Embora Pompeia seja a mais famosa, certamente pelas grandes dimensões de seus monumentos arquitetônicos, eu acabei gostando muito da visita a Ercolano justamente por ser mais compacta, permitindo um passeio menos cansativo. O ingresso é gratuito no primeiro domingo de cada mês e pode ser reservado antecipadamente na página oficial.
Eu não ia passar muito tempo nessa região e queria aproveitar o máximo. Por isso, juntei em um mesmo dia os passeios pelas duas cidades, além da subida ao Monte Vesúvio. Foi bem intenso, mas com um bom planejamento deu para fazer tudo com calma e economizar bastante. Obviamente, isso exigiu pesquisa e organização, mesmo porque eu estava hospedado em Nápoles. Para visitar o Parco Archeologico di Ercolano, a estação de trem mais próxima é a Ercolano Scavi Vesuvio.
Outra opção, bem mais cômoda, é fazer a Excursão a Ercolano, que inclui a retirada nas principais hospedagens e região central de Nápoles. A visita guiada nas ruínas também é interessante porque segue uma ordem mais definida e inclui muitas informações históricas.
Para quem prefere ir por conta própria, mas não abre mão de conhecer mais a fundo as ruínas da cidade e como ela acabou sendo totalmente esquecida, também dá para contratar apenas Visita guiada, com duração média de duas horas. Ainda há a alternativa de seguir o folheto disponibilizado na entrada – eu achei ele bem organizado e completo, mas não substitui a presença de uma pessoa especializada.
Por fim, também é possível buscar uma hospedagem na cidade e aproveitar a região de uma forma mais completa, incluindo passeios em parques e o MAV – Virtual Archaeological Museum, um museu com exposição interativa que recria os ambientes da antiga comunidade com uso de tecnologia. Além disso, dá para fazer as várias trilhas em torno do vulcão, que oferece vistas maravilhosas de toda a região.
Diz a lenda que Ercolano tem esse nome por ter sido fundada por Hércules, quando retornava de um dos seus doze trabalhos. O mais provável, entretanto, é que a comunidade tenha surgido com os oscans, povo que ocupava a parte sul da Itália e teria se estabelecido nessa área há cerca de 8.000 a.C. Posteriormente, foi dominada por outros, até ficar sob o controle do Império Romano.
A cidade era frequentada pelo alta sociedade romana, que aproveitava sua localização privilegiada para passar os meses de verão junto ao mar. Isso pode ser percebido pelo tamanho das casas, a qualidade dos materiais usados na decoração e os jardins com vista do oceano. Também há diversos prédios públicos, o que chama a atenção pelo número reduzido de moradores, estimado em cerca de 4.000.
Ercolano foi construída em uma planície vulcânica entre dois rios, cujas baías formaram portos naturais e seguros. O espaço era dividido em lotes regulares, que passaram a ser planejados a partir da segunda metade do século IV a.C. Muitas propriedades, incluindo um teatro, uma basílica, aquedutos e fontes de água, templos, banhos e espaços para a prática de esportes passaram por renovações e reconstruções, reforçando a importância da cidade. Posteriormente, um forte terremoto fez com que diversas edificações fossem danificadas.
Esse seria o prenúncio da tragédia que aconteceria poucos anos depois. Em 79 d.C., o Monte Vesúvio, considerado ativo ainda nos dias de hoje, teve um grande e devastador evento vulcânico. Após ficar esquecida por séculos, a Ercolano foi redescoberta. As escavações tiveram início em 1738 e continuaram por quase um século com uso da técnica de túneis. Somente em 1828 foram autorizadas as aberturas a céu aberto, que foram interrompidas e continuadas diversas vezes.
Nas últimas décadas, têm-se concentrado na parte do antigo litoral, onde foram encontrados os esqueletos de umas trezentas pessoas, que correram em direção à água para tentar se salvar da erupção. Naquela época, o mar chegava até a borda da cidade e ali foi achado um barco romano com nove metros de comprimento e os restos mortais de um remador e um soldado. A matéria vulcânica acrescentou cerca de 400 metros de terreno, o que faz parecer que a parte construída ficasse longe da praia.
Estima-se que a parte da cidade circundada por muralhas tenha cerca de 20 hectares, embora somente um quarto dessa área esteja visível atualmente. Isso quer dizer que muitos outros prédios importantes e casas ainda se encontram soterradas, alguns deles sendo acessados por túneis não abertos para o público geral . Outros estão localizados até mesmo fora do parque arqueológico.
Eu fiquei bastante impressionado com o bom estado de conservação da cidade, mas é preciso fazer um exercício de imaginação para entender como era seu cotidiano. Complementando as explicações, seja do guia, em áudio ou pelo folheto, algumas áreas têm fotografias e maquetes ajudam a visualizar como era o uso do espaço. Também dá para perceber as diferenças de classes, com áreas sendo reservadas para os trabalhadores enquanto algumas casas ficam em pontos privilegiados e possuem uma estrutura bastante imponente.
Além das diversas casas, templos, termas, banhos, tabernas e outros elementos, também é possível visitar o Antiquarium. Trata-se de um pequeno museu onde ficam os diversos objetos e obras de arte encontrados durante os trabalhos de escavação no parque arqueológico. Percebi que algumas pessoas acabam não entrando no local, mas acho importante para dar mais contexto ao que é visto na área externa.
Depois de passear com calma por todo o Parco Archeologico di Ercolano, eu resolvi comer algo ali nas redondezas antes de seguir passeando, já que estava próximo da hora do almoço. Entre as diversas opções, escolhi o Umami Bakery Bistrot, que tinha um ambiente bastante agradável e alguns produtos com cara apetitosa.
Como eu não queria uma comida muito pesada, pois tinha ainda bastante caminhada pela frente, escolhi comer um sanduíche natural com peito de frango, queijo, alface e tomate no pão integral. Ele veio mais bem servido do que eu estava esperando e fiquei bastante satisfeito. Também bebi um suco natural.
É possível emendar essa visita ao sítio arqueológico com a trilha até a cratera do vulcão, bastando combinar com algum taxista de te levar buscar, pegar um ônibus por conta própria ou até mesmo fazer um passeio guiado. Um bom ponto para fazer isso é a partir da estação de trem, onde se concentram algumas agências de turismo. Também é possível seguir para Pompeia.
Viajento 