O Buffet Bhagwan funciona na Rua Conselheiro Lafaiette, 771 – Bairro Sagrada Família há alguns anos e, como é próximo da minha casa, já fui lá várias vezes. Trata-se de um restaurante indiano, cuja culinária tem um sabor bastante específico e, por isso, é facilmente reconhecida. Esse empreendimento familiar é comandado pelo chef indiano Bhagwan Sinh.
Ambiente ★★★★☆

O Bhagwan funciona em um espaço que era, claramente, uma antiga casa do bairro. Aliás, se você estiver passando por lá, é bem possível que não note a sua presença. Parece ser apenas uma casinha pintada de vermelho em uma das ruas mais movimentadas do bairro, sem nada chamativo ou imponente em sua fachada. O interior também é super simples, mas é cheio de quadros, esculturas e objetos que remetem à cultura indiana, paredes coloridas e música ambiente, em volume agradável. Eu, particularmente, gosto muito dessa simplicidade – me parece bastante autêntico.

No começo, o restaurante era ainda mais humilde, apenas uma casa onde resolveram abrir um negócio sem grandes investimentos na estrutura. Como já fui várias vezes e em diferentes épocas, percebi que, ao longo dos anos, várias melhoras foram realizadas. Eles já ampliaram e deixaram mais aberto o espaço para as mesas, mudaram as janelas e reformaram os banheiros, por exemplo. Mas, ao mesmo tempo, me parece que sempre que vou lá tem algum espaço ainda em readequação – dessa vez era a parte do caixa. Acredito que não seja uma possibilidade para eles fechar o restaurante por uns meses e reabrir com as obras já finalizadas. Isso é bom porque eu nunca vou chegar lá e dar com o lugar fechado, mas é ruim porque fica aquela sensação de estar em um local meio inacabado, com cimento à mostra, precisando de um reboco aqui e uma tinta ali… mas olha pro outro lado, está tudo bem, não é nada que incomode profundamente. Um dia eles terminam essas obras e vai ficar tudo lindo.
Serviço ★★★☆☆
Esse não é um restaurante super badalado, desses que você precisa ficar um tempão na fila de espera para conseguir uma mesa. Mas costuma ficar cheio, então é bom pensar em fazer reservas se a intenção é ir com um grupo grande de pessoas no final de semana. Quando cheguei com um grupo de sete amigos para o almoço de domingo, não tivemos dificuldade para conseguir mesa, mas pouco depois já estava bem cheio.
O atendimento dos garçons é adequado e rápido, mas nada extraordinário. Como se trata de uma comida diferente, acho que deveria ter uma disposição maior em perguntar se o cliente já conhece a casa, se tem alguma dúvida com relação aos pratos, esse tipo de conversa por iniciativa deles. Mas, talvez pelo fato de eles serem todos indianos e não dominarem totalmente o português, eles não dão muito papo. São muito simpáticos, mas sinto falta de uma preocupação em deixar o cliente totalmente satisfeito.
Preço ★★★★★

Às vezes eu vou no Buffet Bhagwan só pra comer as entradas, que eu acho uma delícia e, dividindo com uma ou mais pessoas, fica muito barato e dá para comer bastante. Os pratos principais também tem preços muito bons, principalmente se levarmos em conta que é possível dividir para duas pessoas (pedindo uma carne + arroz). Dessa última vez fomos sete pessoas e dividimos alguns pães e samosas de entrada, três pratos principais e duas porções de arroz, cada um pediu dois sucos ou cerveja e, dividindo a conta, deu cerca de 42 reais para cada. Não pedimos sobremesa porque já estávamos bem satisfeitos. Mas, mesmo que tivéssemos pedido uma sobremesa para cada, não passaria de 60 reais por pessoa – o que eu considero barato para um almoço com entrada, prato principal, sobremesa e bebidas em um restaurante de culinária tão específica.
Comida ★★★★★

Não existe a possibilidade de eu ir no Bhagwan e não pedir uma entrada – acho deliciosas. O naan é um pão assado na hora no tandoor, um forno cilíndrico de argila ou metal que mantém altíssimas temperaturas e é utilizado em alguns dos pratos do restaurante. Dessa vez pedimos três naans diferentes: tradicional; com alho e manteiga; e pyaaz kulcha, que vem com cebolinha e especiarias. Eles são pães achatados bem finos e grandes e vem em uma cesta, daí você pega e tira os pedaços com a mão mesmo. Eu acho maravilhoso. De outras vezes também já pedi o naan com gergelim. Eu gosto de comer acompanhado os chutneys, que não acompanham os pães, mas podem ser pedidos à parte. Mas, como a gente também pediu samosas, elas já acompanham esses molhos, então nem precisa pedir a mais.

