Inaugurado em 1896 para satisfazer os anseios da elite local, o Teatro Amazonas ainda impressiona a todos os visitantes com sua imponência, sendo o ponto de partida principal dos passeios pelos centro histórico de Manaus. Mas muitos acabam admirando sua arquitetura apenas pela área externa, onde chamam a atenção a fachada principal, a cúpula e as escadarias.

Ele se encontra no Largo de São Sebastião, onde fica uma igreja de mesmo nome. A praça foi projetada a partir de 1867 e, assim como as construções do entorno, está diretamente ligada ao ciclo da borracha, período em que a economia local se destacou com as exportações do látex para indústrias europeias e americanas. O piso está coberto por pedras de granito português em branco e preto, criando um padrão ondulado em referência ao encontro das águas do Rio Negro e Solimões.

O projeto do teatro foi iniciado em 1883, mas seguiu em um ritmo lento nos primeiros anos e demorou a ser concretizado. A estrutura externa possui estilo renascentista e, junto aos detalhes únicos da cúpula, fez com que o monumento se tornasse um dos mais conhecidos do Brasil. Devido ao sucesso do empreendimento, chegou-se a citar o nome da cidade como a Paris dos Trópicos.

É possível visitar a parte interna como público dos espetáculos de música, teatro, dança e outros, já que o espaço cultural continua em plena atividade. A agenda e outras novidades podem ser acessadas na página oficial. Nos dias que eu passei na cidade não havia nada programado, mas pude fazer o passeio guiado com duração de uma hora.

Assim que entramos, fomos direto ao salão de espetáculos, com capacidade para 701 pessoas divididas entre a plateia comum e três andares de camarotes. Como o ambiente é todo decorado, é importante ter uma pessoa chamando a atenção para cada detalhe e dando as explicações necessárias. Assim como o calçamento da praça, o pano de boca também faz referência aos rios.

A decoração é bastante rica. No centro do teto há um grande lustre de bronze com cristais rodeado por quatro pinturas que representam a música, a dança, a tragédia e a ópera. Nas colunas da plateia, máscaras homenageiam diversos compositores e dramaturgos famosos mundialmente.

Os camarotes eram reservados para as pessoas mais ilustres daquela sociedade em ascensão. Embora tivessem grande prestígio, esses espaços não garantiam os melhores pontos de vista para o palco, que era melhor apreciado pelo público geral. Imagino que muitas dessas pessoas estavam mais preocupadas em reafirmar sua importância que acompanhar as apresentações.

O prédio também possuía um local reservado para os grandes eventos sociais da época. O salão nobre possui características do estilo barroco e é bem luxuoso, com uma pintura no teto batizada de “A glorificação das Bellas Artes da Amazônia”. Ali, um público selecionado se reunia nos intervalos dos espetáculos, além de realizar bailes e outras festividades.

O projeto do Teatro Amazonas está repleto de materiais e obras europeus, com grande presença de trabalhos de artistas estrangeiros, mesmo quando representam temas brasileiros. Um exemplo disso é o quadro “O Guarani”, pintado no final do século XIX, que mostra uma cena em que Peri salva Ceci.

No passeio pelo teatro, também encontram-se exposições com diversas peças que fizeram parte da história da casa, como o mobiliário de um camarim, maquetes de óperas e peças, sapatilhas que fizeram parte do figurino de apresentações de balés e outras. Chamam a atenção as roupas usadas pelos frequentadores, definitivamente nada adequadas ao clima quente da região.

De fato, a representatividade europeia aparece em todos os lugares. As paredes de aço são escocesas. Os lustres, mármores das escadas, estátuas e colunas são italianos. A cúpula do teatro é composta por 36 mil peças de cerâmica esmaltada francesa, embora destaquem as cores da bandeira brasileira. Embora pareça pedante, o conjunto realmente impressiona e deve ser apreciado de todos os ângulos, internos e externos. A visita é muito interessante, tanto pelo visual quanto por conhecer melhor a história do local, então recomendo muito fazer a visita guiada.