Embora eu valorize o trabalho dos guias locais, acredito que a melhor forma de visitar Presidente Figueiredo é mesmo por conta própria, pelo menos para o estilo de passeio que eu gosto de fazer. Isso porque assim dá para dedicar mais tempo a cada um dos atrativos e não ter que ir embora daquele lugar que você está achando tão agradável. Além de poder evitar os grupos grandes que viajam juntos e curtir a natureza com mais intimidade. Para isso, o ideal é alugar um carro para fazer a viagem de quase duas horas entre Manaus e Presidente Figueiredo e chegar até os pontos a serem visitados, que ficam bem espalhados pela região.
O mapa interativo acima mostra os pontos que visitei durante a minha estadia de quatro dias. Embora o turismo por lá ainda esteja em desenvolvimento, já é possível encontrar uma boa quantidade de opções de hospedagem entre apartamentos, casas de temporada, albergues e outros. A maioria é bem simples e se encontram na parte central da cidade, mas há também alguns espalhados pelas estradas que dão acesso às trilhas. A entrada desse atrativo fica na estrada AM-240, próximo ao quilômetro 54, entre Presidente Figueiredo e Balbina e é cobrado um valor por veículo e passageiros. Recomendo buscar informações atualizadas na página oficial.

Há alguns anos atrás, era preciso percorrer uma longa trilha para chegar até a cachoeira. A abertura de uma estrada interna facilitou bastante o acesso, sendo possível chegar de carro bem pertinho do destino final. Antes de ir para a queda d’água, passei pelas Piscinas Naturais do Mutum, que se tornaram um dos cartões postais da região após viralizar nas redes sociais. A melhor época do ano para visitar o local é na época da seca, já que o nível da água precisa estar mais baixo para visualizar melhor e até entrar nos grandes buracos formados no leito da corredeira.

Essas piscinas naturais são fechadas no fundo, então não puxam os banhistas para baixo. Ainda assim, é preciso ter cuidado porque elas podem chegar a até sete metros de profundidade. Aproveitei para curtir o banho como se estivesse em uma banheira de hidromassagem. Eu fiz a viagem em agosto e já era possível aproveitar o local, mas apenas alguns dos buracos estavam acessíveis devido à correnteza. A vazão do rio diminuiria mais nos meses seguintes, ficando ainda mais agradável.

De lá, segui uma pequena trilha até a Cachoeira do Mutum. A dica para curtir melhor o local é evitar os fins de semana e feriados, quando a cidade recebe muitos moradores da região, além dos turistas. Quando eu fui, não tinha quase ninguém e pude curtir tranquilamente.

Tem uma corda limitando até onde se pode ir com segurança, pois a correnteza ali é forte. Cachoeira já é um lugar perigoso, se tem um aviso ou barreiras, aí é que se deve tomar mais cuidado. Mas tem uma parte onde é possível tomar banho com tranquilidade, com a água no nível da cintura, ou até mesmo dos joelhos, nos pontos mais rasos.

A cachoeira tem um tom amarelado, bastante comum na região amazônica. A cor é resultado do tanino, composto orgânico liberado pelas raízes, cascas das árvores e folhas. Embora possa parecer estranho para algumas pessoas, a água é bem limpinha e própria para o banho.

A queda possui dez metros de altura e, como o volume de água é intenso, existem relatos de pessoas que se afogaram no local. Ainda assim, dá para contornar pelo cantinho do lado direito, segurando nas cordas, para ir até a parte de trás da cachoeira. Nesse caso, é recomendado fazer a visita com um guia ou se informar com as pessoas que estiverem próximas para evitar acidentes.

Por perto também fica a Cachoeira da Anta, que costuma ter menos visitantes por não ser tão famosa. Ali dá para entrar com mais tranquilidade, pois o fluxo de água é menor. Para chegar até ela, é preciso percorrer uma trilha tranquila com cerca de um quilômetro. É um pouco mais difícil encontrá-la por conta própria, mas nada que um olhar mais atento e um mapa carregado no celular não dê conta.

Nessa cachoeira é mais fácil chegar atrás da queda d’água, onde dá para sentar e dar uma relaxada escutando somente os barulhos da natureza. Eu aproveitei para ficar ali por um bom tempo. Um dos melhores pontos de fazer o passeio com um carro alugado é poder ficar o quanto quiser em cada um dos lugares, visto que os passeios guiados tem horários pré-definidos. Você também fica livre de seguir as decisões do grupo.