugurado em 1937. A partir de então, outras estruturas foram anexadas para incluir o comércio de flores, praça de alimentação e livrarias.

Em fevereiro de 2002, uma intensa tempestade de granizo provocou inundações e muitos estragos no centro de La Paz, deixando um saldo de 70 mortos e 50 desaparecidos. Depois disso, surgiu a necessidade de reformar e modernizar o espaço público, incluindo a reconstrução do mercado. A nova estrutura foi construída em dois anos, sendo inaugurada em 2010.
É fácil achar o Mercado Lanza, que fica na Plaza Mayor ou Plaza San Francisco, mas possui entradas de todos os lados. O prédio seria bonito, se não fosse feio, sabe como? Parece um grande estacionamento para carros adaptado para lojas, principalmente pelas rampas que são percorridas para subir e descer de um andar para o outro.

Eu gosto de ir em mercados municipais porque geralmente é um lugar frequentado pela população local, então você acaba conhecendo um pouco mais da cidade. O Mercado Lanza, embora receba a visita de turistas, é bem voltado para os bolivianos mesmo. Ali se encontra de tudo, parece mesmo um camelô coberto. Tem lojas de brinquedos, chip de celular, floricultura, livrarias e muitos produtos locais.
Assim como nas barraquinhas que ficam nas ruas, a comida fica bem exposta. Como se pode ver nas fotos, não tem nem um plástico em cima dos alimentos para proteger de poeira ou moscas. Não sei se é frescura minha, mas eu não quis comer nada por lá, embora eu tenha lido muitas opiniões na internet de que se acha coisas bem gostosas e tipicamente bolivianas no mercado. Gostosas ou não, preferi não arriscar a ter uma infecção intestinal no meio da minha viagem.

Eu fiquei um pouco chocado com essas pururucas gigantes. Vendo essa foto agora, reparei naqueles potes de iogurte na prateleira e estou pensando se isso não deveria ficar refrigerado… enfim. Como eu disse, muitos costumes locais e produtos fora do comum para nós estrangeiros podem ser encontrados aqui.
Esse é um dos pontos de visita do walking tour, naquele estilo que é feito por um guia local e você paga uma gorjeta no final. Aliás, eu sempre esbarrava com algum desses grupos andando pelo centro da cidade. Seja guiado ou por conta própria, é um passeio interessante.

Depois de sair do mercado, recomendo atravessar a passarela que corta a Avenida Pérez Velasco (de onde se tem uma vista ampla da cidade) e subir a ladeira da Calle Pichincha. Esse primeiro quarteirão da rua é para passagem de pedestres, então já dá aquela quebrada no clima de centro de cidade, mesmo que ainda tenha lojas como óticas, joalherias e coisas do tipo.
Recomendo ir subindo e reparando na arquitetura das casas, todas coladinhas umas nas outras. Essa rua tem apenas seis quadras, então pode ser facilmente percorrida do começo ao fim. Lá na frente, na foto abaixo, dá para ver que tem uma igreja com a fachada em pedra que é bonita.

Dali você pode ir dando umas voltas sem rumo, já que a região toda é como se fosse um centro histórico com sua arquitetura antiga. Mas também dá para definir um próximo ponto de interesse, pois há vários museus, igrejas e restaurantes nessa região.