Dizer apenas que a Estátua da Liberdade foi um presente da França para os Estados Unidos é simplificar muito a história. A iniciativa partiu de Édouard de Laboulaye, um pensador político da época, e do escultor Frédéric August Bartholdi. Com a abolição da escravatura e a vitória da União na Guerra Civil de 1865, as ideias de liberdade e democracia de Laboulaye estavam se tornando realidade nos Estados Unidos. Ele acreditava que, ao chamar a atenção para as conquistas americanas, as pessoas da França seriam inspiradas a lutar contra a monarquia opressiva de seu país, que vivia sob o regime de Napoleão III.
Em junho de 1871, o escultor Frédéric Auguste Bartholdi viajou para os Estados Unidos com cartas de apresentação assinadas por Laboulaye. Seu objetivo era se reunir com pessoas influentes para conseguir apoio para o projeto. Nesse período, identificou que a Bedloe’s Island seria o local ideal, pois os barcos que chegavam a Nova York passavam pela ilha. Com o presidente Ulysses S. Grant, conseguiu informações de que não seria difícil obter o espaço para a estátua, visto que a ilha pertencia ao governo dos Estados Unidos. Durante as viagens pelo país, fez também os primeiros desenhos da obra.

Uma das mais significativas figuras da cultura americana era a representação de Liberty, derivada da deusa romana Libertas, adorada principalmente por escravos libertos. A imagem aparecia em moedas e em obras artísticas da época, mas também era associada a revoluções, uma ideia que Laboulaye queria evitar. Por isso, Bartholdi se preocupou em dar à estátua uma aparência pacífica, totalmente vestida com um vestido e uma capa e segurando uma tocha que representava o progresso. Na cabeça, no lugar de um capacete, foi colocada um diadema com sete raios formando uma auréola, uma evocação ao sol, aos sete mares e aos sete continentes. Para a mão esquerda, o artista escolheu a tabula rasa – uma pedra que representa o conceito de lei – com a inscrição JULY IV MDCCLXXVI, data da Declaração da Independência do país. Aos pés da estátua foram colocadas correntes quebradas. Sobre o projeto, Bartholdi afirmou:
As superfícies devem ser amplas e simples, definidas por um desenho arrojado e claro, acentuado nos lugares importantes. O exagero de detalhes ou sua multiplicidade devem ser evitados. Ao exagerar as formas, para torná-las mais visíveis ou enriquecê-las de detalhes, nós destruiríamos as proporções do trabalho. Por fim, o modelo, assim como o projeto, devem ter um caráter resumido, como alguém faria com um desenho rápido. Só é necessário que essa simplicidade seja o produto da vontade e do estudo. Que o artista, concentrando seu conhecimento, encontre a forma e a linha para a maior simplicidade.1
Em setembro de 1875, Laboulaye anunciou publicamente o projeto da estátua, nomeada Liberty Enlightening the World, e a formação de uma união franco-americana para a arrecadação de fundos. Os franceses financiariam a estátua, enquanto o pedestal seria pago pelos americanos. No geral, as reações foram positivas, com o projeto recebendo doações não apenas da elite, mas também de escolas, prefeituras de diversas cidades francesas, aliados políticos, descendentes do contingente francês na guerra da revolução americana e contribuintes que esperavam em retorno o apoio americano na construção do canal do Panamá. Nos Estados Unidos, vários eventos foram realizados para arrecadar dinheiro, mas o processo foi mais difícil que na França. Em 1884, o governador de Nova York, Grover Cleveland, vetou a doação de $50.000 dólares para o projeto. No ano seguinte, o Congresso tomou a mesma atitude com relação à quantia de $100.000 dólares. Com apenas $3.000 dólares no banco, a construção do pedestal foi suspensa. Então Joseph Pulitzer, do jornal New York World, prometeu publicar o nome de qualquer pessoa que contribuísse com o projeto, independente da quantia. O interesse cresceu com o início de publicações e atraiu mais de 120.000 doadores, a maioria dando menos que um dólar. Os trabalhos com o pedestal foram retomados e a Estátua da Liberdade foi inaugurada em 28 de outubro de 1886.
No Tour à Estátua da Liberdade e Ellis Island você pode conhecer bem a história da ilha, que já teve diferentes funções ao longo do tempo, com o passeio guiado em inglês. Também é interessante para quem busca facilidade para comprar os ingressos, se deslocar durante o passeio e ter mais dicas sobre como explorar os espaços visitados.
1 Tradução livre.