Embora seja possível fazer um bate e volta para o Parque Nacional da Serra do Cipó a partir da capital mineira, a viagem acaba tomando boa parte do tempo. Para aproveitar melhor os atrativos, o ideal é se hospedar na vila, o que permite começar os passeios bem cedo e evitar a aglomeração de visitantes que se acumula no decorrer do dia, além de ficar menos cansativo. Da última vez que fiz isso, escolhi dormir na Pousada Fazenda do Engenho, que fica em uma área tranquila, um pouco distante da rua mais movimentada do local.

O parque foi criado em 1984 com o objetivo de preservar toda a sua riqueza natural e engloba os municípios de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro. Localizado na parte sul da Serra do Espinhaço, ele fica aberto durante todo o ano, com exceção de alguns feriados nacionais. Na minha ida mais recente, tanto a entrada quanto o uso do estacionamento estavam liberados, mas havia uma limitação no número de pessoas. Eu até acho isso bastante interessante, tanto em termos de preservação do ambiente quanto para garantir um contato mais íntimo com a natureza.

Entrando ela Portaria das Aves, que é considerada a principal, há uma placa no começo da estrada marca as distâncias para todos os atrativos dessa área. Mas você deve se informar também sobre outras questões, como quais trilhas podem ser feitas de bicicleta e o nível de dificuldade. No caso da Cachoeira Capão dos Palmitos, tem que ir caminhando mesmo, pois são muitas subidas e descidas e trechos com grandes pedras soltas. Por isso mesmo, embora sejam “apenas” cerca de 5 km de caminhada para ida e o mesmo tanto de volta, eu achei ela bem mais cansativa que outras de trajeto mais longo.

Para fazer esse passeio, também vale a pena conferir a previsão do tempo, já que as chuvas podem tornar tanto o trajeto quanto o banho de cachoeira perigoso. O uso de roupas adequadas para trilha e uma boa proteção para sol também são importantes, já que praticamente não tem sombra durante todo o trajeto. As placas indicam o caminho, então não há risco de se perder, mas eu senti falta de mais informações com distâncias e estimativas de tempo. E preste atenção, pois a saída da estrada principal fica a apenas de 200 metros do ponto de partida.

Logo depois se inicia uma subida que, embora não seja tão íngreme, é constante e tem como fator complicador alguns trechos em que há muitas pedras grandes soltas. Além de tornar a caminhada mais lenta e cansativa, é preciso estar com um calçado adequado para ter mais estabilidade e não acabar torcendo os pés.

Pouco depois da metade do caminho, acaba a subida e chega-se a um ponto em que é possível parar e descansar em um banquinho, sob a sombra de uma árvore – mas não muita, já que era o fim da temporada de seca e havia poucas folhas. No dia que eu fiz esse passeio, estava fazendo muito calor e foi importante dar essa parada também para me hidratar. A recomendação é levar pelo menos um litro e meio de água por pessoa.

Cerca de 500 metros depois desse ponto, chega-se a uma bifurcação que é preciso prestar atenção, já que a placa pode passar despercebida. Ali, é preciso pegar o caminho da esquerda, deixando para trás a larga estrada de terra (e pedras) que vinha sendo percorrida desde o início da caminhada.

A partir desse momento, a trilha fica bem mais estreita e tortuosa, mas não chega a ser difícil pois é quase plana na maior parte do tempo. Ao longo de todo esse trajeto, eu não encontrei absolutamente nenhuma outra pessoa. Por um lado isso pode ser bastante positivo, já que significa que vai dar para curtir a cachoeira sem aglomeração de pessoas. Por outro, eu senti falta de cruzar com alguém e poder perguntar quanto tempo faltava para chegar.

Pouco mais de 1 km depois, chegamos à parte superior da queda. Ali tem um ponto interessante de ficar porque se formou uma piscina pequena. Eu dei umas voltas para conhecer, depois peguei o caminho que fica à esquerda para chegar até o destino final.

Chegando lá, entendi que essa cachoeira é menos procurada pela dificuldade de acesso, mas também por ser bem menos imponente. A queda é pequena e o volume de água pouco. Mesmo o poço é raso, o que pode ser interessante para quem não sabe nadar e quer se refrescar. O ponto positivo é que havia pouquíssimas pessoas no local e elas não estavam fazendo barulho, o que permite curtir melhor o local.

Como o passeio vai tomar uma boa parte do dia, também é importante pensar na alimentação – lembrando que não há nenhuma estrutura de banheiros ou pontos de venda de comida além da entrada do parque. Eu gosto de levar lanches rápidos e que possam ser consumidos com facilidade. Geralmente, eu compro coisas como frutas, iogurtes, castanhas, sucos e faço um sanduíche de pão de forma com algum recheio para dar mais sustância. Também é importante reforçar que não deve ser deixado nenhum lixo no caminho. Providencie um saquinho para levar tudo de volta.
No mapa interativo acima é possível ver essa trilha e todos os outros atrativos que eu visitei na Serra do Cipó. Para mais detalhes, basta aproximar com um zoom. Quando fizer o passeio, considere o tempo necessário para fazer o caminho de volta, já que não há nenhuma iluminação em todo o caminho e o parque tem horário para fechar.