O Musa fica a pouco mais de 20 km do centro histórico de Manaus e funciona em uma extensa área verde da Reserva Florestal Adolpho Ducke, com mais de 10.000 hectares em clima tropical úmido. Os estudos realizados ali há várias décadas podem servir de base para levantamentos da biodiversidade de outras partes da região amazônica. Parte do resultado das pesquisas é mostrado em diversas exposições que enriquecem o passeio, já interessante por proporcionar contato direto com a natureza.
Uma boa forma de conhecer o local é contratando o Tour pelo Jardim Botânico Adolpho Ducke, que tem duração total de quatro horas e inclui o transporte desde a hospedagem, acompanhamento durante a visita, explicações sobre a fauna e flora, trilha pela mata e subida até o topo da torre de observação. Além disso, é feita uma parada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia para descobrir mais dados curiosos sobre um dos lugares com a maior biodiversidade do mundo.

A ideia de criação do museu surgiu como um projeto educativo, onde as coleções expostas fariam parte do ambiente natural. Isso seria um contraponto aos espaços construídos em jardins botânicos pelo mundo que imitam as florestas tropicais com ambientes climatizados, área limitada e sem fungos, mosquitos ou formigas. Aqui, é possível fazer algo totalmente diferente, de forma mais orgânica e completa, mantendo uma grande diversidade de espécies.

O Museu da Amazônia foi fundado em 2009, tendo seu projeto desenvolvido ao longo dos anos até chegar à forma atual por volta de 2018. São diversos com laboratórios, trilhas de visitação e uma torre de observação com 42 metros de altura distribuídos em 100 hectares da reserva florestal. O mapa acima mostra os caminhos que podem ser percorridos por conta própria ou com o acompanhamento de um guia.

Ao todo, sete trilhas que podem ser percorridas. É possível observar que grande parte dos atrativos se encontra próximo à entrada, sendo necessário fazer uma caminhada maior para chegar à torre de observação. Particularmente, eu achei bem tranquilo, pois o trajeto é curto e totalmente plano.

Um detalhe importante é que é necessário usar calçado fechado para o passeio, podendo ser bota ou tênis. Isso porque há várias espécies de bichos circulando livremente pela reserva. Alguns são tão integrados ao ambiente que até olhares experientes têm dificuldade de visualizar. Como ninguém quer esbarrar desprotegido com uma cobra ou coisa do tipo, é exigido que a regra seja seguida por todos.

Além da natureza, uma exposição chamada Amazônia Indígena me impressionou profundamente. São 61 painéis fotográficos de grandes dimensões. As imagens foram feitas ao longo de anos por Renato Soares e retratam a vida e a cultura dos povos originários da região, funcionando como uma denúncia da invasão às suas terras e um manifesto pela defesa de seus direitos.

Eu recomendo reservar de uma a duas horas para o passeio, o que permite fazer o percurso com calma para apreciar a diversidade das árvores e cipós em busca da luz solar, ouvir o canto dos pássaros e outros, sentir o perfume de diferentes resinas, comparar madeiras que variam em cores e densidades, acompanhar o jogo de luzes e sombras, entre outros. No total, são 5 km de caminhadas classificadas como leves e fáceis.

Eu recomendo acessar a página oficial para consultar os dias e horários de funcionamento, além de informações atualizadas importantes. La você descobre, por exemplo, que tem a opção de assistir ao nascer ou pôr-do-sol a partir da torre. Mas, para isso, é necessário fazer um agendamento prévio porque o dia e começa e acaba fora das horas em que o parque está aberto.

Ali também estão listadas as saídas das visitas guiadas, que tornam a experiência bem mais enriquecedora pela quantidade e qualidade das informações passadas sobre as exposições. É possível se aprofundar mais no que é mostrado em diversos setores como o jardim sensorial, serpentário, orquidário, borboletário, aquário, fungário, anfíbios, aracnídeos e outros.

Todos esses ambientes também podem ser percorridos por conta própria, o que é ideal para aqueles que não conseguem se encaixar em um dos horários das visitas guiadas ou preferem andar num ritmo mais livre. Nesse caso, algumas placas indicativas ajudam a entender o que é visto. Não é tão completo, mas dá para se situar e aprender bastante.

Como eu já tinha passado alguns dias hospedado no Dolphin Lodge, com diversos passeios guiados na floresta, não senti necessidade de ter esse acompanhamento no museu. Mas subir na torre de observação me interessou para ver as árvores em diferentes níveis de altura.

Há três plataformas, cada uma comportando cerca de 30 visitantes ao mesmo tempo. À medida que você sobe e para nos pontos intermediários aos 14, 28 e 42 metros de altura, dá para observar as árvores de diferentes ângulos. Obviamente que o objetivo final é chegar até o topo, o que exige um certo esforço porque são 242 degraus. Ali, já se ultrapassa a copa das árvores e da para ter uma vista ampla da região.

Certamente é interessante acompanhar o nascer do dia ali, vendo as cores ganhando forma com a luz do sol, a neblina se desfazendo e os pássaros começando a cantar. O pôr-do-sol também promete ser um espetáculo à parte. Mas eu acabei fazendo esse passeio durante o dia mesmo porque se encaixava melhor na minha programação.

Ainda assim, vale a pena subir para ter uma vista privilegiada. De um lado, você vê uma mata a perder de vista e é nessa hora que percebemos a extensão impressionante da reserva. Do outro, a cidade aparece ao fundo.

Como era uma prioridade para mim, primeiro eu fiz a trilha até a torre e depois voltei para ver as exposições. Em um galpão há objetos, fotografias e textos que mostram a cultura local, com foco em artesanato, alimentação e outras questões.

Eu não esperava encontrar uma área falando de um passado tão longíquo. Na área chamada Passado Presente, podemos conhecer grandes animais que viveram na Amazônia há 115 milhões, 5 milhões e 11 mil anos atrás. Estão ali réplicas dos esqueletos de um amazonsauro de 10 metros de comprimento, uma preguiça gigante com 4 metros de altura e um purussauro, jacaré de 13 metros de comprimento. Também são estudados aspectos geológicos, muito elevadores da história do continente-americano.

Obviamente, também é possível passar por áreas onde exemplares da fauna e flora são mantidos. Não vou entrar em detalhes sobre cada uma delas pois vale a pena investir um tempo da visita para passar em todas as exposições, divididas entre aracnídeos, serpentes, peixes, orquídeas e bromélias, borboletas, fungos, samambaias e anfíbios.

O último lugar que passei foi o lago das vitórias-régias. As plantas receberam esse nome em homenagem à rainha inglesa chamada Vitória. Como é um espaço natural, não espere algo perfeitamente estético. Eu mesmo vi poucas das suas perfumadas flores, que elas florescem durante a noite e duram 48 horas em média. Inicialmente, são brancas, adquirindo tons rosas no segundo dia de vida.

Já de volta à entrada, aproveitei para dar uma olhada nos produtos comercializados na loja do musa. São produtos artesanais como cestos, acessórios, objetos decorativos, garrafas e canecas, pinturas, roupas, livros e outros. Como a região é bastante visitada por estrangeiros, é comum encontrar itens mais caros nesses pontos turísticos.

Recomenda-se levar pelo menos um litro de água por pessoa para consumo durante a caminhada, mas também há bebedouros próximos aos banheiros. Na lanchonete, é possível comprar lanches e bebidas. Eu estava interessado em conhecer o Angatu Café e Confeitaria Regional, que tem uma unidade razoavelmente próxima, então deixei para comer lá.
