Embora Manaus seja um destino muito associado aos passeios pela Floresta Amazônica, sua história complexa representa as diversas fases do Brasil, desde suas origens até os tempos atuais. Muito antes da chegada dos colonizadores, a região foi habitada por povos indígenas, com destaque aos manaós e aos barés. É justamente dessa primeira tribo que vem o nome da cidade. Na língua indígena, a palavra significa mãe dos deuses.

A ocupação europeia teve início a partir de 1542, quando uma expedição espanhola passou no local e batizou o Rio Negro. Mais de um século depois, os portugueses iniciaram a construção de uma fortificação às margens do rio com o objetivo de evitar as invasões estrangeiras na terra, sobretudo de holandeses e espanhóis. Com isso, é convencionado considerar o ano de 1669 como de fundação da cidade. Com a população crescente junto ao Forte de São José da Barra do Rio Negro, missionários católicos resolveram erguer uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, em 1695.

O início do século seguinte foi marcado pelos conflitos entre os colonos portugueses e a população indígena, cujo ápice se deu entre os anos de 1723 e 1728. A tribo resistia à dominação e escravidão, mas as lutas diminuíram pelo poderio dos colonos e casamentos entre militares e manaós. A mistura étnica entre os povos, adicionando aí também os negros africanos, deu origem aos caboclos.

Em 1755, foi criada uma capitania posteriormente transferida para a confluência dos Rios Negro e Solimões, onde ficava o povoado chamado Lugar da Barra. Em 1832, a comunidade subiu de categoria e passou a ser uma vila. Nessa década, um movimento político contra o império percorreu todos os povoados em busca de adeptos revolucionários, integrando as populações circunvizinhas no que se transformaria no estado. A localidade passou à condição de cidade em 1848, ganhando o nome definitivo em 1856, com homenagem à nação indígena dos manaós. Décadas depois, em 1889, seria proclamada a República Federativa do Brasil. A província passou a ser o estado do Amazonas, com Manaus como sua capital.

No campo econômico, um grande avanço aconteceu durante o ciclo da borracha, com ápice entre as décadas de 1880 a 1910. A extração do látex da seringueira foi impulsionada pela revolução industrial europeia, que aumentou significativamente a demanda pela matéria-prima e atraiu investimentos de todas as partes do mundo. Nessa época, a cidade recebeu imigrantes de estados do nordeste, que passava por uma intensa seca. Também vieram portugueses, ingleses, franceses, italianos e outros estrangeiros, incluindo de outros países das Américas.

O governo estadual, a partir de 1892, trouxe muitas transformações à cidade, que ganhou serviços de transporte coletivo por bondes elétricos, telefonia, energia elétrica, água encanada, pavimentação de ruas, readequação das praças, novas hospedagens, estabelecimentos bancários e um porto flutuante. Muitos dos seus monumentos arquitetônicos visitados atualmente no centro histórico datam dessa época, como o famoso Teatro Amazonas.

O teatro, inaugurado em 1896 para satisfazer os anseios da elite local por um espaço cultural aos moldes das capitais europeias, fica no Largo de São Sebastião. O piso da praça mostra ondas brancas e pretas, uma referência ao encontro do rios Negro e Solimões, cujas águas correm próximas sem se misturarem. O largo leva o nome da Paróquia de São Sebastião, uma das igrejas mais antigas da cidade, datada de 1888.

A partir de 1910, a concorrência da borracha extraída nos mercados asiáticos abalou o mercado e a sociedade manauara. Apesar disso, a cidade continuou recebendo um número notável de imigrantes, incluindo japoneses, turcos e alemães vindos durante a Primeira Guerra Mundial. A cidade voltou a ocupar um lugar de destaque a partir de 1967, com a implementação da Zona Franca de Manaus e um rápido processo de industrialização. O processo, comandado pelo governo militar, tinha a proposta de ocupar a região, mas trouxe também consequências negativas.

As ocupações irregulares causaram impactos ambientais com a poluição dos rios, perda de biodiversidade e devastação da mata nativa. O crescimento continuou ao longo das décadas seguintes. Em 1991, Manaus ultrapassou a marca de um milhão de habitantes e, apenas 23 anos depois, dobrou esse número. As discussões sobre um desenvolvimento sustentável tem acontecido há bastante tempo, mas se intensificaram nos últimos anos com as consequências do aquecimento global cada vez mais aparentes.

Nas última décadas, a capital amazonense tem se destacado cada vez mais como um destino turístico, tanto pelos atrativos encontrados na área urbana, com arquitetura colonial, gastronomia regional, museus e parques, quanto por ser uma porta de entrada para os passeios pela Floresta Amazônica. Milhões de passageiros chegam à região todos os anos pelo Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, também muito importante para o processamento das mercadorias produzidas no polo industrial.

Mas o transporte também é feito por vias fluviais, tanto na ligação da capital com outras cidades do Amazonas e estados vizinhos quanto recebendo navios de cruzeiro vindos do exterior. Esses últimos costumam chegar entre os meses de outubro a abril, vindos da Europa e dos Estados Unidos. Considerado o maior porto flutuante do mundo, o Porto Público teve sua estrutura planejada pelos ingleses e inaugurada em 1907, quando a cidade vivia o auge do ciclo da borracha.

A forma mais fácil de conhecer os atrativos da área urbana é com um passeio pelo centro histórico, que passa pelos prédios mais emblemáticos e abarca boa parte do desenvolvimento da capital. Ele ainda pode ser complementado com uma volta de lancha rápida pelo rio, que inclui a visita a uma comunidade ribeirinha. O tour do seringal tem um roteiro parecido, mas segue para o Museu do Seringal, que conta a trajetória dos barões da borracha e o consequente desenvolvimento econômico e social da cidade.

Existem muitas outras opções de passeios, muitos deles parecidos com o que é feito durante uma hospedagem na selva. Posso citar como exemplos a Reserva Florestal Adolpho Ducke, onde é possível conhecer as árvores e animais da floresta; e o tour do Rio Negro, que passa por uma comunidade indígena, banho com botos cor-de-rosa e uma praia de água doce.

Outras alternativas para quem quer continuar dormindo no conforto da cidade grande e conhecer os atrativos naturais são fazer um bate e volta com a excursão à Floresta Amazônica; o tour pelos rios Negro e Tarumã com Museu do Seringal; ou a ida até as Ilhas Anavilhanas.

Também é possível contratar passeios mais completos e dormir na selva, como o tour de oito dias pelo Rio Negro, que inclui toda a hospedagem, passeios e alimentação no período. Quem tem menos tempo pode reservar o tour de dois dias pela Floresta Amazônica, com o mesmo tipo de atividades, mas feitas com mais agilidade.

Mas não deixe também de curtir a cidade e toda sua riqueza cultural. Destacam-se as diferentes propostas da culinária, como o resgate da importância dos povos originários no Biatüwi – Casa de Comida Indígena, a valorização dos ingredientes locais do Restaurante Caxiri, as releituras contemporâneas no Restaurante Banzeiro e o instagramável Angatú Café e Confeitaria Regional, entre outros.