Originalmente habitada por índios carijós, essa região passou a ser tomada por bandeirantes em busca de ouro por volta de 1690. Foi a partir daí que foram abertas as rotas da famosa Estrada Real, que ligaram a região de Vila Rica, atualmente conhecida como Ouro Preto, a Paraty, no estado vizinho. Entre os conflitos travados entre os recém-chegados, os forasteiros e os povos originários, destaca-se a Guerra dos Emboabas, entre os anos de 1707 e 1709.

Em 1718, foi criado o arraial do Redondo do lado direito do rio, com devoção a Nossa Senhora d’Ajuda. Com a construção de uma segunda ermida, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em 1734, surgiu oficialmente o arraial das Congonhas do Campo na outra margem, pertencente a Vila Rica. Dessa igreja, destaca-se a portada em pedra sabão atribuída a Aleijadinho, na sua primeira passagem pelo local. O interior tem traços do barroco e do rococó e o vão livre da nave é considerado um dos maiores do país.

O nome da comunidade pode ter vindo da planta congonha, um arbusto medicinal e ornamental bastante comum na região. Em tupi-guarani, a palavra congõi quer dizer “o que sustenta” ou “o que alimenta”. Essa variedade da erva-mate era usada pelos índios, prática que foi adotava pelos jesuítas em forma de chá, sendo consumido ainda nos dias atuais sob forma de mate queimado ou chimarrão. Outra versão diz que é a união de coa (mato) e nhonha (sumido), ou “zona em que o mato desaparece”.

Vindo por volta de 1755 de Portugal atrás das riquezas da região, Feliciano Mendes pouco depois foi acometido por uma grave doença. Com a graça da cura alcançada, cumpriu a promessa feita de erguer o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, adorado no norte de seu país de origem. As obras foram financiadas pela fortuna que adquiriu com a exploração do ouro, além de esmolas que recolhia nas vilas e arraiais do entorno. Feliciano chegou a ver parte igreja erguida, mas as obras duraram cerca de cem anos. O interior é marcado pela arquitetura e pinturas no estilo rococó mineiro e chama a atenção pela riqueza de detalhes e dos materiais.

O ponto mais famoso, entretanto, são as esculturas dos doze profetas feitas por Aleijadinho, na época já sofrendo com avançada doença degenerativa. Essa é considerada a sua obra prima e, por muitos, o ápice da arte barroca nas Américas. Ele e os artesãos de seu ateliê também foram responsáveis por talhar as 66 imagens de madeira que compõem os Passos da Paixão, seis capelas distribuídas no jardim em frente à igreja, que receberia intervenção paisagística de Burle Marx em 1970.

A construção do santuário atraía diversos fieis, principalmente durante os festejos do jubileu. A festa acontece entre os dias 8 e 14 de setembro e é considerada a mais antiga romaria do estado de Minas Gerais. As casas que serviam para acomodar os visitantes estão, hoje, ocupadas por pequenas lojas que vendem o artesanato local – bordados e panos, objetos em pedra sabão, artigos religiosos e peças em ferro, entre outros.

Falando nisso, a exploração do ferro teve início em 1812, quando o geólogo e barão alemão Wilhelm Lugwig von Eschewege instalou ali uma fábrica. O século foi marcado pelo declínio do ciclo do ouro e era preciso investir em outras frentes. Décadas depois, chegaria ao local a ferrovia, alavancando o número de romeiros e peregrinos que visitavam o santuário.

A quantidade de fieis já não era mais comportada na pequena comunidade. Por isso, na década de 1930, foi erguida uma pousada com dezenas de casas ao redor de um grande pátio circular. Depois de passar muito tempo abandonado e ter grande parte de sua estrutura demolida, a construção foi restaurada e passou a abrigar o Centro Cultural da Romaria, com espaços voltados para o fomento da arte e preservação histórica, com exposições sobre mineralogia e memórias, além de um parque ecológico e o teatro municipal.

Até essa época, a comunidade era dividida em duas partes separadas pelo Rio Maranhão – um lado sob jurisdição de Ouro Preto e outra de Queluz de Minas, agora Conselheiro Lafaiete. Primeiro, elas foram unidas com o apoio de figuras religiosas e políticas, em 1923. Depois, foram anexados territórios próximos para aumentar a sua área e a cidade foi emancipada no final de 1938. Em 1948, o nome do município foi reduzido para Congonhas, sem consulta prévia à população. Em 2003, houve uma tentativa de voltar ao original, mas a maior parte da população declarou, através de plebiscito, ser contra nova mudança.

A partir da década de 1940, os principais monumentos da cidade foram tombados em conjunto ou individualmente em esferas municipais, estaduais ou nacionais, incluindo o entorno do santuário, as igrejas, a estação ferroviária e outras construções históricas. Esse reconhecimento é importante para a adoção de medidas que buscam a preservação do patrimônio.

Também têm sido tomadas iniciativas para ampliar as opções culturais da cidade, como a construção do imponente Museu de Congonhas, inaugurado em 2015. Considerado o único museu dentro de um sítio histórico no Brasil, tem foco principal na construção e manutenção dos edifícios e obras do santuário, apresentando informações relevantes sobre sua construção, com detalhes sobre o fazer artístico da época, bem como sua importância social até os dias atuais. Já o Museu da Imagem e Memória foca na história da cidade e suas personalidades.
Congonhas é parte importante da história de nosso estado. Minha segunda naturalidade. Lugar de gente bacana. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👍🏻😀🙏🏻
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Eu amo essas cidades históricas!
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Texto e fotos maravilhosos… Congonhas vale a visita…
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Muito obrigado!!
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Congonhas – Nosso mundo, nosso cantinho!!! 🙏🏻 🥁
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Um cantinho valioso!
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