Eu conheci essa empresa de ônibus quando estava morando no Canadá e queria fazer viagens econômicas, o que inviabilizava comprar passagens de avião e até mesmo alugar um carro. Em algumas ocasiões, quando a distância era muito distante e a viagem longa, eu aproveitava para ir durante a noite e economizava uma diária de hospedagem – quem nunca? Também lembro de ter feito, já nos Estados Unidos, o trajeto entre Nova York e Boston, que dura pouco mais de quatro horas. Mais recentemente, passei alguns meses no Texas e usei bastante o serviço. Os trechos que eu fiz foram de Houston, cidade onde eu fiquei hospedado a maior parte do tempo, para Dallas, San Antonio e Austin.

Todas essas viagens poderiam ter sido feitas de avião. Mas, além da passagem ser mais cara, os aeroportos costumam ficar mais distantes, o que exige que se gaste mais com transporte, é necessário chegar com uma antecedência maior e há sempre o risco de atrasos, bem menos comuns em viagens de ônibus. No fim das contas, algumas viagens de ônibus podem ser inclusive mais rápidas, baratas e confortáveis do que voar. Outra possibilidade seria alugar o carro, mas eu teria que pegar em uma cidade e devolver em outra, já que não iria utilizá-lo durante os passeios, ou ficar com ele por vários dias, sendo ambas as opções elevam bastante o preço. Enfim, fui na alternativa mais prática, de acordo com as minhas necessidades naquele momento.

Muitas vezes, associamos viagens de ônibus com um roteiro mais livre, daqueles em que é possível ir para a rodoviária e comprar uma passagem para partir na mesma hora. A minha dica é evitar fazer isso, já que os preços variam dependendo do dia e também da procura. Se você deixar para adquirir o bilhete na hora, corre o risco de pagar muito mais caro, além de ter menos opções de horários. A duração também muda, já que algumas linhas fazem o trajeto direto, enquanto outras têm paradas pelo caminho e trocas de veículo. Também vi pessoas cheias de mala no terminal sem ter disponibilidade para partir nos próximos dias, quando estava perto de um feriado. Enfim, o melhor é se planejar e fazer a compra com antecedência pela página oficial.

Também é importante estar atento às diferenças de tarifas: econômica, econômica extra e flexível. Uma das diferenças é com relação à possibilidade de remarcação para outro dia, que é cobrada nas duas primeiras opções. A mais cara é, obviamente, a mais completa, permitindo inclusive o cancelamento com devolução integral do valor pago. Eu confesso que preferi economizar e fazer a viagem econômica mesmo, já que não há diferença na qualidade dos assentos nem nada do tipo. Outra vantagem das categorias superiores é a prioridade no embarque, o que é ótimo para quem gosta de sentar em alguma poltrona/área específica ou está com um grupo de pessoas, já que os assentos não são marcados.

Mesmo que você compre online, é necessário chegar com antecedência de meia hora no terminal rodoviário, já que as malas precisam ser pesadas e identificadas em um check-in parecido com o dos aeroportos. Fique atento aos limites de quantidade e peso, pois qualquer extra é cobrado à parte. Eu nunca vi fazerem isso nas rodoviárias brasileiras, onde os passageiros aproveitam para levar praticamente uma mudança. Já na Greyhound, eles levam o negócio a sério e você não tem acesso à área de embarque sem estar com as bagagens devidamente checadas. Itens menores podem ser levados consigo no compartimento superior e, em alguns casos, também passam por inspeção.

Todos os terminais tinham pequenos restaurantes, lojas de conveniência ou máquinas de vendas de autoatendimento. Algumas estações maiores possuem praças de alimentação completas e com várias opções. Eu sempre gosto de comprar alguma bebida e comida para o caminho para não passar sede ou fome, mesmo que a viagem dure apenas algumas horas. Mas recomendo ficar atento ao movimento, já que as pessoas começam a formar fila bem antes da hora do embarque.

Não havia diferença de veículos como convencional, executivo e leito. Nas muitas viagens que eu fiz, a qualidade variava muito pouco. No fim das contas, os ônibus não são nada fantásticos, mas passam longe de ser uma tragédia. Eles são equipados com ar-condicionado, banheiros e poltronas razoavelmente confortáveis. Nada de reclinação total, lanchinhos a bordo, travesseiros e cobertores. O público que usa o serviço é claramente de pessoas com renda baixa ou viajantes economizando no transporte, já que quem tem mais grana acaba indo de avião ou carro próprio/alugado.

As minhas viagens transcorreram como planejado e o máximo que tive de atraso foram poucos minutos. As partidas e chegadas acontecem em terminais próprios da Greyhound e não uma rodoviária compartilhada por diversas empresas como estamos acostumados no Brasil. O bom é que eles ficam bem localizado no centro das cidades, onde também está concentrada a maior parte dos atrativos turísticos. Caso você esteja apenas de passagem, é possível deixar as bagagens guardadas enquanto faz um passeio pela região.