Naturalmente, os turistas que vão para Morro de São Paulo estão interessados nas praias de águas claras e passeios pela natureza da ilha. Mas é interessante conhecer a história local devido à sua importância no tempo em que o Brasil foi invadido conquistado por Portugal.
Em 1531, a ilha, habitada pelos indígenas Aimorés e Guerés, teria sido descoberta pelo navegador português Martin Afonso de Souza. Três anos depois, o então rei de Portugal, Dom João III, dividiu o litoral baiano em três capitanias e distribuiu as propriedades. Em 29 de julho, dia de São Paulo, o tenente Francisco Romero determinou que o local onde hoje se encontra Morro de São Paulo seria a sede da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, fazendo surgir ali um povoado europeu. A escolha do local foi influenciada pela sua localização estratégica, fora do continente, evitando conflitos com os índios.
A sede logo foi trocada para outro lugar, mas Morro de São Paulo continuou sendo um ponto estratégico para a defesa da colônia, já que protegia a Baía de Todos os Santos. As águas dessa região eram utilizadas para o escoamento da produção e abastecimento de Salvador. Em 1628, a ilha foi invadida e saqueada pelo almirante holandês Pieter Pieterzoon Hiyn. Dois anos depois, iniciou-se a construção da Fortaleza do Tapirandu.

O Forte Velho ou Forte da Conceição foi erguido por ordem do governador Diogo Luís de Oliveira a partir de 1630. Para chegar às ruínas (a construção feita de pedras e óleo de baleia não está nos seus melhores dias), basta pegar o caminho que contorna a vila saindo do porto. Aliás, o pórtico de entrada do forte é atravessado por todos que chegam em Morro de São Paulo de barco. As obras desse pórtico, do Novo Forte da Ponta e outras estruturas que formam a Fortaleza do Tapirandu só foram construídas em 1728 pelo Conde de Sabugosa. O trajeto até o forte em si é uma agradável caminhada em terreno plano com vista para o mar.

Ao longo de sua longa história, o forte passou por destruições causadas pelos vários ataques sofridos por balas de canhão e artilharia. Além disso, sabemos que o tempo, o mar e o vento são grandes responsáveis pela erosão em um local tão exposto à força da natureza. Aliás, uma das belezas do local está justamente na sua integração com a mata próxima e os coqueiros que se erguem no pátio gramado. Além disso, o local é muito procurado pelas pessoas que querem ter uma vista privilegiada do pôr-do-sol, já que ele está voltado para o lado do continente. Algumas pessoas inclusive defendem que esse é o melhor ponto para apreciar o espetáculo. Eu não pude conferir porque no dia que visitei o local o tempo estava nublado e preferi não esperar. Também já li que dali é possível, com alguma ou muita sorte, observar golfinhos no mar. Se estou falando isso você já deve saber: não vi nada.

Ambos os fortes (para chegar ao segundo, basta continuar caminhando pelo litoral até a ponta da ilha) e as suas estruturas que incluem a longa muralha de proteção foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938. A reforma mais recente teve início no ano de 2010 e continua até os dias de hoje. Ou seja, não espere até que ele esteja totalmente renovado porque é um processo demorado. De qualquer maneira, o passeio é bem agradável e belo como está.