Conheça a história de Presidente Figueiredo

Presidente Figueiredo – Senta que lá vem história

Embora a ida para Presidente Figueiredo tenha sido com a intenção de fazer passeios em meio à natureza, com foco em algumas das mais de cem cachoeiras já catalogadas na região, também foi interessante conhecer um pouco da história dessa pequena comunidade na região metropolitana de Manaus. Eu digo pequena, mas a população de quase quarenta mil habitantes faz dela a vigésima mais populosa do estado, de acordo com os dados do início da década de 2020.

Presidente Figueiredo
Presidente Figueiredo

A cidade foi fundada recentemente, em 1981, mas suas origens estão ligadas a assentamentos populacionais datados de 1657, na atual Novo Airão, e 1668, onde hoje fica Manaus. Com o crescimento ao longo dos séculos seguintes, a área foi sendo desmembrada até chegar à configuração mais recente. Seu nome parece ser uma homenagem ao último presidente brasileiro do período da ditadura militar, João Batista de Oliveira Figueiredo. A ideia, de fato, era essa, mas ele recusou a honraria. Daí resgataram a referência a João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, que foi presidente da província amazonense no tempo do império, e puderam adotar a nomenclatura.

Lagoa de Balbina
Lagoa de Balbina

Presidente Figueiredo é ligada à capital amazonense pela BR-174, que segue rumo ao norte até chegar na Venezuela. O acesso às principais quedas d’água é feito por essa rodovia e pela AM-240, conhecida como Estrada de Balbina. Perto da vila de mesmo nome, fica a Usina Hidrelétrica de Balbina, a única no Amazonas. A obra, inaugurada no final da década de 1980, foi bastante criticada, tanto pela baixa geração de energia em relação ao alto custo do empreendimento, quanto por seus impactos ambientais e sociais, com perda de cobertura florestal e deslocamento das famílias tradicionais indígenas com a inundação da área para criação da Represa de Balbina.

Waimiri-Atroari
Waimiri-Atroari

Os Waimiri-Atroari foram vistos, ao longo da história, como um povo guerreiro, que enfrentava e matava aqueles que tentavam entrar em seus territórios. A defesa era feita com arco e flecha, enquanto os invasores usavam armas de fogo e tinham maior número de combatentes. Os conflitos se estenderam por séculos, desde a vinda de exploradores de recursos naturais até o uso de forças repressivas do exército brasileiro nas obras da BR-174. Atualmente, a rodovia é fechada todos os dias na reserva indígena a partir das 18h30, reabrindo às 6h da manhã do dia seguinte. Isso ajuda na preservação, já que ali vivem muitos animais com hábitos noturnos.

Usina Jaroyo
Usina Jaroyo

Outro empreendimento da região é a Usina Jayoro. Ocupando uma grande área voltada para o plantio de cana-de-açúcar e guaranazais, é o único complexo agroindustrial do estado a produzir açúcar, álcool e extrato de guaraná. A empresa garante o trabalho de boa parte da população local e fornece todo o açúcar necessário para a fabricação do concentrado de refrigerantes da fábrica da Coca-Cola instalada na Zona Franca de Manaus, além do extrato de guaraná utilizado na produção do Guaraná Kuat.

Trilha tranquila
Trilha tranquila

Nos últimos anos, a cidade tem despontado como destino de turismo ecológico, possibilitando conciliar o passeio pela Floresta Amazônica com o refrescante banho em diversas cachoeiras, rios e lagos, além de cavernas e grutas. Alguns dos atrativos têm acesso bastante facilitado, valendo a pena alugar um carro e ir por conta própria para economizar dinheiro e ter mais liberdade na programação do roteiro. Também é possível circular usando o serviço de taxistas locais, de motoboys ou contratar pacotes de agências de viagem.

Caverna do Maroaga e Gruta da Judeia
Caverna do Maroaga e Gruta da Judeia

Os pontos mais frequentados são facilmente encontrados, sendo necessário pagar uma taxa para acessar os locais que ficam dentro de propriedades privadas. Outra opção é fazer tudo acompanhado de um guia local, o que é exigido em algumas áreas de preservação ambiental como a Caverna do Maroaga e Gruta da Judeia e pode ser acordado na entrada do atrativo. Eu gosto da ideia de fazer os passeios por conta própria para não ter um horário pré-definido de sair de um lugar que você está curtindo muito. Mas o serviço é interessante para as trilhas longas, que exigem maior esforço físico e podem ainda não estar devidamente demarcadas.

Floresta Amazônica
Floresta Amazônica

A viagem da capital até a cidade é de umas duas horas pela rodovia BR-174, que está em boas condições. Com isso, é possível fazer um bate e volta de um dia. Eu recomendo dormir algumas noites por lá, até mesmo para conseguir visitar um número maior de atrativos, curtir os lugares com mais calma e ir a pontos mais distantes. Eu passei quatro dias em Presidente Figueiredo e achei que valeu muito a pena.

Cachoeira da Iracema
Cachoeira da Iracema

Com o aumento da ida de turistas, a cidade tem melhorado a infraestrutura com novas opções de hospedagem, incluindo hotéis, casas, apartamentos, albergues, chalés e acampamentos. Na região central, um dos mais procurados é o Hostel da Milla. Já quem busca mais contato com a natureza durante a estadia pode optar pela Pousada Paraíso do Calango Azul.

Café Regional da Vivian
Café Regional da Vivian

Também tem aumentado as opções gastronômicas, principalmente voltadas para a comida tradicional nos restaurantes que servem peixes, farinhas e outras iguarias. Também passei nos café regionais, onde o destaque vai para o famoso x-caboquinho, um sanduíche tradicional amazonense recheado de queijo coalho, banana pacovã madura frita e lascas de tucumã, uma fruta de cor intensa e bastante saborosa. Mas também é possível encontrar outras comidas típicas e artesanato local.

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