Jalapão – Senta que lá vem história

O Parque Estadual do Jalapão foi criado por meio do Decreto nº 1.203, de 12 de janeiro de 2001, com o objetivo de proteger a biodiversidade e os ecossistemas do cerrado tocantinense, além de promover o uso sustentável dos recursos naturais. Ele está localizado no leste do estado do Tocantins, abrangendo parte dos municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins, em uma área de aproximadamente 158 mil hectares.

Natureza exuberante

A criação do parque integrou uma política pública de conservação ambiental em uma região considerada de alta relevância ecológica, com formações de cerrado, campos limpos, veredas e matas de galeria. A unidade de conservação pertence à categoria de parque estadual, o que implica que sua principal finalidade é a preservação da natureza, permitindo apenas atividades de pesquisa científica, educação ambiental, recreação e turismo ecológico, desde que compatíveis com os objetivos da unidade.

Fervedouro do Ceiça

Ao longo dos anos, o Jalapão se consolidou como um destino turístico conhecido por suas paisagens naturais preservadas, como fervedouros, dunas, cachoeiras e formações rochosas, contribuindo também para o fortalecimento de políticas de conservação no estado do Tocantins. A gestão do parque é de responsabilidade do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), órgão estadual encarregado da implementação das diretrizes ambientais e do ordenamento do uso público da unidade.

Estrada de acesso

O crescimento do turismo tem sido um processo gradual, impulsionado por fatores como a valorização dos atrativos naturais, o aumento da visibilidade da região em mídias nacionais e internacionais, e o investimento em infraestrutura básica. O perfil do público é majoritariamente composto por brasileiros, com baixa participação de estrangeiros. A ampliação do turismo na região está relacionada à melhoria no acesso, especialmente com a pavimentação parcial da rodovia TO-247 e outras obras de infraestrutura viária. Além disso, o crescimento da oferta de hospedagens, a profissionalização dos guias locais e a atuação de operadoras especializadas têm contribuído para a consolidação do Jalapão como destino de ecoturismo.

O turismo tem gerado impactos econômicos positivos, com aumento da renda para comunidades locais por meio de atividades como hospedagem, alimentação, transporte, artesanato e serviços de guiamento. Associações e cooperativas comunitárias têm sido incentivadas a participar do setor, contribuindo para a valorização da cultura local e a permanência das populações tradicionais no território.

Limite da área de nado

Por outro lado, o aumento da visitação exigiu a adoção de medidas de controle e ordenamento ambiental. Foram estabelecidos limites diários de acesso a atrativos específicos, obrigatoriedade de guias credenciados e regulamentações para preservar os ecossistemas sensíveis. As ações de fiscalização e educação ambiental são coordenadas pelo Naturatins, com apoio de órgãos estaduais e municipais.

Vida no interior

O crescimento do turismo no Jalapão representa um desafio de conciliar desenvolvimento econômico, conservação ambiental e respeito à população local. A ocupação humana da região remonta a comunidades tradicionais, como os quilombolas e pequenos agricultores, cujas práticas culturais e modos de vida influenciam diretamente a dinâmica territorial. A criação do parque estabeleceu restrições ao uso do solo e incentivou a adoção de práticas sustentáveis, além de fomentar o turismo de base comunitária como alternativa de geração de renda.

Variedade de produtos

Visitando as comunidades quilombolas como Mumbuca e Prata, conhecemos a história do capim-dourado, uma planta do cerrado brasileiro pertencente à espécie Syngonanthus nitens, da família Eriocaulaceae. Seu caule fino e brilhante, com tonalidade naturalmente dourada, que se tornou matéria-prima para a produção de peças artesanais no Jalapão. O uso do capim-dourado na confecção de objetos teve origem com os povos indígenas, que tradicionalmente produziam utensílios e adornos com fibras vegetais. Com o tempo, esse conhecimento foi incorporado pelas comunidades quilombolas, que adaptaram as técnicas e passaram a utilizar o capim-dourado na produção de peças artesanais como bolsas, chapéus, brincos, cestos e biojoias.

Conheça a história

O artesanato com capim-dourado começou a ganhar visibilidade a partir da década de 1990, com o crescimento do turismo na região e a participação de artesãos locais em feiras e eventos nacionais. Essa atividade passou a representar uma importante fonte de renda para as famílias da região, aliando conhecimento tradicional, sustentabilidade e valorização cultural. Em 2004, o governo do Tocantins publicou a Instrução Normativa nº 1 do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), regulamentando a coleta do capim-dourado dentro das áreas de proteção ambiental. A norma estabeleceu o período permitido para a colheita, entre 20 de setembro e 30 de novembro, estipulando critérios para garantir a regeneração da espécie, como a obrigatoriedade de cortar apenas o caule e deixar a base com a roseta intacta.

Capim dourado

A cadeia produtiva do capim-dourado é baseada em práticas artesanais, com técnicas que se mantêm preservadas e transmitidas oralmente entre as gerações. As comunidades locais organizam associações e cooperativas para promover a comercialização das peças e garantir condições justas de trabalho e remuneração aos artesãos. Esse modelo favorece a conservação ambiental, o reconhecimento do patrimônio cultural imaterial e o fortalecimento da economia local.

No mapa interativo acima, estão marcados todos os atrativos que eu visitei no Jalapão. Vale a pena consultá-lo para ter uma noção da distribuição, distâncias e acessos a cada um dos pontos turísticos. Quem vai de passeio guiado não precisa se preocupar com boa parte das pesquisas e planejamentos, já que as agências fecham pacotes completos.

Reservar este passeio

Já para quem vai por conta própria e quer ter total liberdade na programação da viagem, é preciso verificar as hospedagens na região, fazer reservas em atrativos, planejar paradas estratégicas para almoço e aspectos logísticos adicionais. Espero ter ajudado!

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