Imagino que algumas pessoas achem isso meio mórbido, mas vários cemitérios se tornaram pontos turísticos. Eu, particularmente, adoro e já fui em vários. Gosto de passear entre os túmulos antigos, comparar a simplicidade de alguns com a suntuosidade de outros, apreciar as esculturas, observar como o tempo agiu sobre o material usado em sua estrutura, se há flores novas indicando que aquele é um túmulo visitado, ver em que época viveu a pessoa que está ali enterrada, calcular se morreu jovem e pensar no que poderia ter causado sua morte… doença… guerra… amor não correspondido… enfim, é meio mórbido mesmo. Mas tem seu valor histórico e artístico. Além disso, alguns cemitérios são, como este, são praticamente parques onde se pode passear com calma e em silêncio.

O Cimetière du Père-Lachaise, localizado na 16 Rue du Repos, é maior cemitério de Paris. O terreno foi comprado pela cidade em 1804 e estabelecido como cemitério por Napoleão Bonaparte. O primeiro enterro foi de uma garota de apenas cinco anos, Adélaïde Paillard de Villeneuve, cujo túmulo não existe mais. Como estava distante da cidade, localizado no 20° arrondissement, e não era abençoado pela igreja, poucos funerais foram realizados no primeiro ano – apenas 13. Com o objetivo de atrair a atenção da população, os administradores organizaram a transferência dos restos mortais de Jean de La Fontaine e Molière para lá, com grande fanfarra. A estratégia funcionou, despertando interesse nas famílias de enterrarem seus mortos próximo ao túmulo de pessoas famosas. Em 1830, mais de 33 mil pessoas já descansavam ali. Há, hoje, mais de um milhão, além das cinzas dos cremados.

O cemitério ainda está em operação, mas há uma lista de espera e regras para ocupar uma das raras vagas no local, como ter falecido ou morado na cidade de Paris. Além disso, paga-se uma licença que, se não for renovada, permite a retirada dos restos mortais para a abertura de uma nova vaga. Há lápides simples, monumentos, esculturas e até pequenas capelas dedicadas à memória de uma pessoa ou uma família. Os turistas costumam descer na estação de metrô Gambetta, mais próxima ao túmulo de Oscar Wilde, de onde partem para visitar o restante do cemitério.
Entre os famosos estão também Frédéric Chopin, Auguste Comte, Allan Kardec, Georges Meliés, Édith Piaf e vários artistas e personalidades francesas. O cemitério inclusive assume a sua condição de ponto turístico, com um display que mostra a localização do túmulo das pessoas mais relevantes enterradas no local. O mapa também está à venda caso você queria levar consigo – eu acho bobagem comprar, já que dá para tirar uma foto do display com o celular. Também já a alternativa de fazer o Tour pelo cemitério Père Lachaise, um passeio de duas horas com informações históricas sobre o local, visita aos túmulos mais famosos e lendas e mistérios. No mais, vá e divirta-se. Ou melhor, contemple educadamente.