José Oliveira de Almeida, nascido em Mulungu, pequeno vilarejo do sertão pernambucano, chegou a São Paulo em 1963, aos 25 anos de idade. Trabalhou numa fábrica de laticínios, uma metalúrgica, uma fundição, como feirante e numa malharia, chegando a dividir um quarto de pensão com mais oito pessoas. Em 1973, em sociedade com os irmãos, montou a “Casa do Norte Irmãos Almeida”. Um ano depois, abriu o próprio bar na Vila Medeiros, onde servia o caldo de mocotó e vendia produtos típicos como carne seca, farinha de mandioca, rapadura, bolachas e queijos nordestinos. Com um público cada vez maior, foi aberta uma filial em 1979. Somente em 1994 o primeiro empreendimento foi fechado a fim de se dedicar apenas às refeições, encerrando as atividades de empório. Seu Zé Almeida continua a frequentar diariamente o Mocotó, onde atende os clientes, lava pratos, orienta os cozinheiros e cria novas receitas.1

Localizado na Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100 – Vila Medeiros, em São Paulo, o Mocotó não está perto de onde os turistas geralmente se hospedam – fica próximo a Guarulhos. Também não tem um metrô na região, o que dificulta o acesso. Mas, além da indicação de alguns amigos que já foram e amam a comida de lá, o restaurante tem sido bem reconhecido pela mídia especializada.
Ambiente ★★★★☆

O ambiente do Mocotó é bem simples, não é um restaurante cheio de frescuras rebuscado. As paredes são decoradas com poesias e desenhos, páginas de revistas, prêmios e pelos produtos vendidos na área do bar, principalmente bebidas. Senti falta de uma decoração mais nordestina, mas pelo menos tiveram o bom senso de não expor nenhuma obra do Romero Bleeerghritto. A trilha sonora tem um volume adequado e é composta por músicas regionais, como os forrós de Luiz Gonzaga.
Serviço ★★★★★

Muitas pessoas reclamam de ficar 2 horas ou até mais na fila à espera de uma mesa – coisa que não é tão incomum nos restaurantes mais procurados de São Paulo. Mas alguma intervenção divina (ou eu ter chegado na hora em que o restaurante acabava de abrir) fez com que tivesse uma mesa disponível sem nenhuma espera. Eventualmente trocamos pra uma mesa maior, pois chegaram mais dois amigos. Enfim, recomenda-se chegar antes do restaurante abrir ou bem depois da hora do almoço, preferencialmente evitando os finais de semana, quando fica mais cheio. Se não tiver jeito, o negócio é esperar aproveitando os produtos servidos no bar – as caipirinhas são muito boas. Fomos bem atendidos pelos garçons, nenhum dos pedidos demorou e a limpeza, tanto da mesa quando do banheiro, estavam boas. Nenhuma reclamação.
Preço ★★★★☆

Não uma pechincha do tipo vou comer até morrer e não gastar quase nada. Mas também está longe de ser um restaurante com preços abusivos, principalmente se considerarmos que o local é muito procurado e serve comidas e bebidas de qualidade. Algumas porções poderiam ser mais bem servidas, é verdade, mas no fim das contas não ficou caro para ninguém – mesmo com entradas, pratos principais, bebidas e sobremesas. O cardápio e os preços podem ser acessados na página do Mocotó.
Comida ★★★★☆


Como éramos seis pessoas, aproveitamos para pedir várias coisas diferentes para experimentar. De entrada pedimos a ‘Mandioca Chips’, que vem cortada absurdamente fina e bem crocante, diferente do que estamos acostumados a comer. A porção de ‘Dadinhos de Tapioca’ já é um clássico da casa e eu já tinha ouvido falar muito bem, mas tão bem que quando comi não achei assim uma coisa de outro mundo, embora sejam gostosos. Eles são feitos com tapioca e queijo-de-coalho, servidos com molho de pimenta agridoce. Também experimentamos os ‘Torresminhos’ heaven sent alelúia glória a deus e a ‘Linguiça com Cebola-Roxa e Cachaça’ que estava uma delícia. Todos eles poderiam ser mais bem servidos, mas tudo que é bom dura pouco, enfim.

Apesar de ser um restaurante nordestino com comidas típicas, achei tudo bem leve. Como eram várias pessoas, pedimos mais de uma opção e todos dividiram para poder provar de várias coisas. Os pratos principais eu achei muito muito muito gostosos, comi e repeti, mesmo depois de ter beliscado várias entradas e não estar mais com tanta fome. Na foto acima, estão todos misturados.

O ‘Atolado de Vaca’ é uma carne de panela cozida com mandioca, tomatinho, cenoura, cebolinha e azeitona verde. Além dessa opção de carne, também é possível pedir o Atolado com frango ou bode.

O ‘Baião-de-Dois’ é o brasileiríssimo feijão (fradinho) com arroz, incrementado com queijo-de-coalho, linguiça, bacon e carne-seca. Tanto o baião-de-dois quanto o feijão-de-corda vêm acompanhados de purê e farofa do dia. No caso era um purê delicioso de inhame com creme de leite e manteiga e uma farofa de carne-seca.

O ‘Feijão-de-Corda’ é bem molhadinho, preparado com linguiça, bacon, carne-seca e manteiga de garrafa. Mas vem mais coisas misturadas ali no meio, como quiabo (que eu detesto e não peguei) e maxixe.

De sobremesa eu pedi o ‘Sorvete de Rapadura’, que é um sorvete artesanal com melado de cana e pedaços de rapadura e vem com uma calda de catuaba para servir à parte. Eu achei uma delícia. As outras sobremesas não estavam tão gostosas. Eram o ‘Pudim de Tapioca’ com leite de coco e leite condensado, servido com calda de coco queimado e a ‘Ambrosia’ servida com um pedaço de queijo-de-coalho.
Resumo ★★★★☆
Apesar de ser em um local pouco turístico e a possível provável fila de espera, vale a pena conhecer o Mocotó por ter um bom preço, comida muito boa e bom atendimento. Ainda é possível comprar produtos para levar para casa, algumas das receitas da casa estão disponíveis na página do Mocotó.
1 Informações tiradas do texto “O começo de tudo…”, do cardápio do Mocotó.
Não deixe de conhecer. Vale a pena! E se a fila estiver longa, melhor… Aprecie as deliciosa batidas enquanto espera.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Eu adorei as caipirinhas!!
CurtirCurtir