A parte mais ao Norte do Central Park é, certamente, a mais tranquila do parque. Ela fica bem distante da parte mais turística de Manhattan. Desci na estação 103 St, da linha 6 do metrô, e andei alguns poucos quarteirões até lá. Primeiro você sente que a região da cidade tem outra atmosfera – leia-se: é meio estranha, dando até uma certa insegurança no começo. Não é aquele território já por nós conhecido, seja pessoalmente, seja em filmes e outras mídias. Mas, depois de um tempo, percebe-se que é exagero. Eu achei bem seguro, para falar a verdade.
Dia 4 de julho de 2015. “Era verão. Um sol azul, belo.” LOPES, Leila. Na verdade, mais do que isso, era feriado de comemoração ao dia da independência dos Estados Unidos. Daí foi até engraçado porque tinha vários grupinhos fazendo churrasco no parque, nessa vibe bem farofeira mesmo que a gente conhece e ama. Pelo que percebi, a maioria estava falando em espanhol. Não sei se os hispanos moram na região ou se só frequentam o local, mas o fato é que estava tudo bem descontraído.

Depois de dar uma volta pela região, fui até o Conservatory Garden, que é dividido em três jardins temáticos. O jardim italiano é composto por um grande gramado cercado de árvores com floração branca e rosa e uma fonte central. Estava rolando uma sessão de fotos de uma menina, suas amigas e vários rapazinhos. Tive a impressão de que se tratava de uma quinceañera, que é o correspondente à festa de quinze anos que rola aqui no Brasil. Tudo muito extravagante e brega. Ri um pouco daquilo e depois segui meu passeio. A parte francesa apresenta tulipas na primavera, crisântemos no outono e outras flores. No centro está a fonte Three Dancing Maidens, do escultor alemão Walter Schott, mostrada na foto. Infelizmente nessa parte não tinha nenhum evento social, seja churrasquinho de gato ou foto de debutante rolando, então só dei uma volta mesmo. O terceiro e último jardim é o inglês. Esse é menor, mais fechado e íntimo. Possui a sua própria fonte, com escultura feita por Bessie Potter Vonnoh em homenagem ao livro infantil O Jardim Secreto. Bem agradável.

Já quase no fim do parque fica esse mirante que marca o local onde existia uma fortificação militar. Era uma posição estratégica de Manhattan por estar elevada em uma formação rochosa, acima do nível das ruas. Os britânicos construíram aqui um forte, em 1776, para defender invasões vindas do rio Hudson. Durante a guerra de 1812, preocupados com mais uma invasão britânica, os americanos construíram outro forte no mesmo local, que recebeu o nome de Fort Clinton. Ele fazia parte de um sistema de defesa ligado a outros dois fortes, Nutter’s Battery e Fort Fish, conectados por muralhas e ligados a um portal que controlava o acesso às ruas. Apesar da topografia e do forte terem sido mantidos no projeto original do central parque, o que restava das construções desabou no final do século XIX. Em 2014, após algumas restruturações no local, dois canhões que estavam armazenados em outros locais foram trazidos de volta para o Central Park. E o canhão é tudo que se verá do tal forte, então é meio decepcionante – pelo menos pra mim que achei que chegaria lá e teria mais coisas para visitar. Mas vale pela posição mais elevada com vista do parque e da cidade.
Depois disso fui descendo pelo parque em direção ao sul, passando pelo The Ravine, que é outra área bem natural e selvagem do Central Park. Essa região norte não tem tanto atrativos e não é famosa como outras áreas do parque, mas dá um passeio muito bom se você estiver com tempo sobrando na cidade. Eu ainda quero conhecer vários cantinhos do Central Park nas próximas viagens. Mas, com o dólar do jeito que está…