As samosas são pasteis fritos com recheios bem temperados. Dessa vez pedimos duas porções de samosas de frango, com quatro unidades cada. Como eu disse, cada porção de samosa vem acompanhada de um conjuntinho de chutneys, três molhos deliciosos nos sabores de hortelã (refrescante), tamarindo (juro que é gostoso mesmo para mim que não gosto da fruta) e papaia (também chamado com mamão, esse é o mais apimentado dos três). De outras vezes também já pedi a samosa de legumes, que vem recheada de batatas e ervilhas. Sinceramente, não sei dizer qual é mais gostosa.
Outra entrada que eu já pedi foram as hot wings, asinhas de frango fritas e temperadas com especiarias. Também são muito gostosas mas, apesar de ter um tempero específico, é uma entrada mais fácil de encontrar em outros restaurantes ou botecos. Eu prefiro aproveitar a minha ida ao Bhagwan para comer pratos mais raros de se encontrar por aí, como o naan e a samosa.

O Murk Tikka são cubos de frango marinados em iogurte e temperados com especiarias e páprica. Esse prato é preparado no tandoor e vem em uma bandeja de pedra bem quente, acompanhando umas cebolas tostadas <3. Foi o que todo mundo mais gostou.

Também com cubos de frango, o Murg Curry vem no molho de tomate, cebola, curry e especiarias. Também estava bem gostoso e, pelo menos para o meu paladar, não é um prato difícil de comer, apesar dos condimentos. Eu nunca fui na Índia, então não sei se os pratos do Bhagwan são uma versão adaptada para o paladar brasileiro ou se são realmente mais leves do que eu imaginava inicialmente. Acredito que na Índia mesmo os sabores sejam mais intensos, mas fico feliz por aqui ser assim ;).

Cordeiro já é uma carne que nós não estamos tão habituados a comer no dia a dia, então eu acho o sabor um pouco mais forte. O Roghan Josh vem com pedaços de carneiro desossado cozido em molho de cardomomo, pimenta, canela, coentro, alho, cebola e tomate. Bem gostoso também.

Os pratos principais não vem com acompanhamento, então é interessante pedir um arroz à parte – principalmente se for dividir com outra pessoa. Nós pedimos esse Kesari Pullao, que é o arroz com açafrão, bem laranjado e cheiroso, e uma porção de arroz branco. Como as carnes já vem bem temperadas, eu acho que o arroz tradicional é interessante. Mas esse com açafrão é delícia também.

Ainda seguindo a ideia das entradas, gosto de pedir as bebidas que não encontro em qualquer restaurante. Geralmente eu peço um Sherbet, refresco docinho e suave de rosas. Já tinha experimentado antes e dessa vez também peguei um Lassi, bebida típica indiana feita com iogurte natural, que pode ser pedido puro, com maracujá ou morango. Dessa vez fui no de maracujá. Não são bebidas que vão agradar a todos os paladares, mas eu acho bem gostosas.
Dessa vez não pedimos sobremesas, mas eu já provei comi o Mangoo Bengal (manga flambada com sorvete) e o Gulab Jamun (bolinhas de pão ao leite na calda de essência de rosas, servidas com sorvete). Ambas são muito gostosas. Tem um arroz doce preparado à moda indiana que eu ainda vou experimentar um dia desses. E só de ter opções de sobremesa que não incluem petit gateau já é uma puta novidade.
Resumo ★★★★☆
A culinária indiana é bem específica e isso pode ser aproveitado no Buffet Bhagwan, com ótimas opções de entrada, prato principal, sobremesa e bebidas. O preço é ótimo e o ambiente é bem decorado com elementos autênticos da cultura do país. Só falta concluir as obras no espaço físico, revisar a apresentação de alguns elementos (como o cardápio e a página na internet) e melhorar o atendimento. Mas não é nada que comprometa a degustação dos pratos, sempre gostosos.
P.S.: tem outro restaurante indiano da mesma família, basicamente com o mesmo cardápio na Avenida Francisco Sá, 335 – Bairro Prado. Já fui lá duas vezes no Namastê e recomendo também.
adorei! @@
tenho certeza que o sherbet é um tang das índias, haha
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Essa cor vermelha radioativa só pode ser artificial, né non?
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